Alerta SPEO e Adexo

Investimento e acesso ao tratamento da obesidade ainda é desigual

A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade e a Adexo - Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal unem-se para alertar para o investimento desigual no tratamento da obesidade e para as dificuldades de acesso ao tratamento farmacológico que poderia beneficiar tanto os doentes com obesidade de grau I e II, como os que têm obesidade mórbida ou de grau III que se encontram em lista de espera para a cirurgia bariátrica.

“A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a múltiplas patologias, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, determinados tipos de cancro, alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que tenha também um enorme impacto económico na sociedade, pelos seus custos diretos e indiretos. É, portanto, urgente agir no sentido de tratar os casos de obesidade já instalada e prevenir os novos casos, através de estratégias de educação alimentar, prática de exercício físico e incentivo à modificação comportamental”, destaca Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO).

E alerta: “Mas não basta intervir nos casos mais graves de obesidade, promovendo o acesso às cirurgias bariátrica ou metabólica, que é o que o Governo tem feito, também é preciso promover o acesso ao tratamento farmacológico para os casos de obesidade de grau I e II e também facilitar o acesso a estes medicamentos para os doentes em lista de espera para a cirurgia, pois os estudos comprovam que perdas de peso de 5% a 10% do peso têm benefícios, na redução do risco anestésico e cirúrgico para aqueles que estão propostos para cirurgia e também na redução do risco ou regressão da diabetes mellitus, na redução de todos os fatores de risco cardiovasculares, como a hipertensão arterial e dislipidemia, melhoria na gravidade de apneia do sono e na qualidade de vida. O investimento no tratamento da obesidade ainda é muito desigual, pois quem tem indicação para cirurgia tem a ajuda do Estado para se tratar, mas as pessoas com obesidade sem indicação para a cirurgia têm de pagar do seu bolso 100% do valor do tratamento farmacológico, o que significa que as pessoas de classes mais desfavorecidas, nas quais a prevalência da obesidade é maior, não serão tratadas, pois não têm capacidade financeira para fazer o tratamento. Ainda pouco é feito pelos casos menos graves de obesidade. Mas, se nada for feito, irão evoluir para formas mais graves de obesidade com toda a panóplia de comorbilidades associadas. Como referi, mesmo os doentes que esperam pela cirurgia poderiam beneficiar do tratamento farmacológico, mas muitos não têm essa possibilidade.”

O presidente da Adexo, Carlos Oliveira, concorda que “ainda há muito que pode ser feito pelas mais de 2000 pessoas com obesidade a aguardar pela cirurgia de obesidade. Além de aumentar o número de cirurgias realizadas por hospital, de forma a reduzir os tempos de espera, que atualmente rondam os oito meses, também o acesso ao tratamento farmacológico antes da cirurgia poderia beneficiar não só a saúde, como a motivação dos doentes, que devem iniciar o seu processo de tratamento o quanto antes”. De destacar, recorda Carlos Oliveira, que “a perda de peso pré-cirurgia é muito importante para diminuir os riscos associados à intervenção.”

A obesidade é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingindo proporções epidémicas. No contexto nacional, o estudo mais recente revela que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade (estado em que um indivíduo já se encontra em risco de desenvolver obesidade), ou seja, cerca de 60% da população nacional tem obesidade ou vive em risco de desenvolver esta condição. E a obesidade não é só uma doença per se, pois além de ser complexa e multifatorial, pode estar associada a mais de 200 outras doenças, nomeadamente, cerca de 13 cancros.

Estima-se que mais de 20% da população mundial será obesa em 2025 se nada for feito para travar esta evolução. A incidência crescente da obesidade infantil na Europa é particularmente preocupante uma vez que é um forte preditor de obesidade na idade adulta antecipando o risco e as consequências desta doença - diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, acidentes vasculares cerebrais, enfarte agudo do miocárdio, determinados tipos de cancro ou depressão.

Fonte: 
Hill+Knowlton Strategies Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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