Estudo revela que doentes tratados com células estaminais do cordão umbilical recuperaram da infeção

Neste ensaio clínico, que decorreu na China, sete doentes hospitalizados com COVID-19 foram tratados com MSC do tecido do cordão umbilical, com resultados favoráveis. Anteriormente, havia sido reportado o caso de uma doente chinesa de 65 anos com COVID-19, que esteve quase duas semanas em estado crítico nos cuidados intensivos e recuperou após tratamento com o mesmo tipo de células. Para além disso, tendo em conta resultados promissores da aplicação de MSC no contexto de várias doenças inflamatórias e com envolvimento do sistema imunitário, foram iniciados vários ensaios clínicos com o objetivo de avaliar a eficácia do tratamento de COVID-19 utilizando MSC.
Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “vários investigadores acreditam que a forte ação anti-inflamatória e a capacidade de regulação do sistema imunitário das células estaminais mesenquimais podem ajudam a melhorar o estado de doentes com pneumonia e síndrome de dificuldade respiratória provocada pelo novo coronavírus. Desta forma, estão já a decorrer vários ensaios clínicos para avaliar a sua eficácia e, até ao momento, os resultados preliminares obtidos revelam-se favoráveis à sua utilização”.
Algumas empresas de biotecnologia iniciaram já conversações com entidades reguladoras no sentido de testar produtos de terapia celular à base de MSC para o tratamento de COVID-19. É o caso da Mesoblast Limited, que planeia avaliar o seu produto de terapia celular – remestemcel‑L – composto por MSC de medula óssea, em doentes com síndrome de dificuldade respiratória aguda causada por COVID-19, nos EUA, Austrália, China e Europa.
Outra empresa, a Celltex Therapeutics Corporation está em contacto com a agência reguladora norte-americana FDA, com o intuito de iniciar um estudo para avaliar a eficácia da utilização de MSC para tratar COVID-19. Para além destas, a Pluristem Therapeutics anunciou que está a avaliar o efeito terapêutico do seu produto de terapia celular, à base de MSC da placenta, no tratamento de complicações respiratórias e inflamatórias provocadas pelo novo coronavírus, tendo já sido tratados três doentes com estas células em dois hospitais em Israel.
A COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), primeiramente detetada na China em dezembro de 2019, foi, em março deste ano, classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora alguns doentes com COVID-19 apresentem sintomas ligeiros, outros desenvolvem pneumonia, podendo evoluir, nos casos mais severos, para insuficiência respiratória grave, bem como falência de outros órgãos e conduzir, eventualmente, à morte.
Este problema de saúde pública tem gerado um esforço por parte da comunidade médica e científica na procura de soluções para a sua prevenção e tratamento. Para além das vacinas em desenvolvimento, vários fármacos e produtos de terapia celular estão a ser testados para fazer face ao novo coronavírus.