Farmacoterapia

ESEnfC integra projeto europeu para harmonizar função dos enfermeiros no cuidado farmacêutico

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está a participar, com instituições de ensino superior de 14 países, num projeto para harmonizar e clarificar a função dos enfermeiros no que respeita ao cuidado farmacêutico no seio da equipa interprofissional nos países europeus.

Development of a model for nurses’ role in interprofessional pharmaceutical care (DeMoPhaC) – em português, Desenvolvimento de um modelo interprofissional para a função do enfermeiro no cuidado farmacêutico – é o nome deste projeto que beneficia de financiamento europeu (programa Erasmus +) e que visa, simultaneamente, otimizar o uso de medicamentos e melhorar os resultados em saúde.

Só na fase de validação do modelo, espera-se a participação, em Portugal, de 382 enfermeiros, 368 farmacêuticos e 382 médicos, elevando-se, na totalidade dos países abrangidos neste projeto, o número de profissionais envolvidos para 5329 enfermeiros, 3645 farmacêuticos e 5304 médicos (mais de 14 mil pessoas).

“Os enfermeiros têm tarefas claras e legalmente determinadas na preparação e administração de medicamentos, bem como na vigilância da resposta do doente à medicação administrada. No entanto, a sua função no cuidado farmacoterapêutico interprofissional não é claramente descrita em termos de tarefas e responsabilidades que transcendem a habilidade técnica de enfermagem” e “há uma grande diferença nesse papel entre os países europeus”, sendo que «a prescrição de medicamentos é a diferença mais visível”, lê-se na ficha de inscrição do projeto DeMoPhaC na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E). Nesse documento é, ainda, referido que, segundo uma “análise preliminar de um estudo em 3300 enfermeiros/médicos/ farmacêuticos europeus (projeto EUPRON), a pontuação média da comunicação interprofissional no cuidado farmacoterapêutico foi de 5,2/10 (DP 2,6)”, sendo considerada “uma pontuação alarmante dada a ligação com a segurança do paciente”.

Falta de transparência e reconhecimento da função do enfermeiro

Luís Manuel da Cunha Batalha, professor que coordena a equipa de investigadores da ESEnfC envolvidos no projeto, observa que “as diferenças” entre os países europeus “são essencialmente de cariz cultural, com falta de transparência e reconhecimento da função do enfermeiro no seio da equipa, no plano legal e da prática”. De acordo com o investigador da ESEnfC, se “aparentemente apenas aos enfermeiros portugueses não era permitido a prescrição de medicamentos”, uma “análise mais profunda veio evidenciar que muitos enfermeiros afirmavam que prescreviam”, quando, “na prática, o que se passava era uma cultura de mútua confiança entre enfermeiro e médico, não sustentada legalmente ou mesmo por protocolos institucionais”. Ou seja, “em condições específicas, apenas em Espanha a prescrição é legalmente sustentada”, afirma Luís Batalha.

Na ótica do professor de Coimbra, “a preparação dos enfermeiros portugueses é, de uma forma geral, boa, mas o cuidado farmacoterapêutico na equipa interprofissional (que inclui enfermeiro, médico e farmacêutico) carece, na prática clínica, de uma clarificação de funções, que muito se deve à falta de comunicação e interesses corporativistas”.

A equipa de docentes investigadores da ESEnfC presente no projeto DeMoPhaC é, ainda, constituída por Isabel Fernandes, Paulo Alexandre Ferreira, Amélia Castilho (professores), José Miguel Seguro, Susana Calhindro e Inês Simões Pereira (estudantes do mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica).

Além da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e da ESEnfC em Portugal, este projeto conta com instituições participantes da República Checa, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Macedónia, Holanda, Noruega, Eslováquia, Eslovénia, Espanha e País de Gales.

Fonte: 
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC)