Investigação

Estudo confirma que assintomáticos são tão contagiosos quanto doentes Covid hospitalizados

Uma investigação, do Hospital Charité, em Berlim, Alemanha, que contou com mais de 25 mil participantes, mostra que as pessoas infetadas com o novo coronavírus atingem o seu pico de carga viral na garganta entre um e três dias antes dos sintomas aparecerem.

Uma amostra normal retirada da garganta contém 2,5 milhões de cópias do genoma do vírus, mas quase 9% dos infetados têm mil milhões de cópias ou mais, de acordo com o novo estudo. O trabalho encontra um cenário explosivo: mais de um terço dos pacientes com carga viral muito elevada são assintomáticos ou têm apenas sintomas leves. Quer isto dizer que uma pessoa sem sintomas pode ser tão contagiosa quanto um doente Covid hospitalizado.

O principal autor da pesquisa, o virologista Christian Drosten, afirmou em comunicado que estes dados apoiam "a ideia de que uma minoria de pessoas infetadas causa mais contágios". Os resultados deste trabalho foram publicados esta terça-feira na revista Science e coincidem com as conclusões de outros estudos recentes.

Um artigo publicado no passado dia 10 de maio sugeria que 2% das pessoas infetadas transportam 90% dos vírus circulantes. A investigação incluiu 1.400 casos positivos sem sintomas, identificados na Universidade do Colorado em Boulder, EUA. Os autores, liderados pela virologista Sara Sawyer, falam de "super-super-contágios virais e, possivelmente, super-contágios". Um outro estudo publicado em novembro passado descobriu na Índia que 71% das cerca de 85.000 pessoas infetadas não transmitiram o vírus a mais ninguém. E uma análise de 1.200 casos na China descobriu, em janeiro, que 15% causou 80% dos contágios.

O novo trabalho agora apresentado, levado a cabo pela equipa de investigação do Hospital Charité, também aborda o papel das crianças.

Os investigadores não observaram grandes diferenças na carga viral de pessoas entre os 20 e os 65 anos. A quantidade de vírus foi menor em crianças com menos de cinco anos, com níveis de pelo menos 800.000 cópias do genoma coronavírus. A carga viral, no entanto, aumenta com a idade e aproxima-se do número de adultos em crianças e adolescentes mais velhos.

Além disso, esta investigação confirma ainda que a variante B.1.1.7 do coronavírus, registada pela primeira vez em setembro de 2020 no Reino Unido e já dominante em muitos países, é mais contagiosa. A análise de 1.500 infetados com este subtipo sugere que a sua carga viral é 10 vezes maior em média, com 2,6 vezes maior infecciosidade.

 

Fonte: 
El País
Nota: 
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