Estudo

Investigação portuguesa sobre papel das células B durante a gravidez atrai reconhecimento internacional

O artigo sobre “Marcadores séricos de ativação de células B na gravidez durante o fim da gestação, parto e período pós-parto”, publicado pela Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas, no American Journal of Reproductive Immunology - uma revista científica internacional com elevado fator de impacto na área da imunologia da reprodução, tem captado o interesse e reconhecimento por parte da comunidade científica, tendo sido um dos artigos mais lidos entre 2018 e 2019.

Este ranking agora revelado destaca a elevada qualidade do artigo e da investigação que está na sua base - um estudo inovador por ter sido o primeiro a reportar aumentos em vários marcadores de ativação de células B, como o BAFF, durante a gravidez e no período pós-parto.

De acordo com Jorge Lima, Coordenador da Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas e um dos investigadores deste estudo, “é um motivo de orgulho para a nossa Unidade poder fazer investigação translacional, uma vez que a atividade de investigação é algo que deve ser indissociável da parte clínica, especialmente quando os resultados beneficiam a mesma”.

Uma gravidez bem-sucedida requer uma grande regulação do sistema imunológico materno, sem comprometer o seu papel na proteção da mãe ou do feto. As células B desempenham um papel importante na gravidez porque são essenciais para a atividade imunológica/produção de anticorpos, que também estão implicados na evolução normal da gravidez. No entanto, as células B, através da produção de autoanticorpos, podem estar envolvidas em complicações obstétricas, como a perda gestacional, a pré-eclâmpsia, a restrição do crescimento intrauterino, e o parto pré-termo.

“A descoberta mais óbvia a emergir deste estudo é que a ativação das células B é um evento imunológico na gravidez, mas que continua no período pós-parto afetando a secreção de várias classes de anticorpos, o que pode explicar o aparecimento ou agravamento de algumas doenças autoimunes no pós-parto”, revela Jorge Lima.

Este estudo fornece também informações importantes sobre o papel dos linfócitos B na imunomodulação da gravidez normal e pode explicar a suscetibilidade às infeções observada na gravidez.

Jorge Lima, relembra ainda que “outra implicação teórica deste estudo é que o papel da placenta como órgão imunológico pode ser importante para uma investigação mais aprofundada no contexto de doenças autoimunes, tais como o Lupus Eritematoso Sistémico, que além de terem um aumento de surtos na gravidez estão muitas vezes associadas a desfechos obstétricos adversos, como perda gestacional, a  restrição de crescimento fetal, a pré-eclâmpsia e o parto prematuro”.

Este artigo está entre os mais lidos no American Journal of Reproductive Immunology .

Fonte: 
Jose de Mello Saúde
Nota: 
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