Ventilar os espaços

Especialista é peremptório “é preciso reduzir a duração das aulas para limitar exposição ao vírus”

A notícia foi avançada pelo jornal espanhol ‘El Pais’, onde o especialista alemão em ventilação de edifícios, Martin Kriegel, sugere que a duração das aulas nas escolas seja reduzida para meia hora com intervalos de 15 minutos, para que seja possível ventilar os espaços e diminuir a exposição ao vírus que causa a Covid-19.

Admitindo que a sua proposta seja controversa, Kriegel, acredita que é necessário alertar o mundo para um desafio iminente: a falta de preparação dos governos antes do regresso de um ano letivo marcado pela pandemia do novo coronavírus.

Kriegel é diretor do Instituto de Engenharia Hermann Rietschel (HRI), um departamento da Universidade Técnica de Berlim, dedicado à pesquisa de ventilação, energia e qualidade ambiental em edifícios. Atualmente, o HRI está envolvido no estudo da transmissão do vírus através de partículas transportadas pelo ar.

Citado pelo ‘El País´, Kriergel defende que “a transmissão do SARS-CoV-2 (vírus da Covid-19) por via aérea foi subvalorizada”.  De acordo com o especialista alemão, “já havia surtos bem documentados da doença na primavera que sugeriam que a transmissão de aerossóis era extremamente provável”.

Os aerossóis são pequenas gotículas de partículas, sólidas ou líquidas, que continuam suspensas no ar durante longos períodos de tempo. No entanto, só a 9 de Julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu líquidos humanos, principalmente saliva, como um meio potencial de infeção da Covid-19. Até à data, essa opção tinha sido relativizada por este organismo.

No entanto, a comunidade científica ainda tem de determinar qual o risco de contágio existente por via aérea, bem como quanto tempo o patógeno continua ativo no ar ou qual o tempo de exposição necessário para capturá-lo.

Kriegel considera que as máscaras não são solução para reduzir a exposição do vírus, porque as partículas escapam facilmente devido à sua dimensão minúscula. A melhor solução é mesmo uma ventilação adequada dos espaços fechados.

“Máscaras usadas diariamente não param os aerossóis, visto que estes têm menos de 5 mícrons e seguem a corrente de ar, escapando das extremidades da máscara. Dados do Instituto Hermann Rietschel indicam que 90% dos nossos aerossóis saem da máscara”, explica o responsável sublinhando, contudo, que “as máscaras são essenciais para evitar a propagação de gotas maiores de saliva quando espirramos ou tossimos”.

Uma única pessoa infetada pode encher uma sala de aula com partículas carregadas de vírus em apenas alguns minutos, segundo as projeções do HRI. Para além de usar máscara, lavar as mãos e manter distância social, existem duas medidas fundamentais que devem ser levadas em consideração, segundo o Kriegel.

“Preencha o espaço com ar fresco e reduza ao máximo o tempo de exposição das pessoas”, afirma o especialista, sugerindo a limitação da duração das aulas para meia hora com intervalos de quinze minutos para ventilar a sala ao abrir as janelas.

O risco nas escolas é maior em relação a escritórios, cinemas ou restaurantes, diz Kriegel, porque nesses espaços existem sistemas de ventilação que não são comuns nas escolas.

Fonte: 
Executive Digest
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay