Investigação

Medicação usada para reduzir os níveis de colesterol pode reduzir a severidade da Covid-19

Num novo estudo, um grupo de investigadores da Escola de Medicina de San Diego, confirmou que aqueles que fazem uso das Estatinas para reduzir os níveis de colesterol, reduzem em 41% o risco de morrer por Covid-19. Os resultados foram publicados no passado dia 15 de julho no PLOS ONE.

As estatinas são comumente usadas para reduzir os níveis de colesterol no sangue, bloqueando enzimas hepáticas responsáveis pela produção do colesterol.

"No início da pandemia, houve muita especulação em torno de certos medicamentos que afetam o recetor ACE2 do corpo, incluindo Estatinas, no sentido de perceber se estes poderiam influenciar o risco da Covid-19", disse Lori Daniels, autora principal do estudo, professora e diretora da Unidade de Cuidados Intensivos Cardiovasculares da UC San Diego Health.

"Na altura, pensámos que as Estatinas poderiam inibir a infeção SARS-CoV-2 através dos seus conhecidos efeitos anti-inflamatórios e capacidades de ligação, o que poderia potencialmente parar a progressão do vírus."

Utilizando dados do Registo de Doenças Cardiovasculares COVID-19 da American Heart Association, a equipa de investigação da UC San Diego aplicou as suas descobertas originais a uma coorte muito maior: mais de 10.000 pacientes hospitalizados com Covid-19 em todos os estados do país.

Os investigadores analisaram registos médicos anónimos de 10.541 doentes internados com Covid-19, durante um período de nove meses, de janeiro a setembro de 2020, em 104 hospitais diferentes.

De acordo com a equipa de pesquisa, o uso de Estatinas ou um medicamento anti-hipertensivo foi associado a um menor risco de morte (cerca de 32%) entre os pacientes com Covid-19 com um historial de doença cardiovascular ou hipertensão.

No estudo, foram utilizadas técnicas de correspondência estatística para comparar resultados de doentes que usavam Estatinas ou uma medicação anti-hipertensiva com aqueles que não o faziam.

"Combinámos cada paciente com um ou mais pacientes semelhantes, utilizando o local do hospital, o mês de admissão, a idade, a raça, a etnia, o género e uma lista de condições pré-existentes, de forma a tornar os dois grupos o mais comparáveis possível", disse Karen Messer, doutorada, coautora do estudo e professora de bioestatística na Faculdade de Medicina da UC San Diego.

O recetor ACE2 - o alvo regulamentar das Estatinas - ajuda a controlar a pressão arterial. Em 2020, descobriu-se que o vírus SARS-CoV-2 usa principalmente o mesmo recetor para entrar nas células pulmonares.

De acordo com os investigadores, as Estatinas e os medicamentos anti-hipertensivos estabilizam as doenças subjacentes às quais são prescritos, tornando os pacientes mais propensos a recuperar da Covid-19.

"Como em qualquer estudo observacional, não podemos dizer com certeza que as associações que descrevemos entre o uso de Estatinas e a redução da gravidade da infeção Covid-19 são definitivamente devido às próprias Estatinas; no entanto, podemos agora dizer com provas muito fortes que podem desempenhar um papel na redução substancial do risco de morte entre pacientes com Covid-19", disse Lori Daniels. "Esperamos que os nossos resultados de investigação sejam um incentivo para que os pacientes continuem com a sua medicação."

O estudo inicial incluiu 170 registos médicos anómimos de doentes que receberam cuidados na UC San Diego Health. Os investigadores descobriram que o uso de Estatinas antes do internamento hospitalar para a Covid-19 resultou numa redução de mais de 50% no risco de desenvolver infeções graves.

 

Fonte: 
FirstWord Pharma
Nota: 
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