OMS destaca a necessidade de rastrear todas as vacinas

Estudo alerta para necessidade da adoção de standards GS1 para garantir a segurança da cadeia de abastecimento da vacina contra Covid-19

Numa altura em que Governos e empresas um pouco por todo o mundo enfrentam um dos maiores desafios da história – o desenvolvimento, distribuição e administração em massa de vacinas que garantem a imunização contra a infeção por Covid-19, a Deloitte publicou um novo relatório que aponta para a necessidade urgente da adoção universal de standards globais como uma solução necessária para permitir uma distribuição rápida, eficiente e segura desta vacina.

Na conferência digital GS1 Healthcare Executive Dialogue, que teve lugar quinta-feira, dia 28, vários líderes do setor da saúde, assim como grandes organizações desta área, discutiram os principais desafios, oportunidades e aprendizagens a propósito da distribuição das vacinas COVID-19 a nível mundial.

Esta conversa contou com a moderação de Gregory Reh, da Deloitte, e com a presença de Lisa Hedman, da Organização Mundial de Saúde, Tom Woods, do Banco Mundial, Tjalling van der Schors, da Associação Europeia de Farmacêuticos Hospitalares, e Ulrike Kreysa, da GS1.

Todos os intervenientes foram unânimes na necessidade urgente de adoção de standards comuns, incluindo a implementação de um código de barras nas embalagens das vacinas, como forma de garantir uma distribuição segura e transparente em todo o mundo. Transparência, confiança e comunicação entre os diversos players de toda a cadeia de valor foram as palavras-chave durante toda a conversa.

Lisa Hedman realçou a importância da “implementação de sistemas de rastreamento, não só durante fases urgentes, como a que atravessamos, mas também a longo prazo e para todo o setor”. Lisa Hedman destacou ainda o trabalho que a Organização Mundial de Saúde tem vindo a desenvolver para garantir que países subdesenvolvidos e com menor capacidade financeira tenham acesso a esse sistema de rastreabilidade através do programa CONVAX Facility. “Saber onde entrou o produto e de onde saiu, promove o combate à falsificação de vacinas e garante a segurança do produto distribuído”, explicou.

Tjalling van der Schors destacou “os 3 P’s essenciais na distribuição e administração das vacinas – a pessoa, o produto e o processo. Se um destes P’s falha, resulta num 4º - o problema. A solução passa pela implementação de códigos de barras, de standards comuns, para garantir que a distribuição da vacina, por si só complexa, é feita de forma correta, evitando a introdução de produtos falsos na cadeia de valor”.

Tom Woods alertou que “caso entrem vacinas falsificadas na cadeia de valor, essa falsificação não só será prejudicial para os pacientes, como irá criar uma enorme desconfiança em todo o processo e até na eficácia da própria vacina. Temos agora a oportunidade de desenvolver um sistema de saúde seguro e fiável em todo o mundo. Além de produtores de vacinas, consultores e empresas tecnológicas, é essencial que os reguladores de cada país tenham um papel ativo em todo o processo.”

O estudo da Deloitte, “Securing Trust in the Global COVID-19 Supply Chain”, que serviu de base à realização desta reflexão, argumenta que, além da colaboração da indústria e de uma comunicação transparente, “adotar os standards GS1 adiciona um elemento de confiança a todos os níveis da cadeia de abastecimento no setor da saúde - uma confiança que, em última análise, se estende aos próprios pacientes”. De recordar que os standards globais GS1 permitem que os fabricantes de produtos farmacêuticos, empresas de distribuição e fornecedores deste setor sigam protocolos e medidas de segurança essenciais para garantir a confiança e a segurança dos pacientes, tanto da própria vacina, como na capacidade de garantir a respetiva administração em segurança.

Apesar da adoção de standards GS1 ser cada vez mais transversal no setor da saúde, por força da adoção de legislação comunitária que a impõe, a verdade é que ainda não é uma prática universal. Nesse sentido, o estudo da Deloitte considera as informações de identificação da vacina, como o ID do produto, número de lote e data de validade como "essenciais para os profissionais de saúde administrarem as vacinas com confiança", realçando que "a OMS recomenda que todas as vacinas sejam identificadas com esses dados através de código de barras”. Entidades como a GAVI e a UNICEF exigiram ainda o uso de standards GS1 nas embalagens secundárias.

João de Castro Guimarães, Diretor Executivo da GS1 Portugal, refere que “o mundo enfrenta um enorme desafio na distribuição e administração desta vacina. Os standards globais de identificação têm um papel crucial a desempenhar, contribuindo para promover a confiança pela rastreabilidade, aliviar a pressão sobre o setor da saúde e reduzir a margem de erro. A GS1, a nível global, está empenhada em contribuir para o sucesso desta operação de extrema importância. Localmente, a GS1 Portugal, enquanto entidade parceira de confiança das empresas está disponível para prestar, no nosso país o apoio que as autoridades competentes considerarem necessário”.

Atualmente, mais de 70 países têm implementada legislação no setor da saúde ou definidos requisitos entre parceiros comerciais assentes no recurso a standards GS1. Esses países contam com os códigos de barras bidimensionais GS1 DataMatrix, que podem agora ser utilizados para codificar as informações de identificação da vacina e contribuir para reduzir erros, permitindo a sua rastreabilidade.

Como alguns países têm tido dificuldades em relacionar as vacinas administradas com os seus pacientes, resultando por vezes na administração de mais ou menos doses do que as recomendadas pelo fabricante, este relatório da Deloitte reforça que “é importante identificar e rotular as vacinas, de forma a precisar quando e qual a dosagem de vacina administrada ao paciente”. Nesse sentido, a GS1 garante que a identificação global exclusiva e o código de barras podem dar suporte a essa tarefa crucial.

Fonte: 
Adagietto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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