Especialistas avaliam o impacto dos cinco sentidos na qualidade de vida dos doentes com Mucopolissacaridoses (MPS)

Especialistas avaliam o impacto dos cinco sentidos na qualidade de vida dos doentes com Mucopolissacaridoses (MPS)

No dia 7 de Maio, em Peniche, médicos nacionais e internacionais de várias especialidades participaram no encontro "MPS & Os 5 Sentidos", integrado no 18º Simpósio Internacional da Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas (SPDM), que pretende ser um fórum de discussão de questões relacionadas com o MPS em Portugal e as perturbações causadas por esta patologia. Estes especialistas discutiram o impacto que a MPS pode ter nos cinco sentidos do ser humano e a consequente repercussão na qualidade de vida destes doentes. Este foi um evento híbrido, que também foi transmitido através da plataforma virtual do 18º Simpósio Internacional de SPDM.

As Mucopolissacaridoses são um grupo de doenças raras, genéticas, devidas á deficiência de uma das enzimas necessárias à degradação dos glicosaminoglicanos (GAG). Nas situações de normal metabolismo, essas enzimas lisossomais degradam estas macromoléculas em componentes mais pequenos, permitindo a sua assimilação pelo organismo. No entanto, quando o funcionamento das enzimas se encontra comprometido, os GAG acumulam-se nas células, conduzindo às manifestações da doença. Consoante a enzima afetada, distinguem-se vários tipos e subtipos de MPS. As MPS são doenças heterogéneas e o aparecimento dos primeiros sintomas pode ocorrer de forma muito variável, sendo frequentemente menos valorizados nos primeiros meses de vida. Contudo, à medida que o tempo passa e a doença progride, esses sinais e sintomas surgem e/ou agravam-se, comprometendo a qualidade e a esperança de vida dos doentes. Na verdade, os primeiros sintomas são muitas vezes comuns e também usuais em outras doenças mais comuns da infância, podendo assim dificultar e atrasar o diagnóstico final.

“Para diagnosticar atempadamente é preciso conhecer, estar alerta para esses sinais evocadores e saber referenciar em tempo adequado, para confirmação de um diagnostico final”, refere Elisa Leão Teles, Pediatra e Coordenadora da Equipa Multidisciplinar e de Investigação do Centro de Referência Doenças Hereditárias do Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário de S. João, no Porto.

As MPS têm diferentes apresentações clínicas e diferentes taxas de progressão entre os subtipos de MPS e até mesmo da própria doença. As características clínicas partilhadas incluem anomalias esqueléticas, alterações ao nível das articulações, crescimento reduzido, características faciais específicas, problemas oftalmológicos e auditivos, manifestações cardiorrespiratórias, distúrbios gastrointestinais, hérnias umbilicais/inguinais, compressão medular e de nervos periféricos. O comprometimento neurológico ocorre na MPS III e em algumas formas graves de MPS I, II e VII. Essas implicações podem afetar os cinco sentidos e, consequentemente, a qualidade de vida e as atividades do quotidiano do paciente. Problemas oculares como turvação da córnea e glaucoma, podem levar a um declínio progressivo da visão. A deterioração da audição devido a infeções recorrentes do trato respiratório superior, otite crónica e acumulação de GAGs em diferentes níveis (cóclea, nervo auditivo e tronco encefálico), geralmente levam a um quadro condutivo de perda auditiva neurossensorial e mista. A deterioração do olfato e do paladar ou o prazer de comer podem ser prejudicados também devido à rinite crónica e à acumulação de GAGs ​​nos tecidos das vias aéreas superiores. A compressão da medula espinhal cervical e/ou de nervos periféricos (síndromes do túnel do carpo e cubital), problemas das mãos e outras articulações como rigidez e/ou hipermobilidade e dor, podem prejudicar o toque e a função das mãos. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces são cruciais para um melhor prognóstico e uma maior qualidade de vida dos doentes.

Nesta reunião discutiu-se o diagnóstico, a gestão dos sintomas, o tratamento visando uma melhor qualidade de vida destes doentes.

“Só o diagnóstico precoce, permite intervenção multidisciplinar e orientação terapêutica precoces, com plano individualizado, com adequada integração e participação do doente/família”, afirma a Médica Pediatra.

Fonte: 
Omnicom PRGroup
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay