Há um teste rápido de pele que determina se é necessária dose de reforço da vacina contra a Covid-19

Apelidado de 'CoviDCELL', o teste que foi formulado pela especialista em Imunologia Yvelise Barrios, juntamente com o especialista em Alergologia Víctor Matheu, ainda não está a ser comercializado, apesar das tentativas dos seus criadores. No entanto, sabe-se que os seus resultados já tenham sido divulgados em várias publicações científicas.
"É um teste muito interessante para se fazer na nossa população, em doentes com doenças imunológicas, ou em doentes com cancro, por exemplo. E agora sabemos que há várias empresas farmacêuticas que estão a desenvolvê-lo e assumimos que chegarão mais amplamente no final deste ano ou no início do próximo ano", revelou o médico em entrevista.
Segundo os especialistas o 'CoviDCELL' é uma adaptação de um teste clássico da Imunologia (a reação retardada da hipersensibilidade), um teste de pele que tem sido realizado durante anos em doenças como a tuberculose, e amplamente utilizado nos anos 90 em pacientes com VIH, a quem o vírus ataca as células T ao longo do tempo.
No caso da Covid-19, é injetada uma peça da proteína pico do SARS-CoV-2 na pele do antebraço, para estudar a reação cutânea que ocorre no paciente. O objetivo é verificar se temos ou não imunidade celular contra o vírus e com ela a necessidade de tomar uma dose de reforço ou não.
De acordo com os especialistas, o nosso sistema imunológico tem dois tipos de resposta: o humoral, aquele que fabrica os anticorpos específicos para cada agente patogénico, e que pode ser medido simplesmente com um teste serológico; e a imunidade celular, mais durável, e composta pelos famosos linfócitos T capazes de lembrar se já enfrentaram ou não um agente patogénico, e que até agora só podiam ser medidos em laboratório, em processos mais complexos.
"Se o nosso corpo já foi infetado pelo vírus, ou passamos a infeção, ou fomos vacinados teremos células T específicas que vão reconhecê-lo e ir para a área onde injetamos esta proteína sintética sob a pele. Se sim, haverá uma reação vermelha que nos dirá que o nosso corpo tem aquelas células T, que se lembram de ter enfrentado o vírus, e, portanto, continuamos protegidos contra esta doença", explica o imunologista.
Na sua opinião, as aplicações oferecidas pela 'CoviDCELL' são muito interessantes porque, embora apenas dê uma resposta afirmativa ou negativa, permite facilmente, sem necessidade de extrações de sangue, ou laboratórios sofisticados, conhecer e interpretar em muitas pessoas se existe esta resposta imune celular.