Estudo europeu

Investigação revela riscos psicológicos e físicos preocupantes nas pessoas com diabetes durante a pandemia

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) alerta para o impacto da pandemia COVID-19 nas pessoas com diabetes e reforça os riscos resultantes da interrupção nos cuidados de saúde em toda a Europa. Esta mensagem resulta da participação da associação na investigação promovida pela Federação Europeia dos Enfermeiros em Diabetes, que contou com a participação de 1.829 enfermeiros especialistas em diabetes de 27 países europeus, incluindo Portugal.

Os resultados mostram que os enfermeiros especialistas em toda a Europa observaram aumentos expressivos de problemas físicos e psicológicos na população com diabetes, sendo que, em Portugal, os riscos a nível psicológico representam mais de metade das preocupações comparativamente aos riscos a nível físico. Os dados refletem ainda a interrupção significativa dos serviços clínicos para a diabetes na Europa.

“Pelo que sabemos, este é o primeiro estudo a avaliar o impacto da Covid-19 em pessoas com diabetes na Europa, a partir das experiências de profissionais de saúde especialistas na doença. É preocupante que, durante este período de grandes necessidades, a pandemia da Covid-19 esteja também a prejudicar a rotina dos cuidados de pessoas com diabetes. É preciso ter presente que a diabetes é uma condição crónica complexa e as pessoas que vivem com ela, necessitam de apoio continuado e interdisciplinar”, explica a enfermeira da APDP, Ana Cristina Paiva, uma das participantes do consórcio de enfermeiros especialistas que desenvolveu o estudo.

No Consórcio Europeu de Enfermeiros Especialistas em Diabetes foi registado um grande acréscimo em problemas clínicos como ansiedade 82% (n = 1486); diabetes 65% (n = 1189); depressão 49% (n = 893); hiperglicemia aguda 39% (n = 710) e complicações nos pés 18% (n = 323). Além disso, 47% (n = 771) dos entrevistados identificaram que o nível de atendimento prestado às pessoas com diabetes diminuiu extrema ou severamente.

Para João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP, “a pandemia veio trazer enormes desafios e estes números são o reflexo de uma desigualdade crescente no acesso aos cuidados de saúde que, por toda a Europa, estão, quase em exclusivo, dedicados ao combate à Covid-19. Outro dos fatores preocupantes demonstrados neste estudo foi que 18% dos inquiridos relataram um aumento nas complicações dos pés. Embora seja uma percentagem relativamente pequena em comparação com outros problemas, conhecemos bem as consequências deste tipo de complicações e a importância do exame físico e de uma rápida intervenção.”

O apoio psicológico, assim como o apoio na autogestão e na educação em diabetes foram também avaliados como tendo diminuído extremamente ou severamente durante a pandemia em 34% (n = 551), 31% (n = 499) e 63% (n = 1.027), respetivamente.

“Este estudo vem reforçar a evidência da necessidade de se adaptarem os circuitos de acompanhamento e de apoio para minimizar o impacto da pandemia nas pessoas com diabetes. Na APDP temos desenvolvido todos os esforços para não interrompermos os cuidados e mantermos a mesma capacidade no atendimento, através do recurso à telemedicina em consultas de seguimento, e presencialmente em consultas de primeira vez, do pé, de oftalmologia, entre outras intercorrências.”, explica João Filipe Raposo.

A APDP tem disponível uma linha de atendimento telefónico para prestar aconselhamento especializado a todas as pessoas com diabetes. A Linha de Apoio em Diabetes (21 381 61 61) está disponível das 9h00 às 17h00, incluindo fins de semana e feriados.

Fonte: 
Hill+Knowlton Strategies Portugal
Nota: 
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Foto: 
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