Ensaios clínicos

Investigação tenta mostrar utilidade de compostos psicoativos no tratamento de doenças psiquiátricas

Vários especialistas dizem que é uma questão de tempo até que certos compostos psicoativos, como o ecstasy, sejam usados no tratamento de doenças psiquiátricas.

De acordo com o New York Times, na próxima segunda-feira, a revista 'Nature Medicine' vai publicar os últimos desenvolvimentos do ensaio clínico da primeira fase III, experimentando alguns medicamentos psicadélicos. Neste trabalho, os investigadores observaram que o MDMA (mais conhecido como ecstasy) combinado com a psicoterapia oferecia uma melhoria notável em pacientes com transtorno de stress pós-traumático grave.

Por coincidência, há umas semanas, a revista científica the New England Journal of Medicine, ecoou os benefícios de tratar a depressão com psilocibina, um ingrediente psicoativo presente nos cogumelos mágicos.

Após décadas de demonização e criminalização, as drogas psicadélicas poderiam fazer parte da psiquiatria convencional, com implicações importantes num campo que tem, recorde-se, nas últimas décadas pouco avanços farmacológicos no tratamento de doenças mentais e vícios. Um facto que tem deixado os investigadores nesta área muito entusiasmados.

Confrontado com os últimos desenvolvimentos, Rick Doblin, 67 anos, um dos mais reconhecidos investigadores e pioneiros nesta linha de investigação, afirmou: "Alguns dias acordo e não acredito até onde chegamos”, revela RicK Doblin, um dos pioneiros nesta área de investigação e que faz parte à Associação Multidisciplinar de Estudos Psicadélicos.

"Houve uma mudança radical de atitudes sobre o que não era há muito tempo considerado ciência marginal", disse Michael Pollan, cujo livro mais vendido sobre psicadélicos, 'How to Change Your Mind', ajudou a combater o estigma sobre esta drogas nos três anos desde a sua publicação. "Dada a crise de saúde mental, há uma grande curiosidade e esperança sobre os psicadélicos e um reconhecimento de que precisamos de novas ferramentas terapêuticas”, acrescentou citado pelo El Mundo.

Numerosos estudos têm demonstrado que os psicadélicos clássicos, como LSD e psilocibina, não são viciantes e não causam danos nos órgãos mesmo em doses elevadas. E ao contrário da tradição popular, o êxtase não deixa 'buracos' no cérebro dos utilizadores, nem produz danos cromossómicos. No entanto, a maioria dos cientistas concorda que é necessária mais investigação sobre outros possíveis efeitos colaterais. Por exemplo, como os medicamentos podem afetar pessoas com problemas cardíacos.

 

Fonte: 
El Mundo
Nota: 
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