Estudo RCSI

Encontrada nova relação entre bactérias e cancro intestinal

Uma nova pesquisa da RCSI University of Medicine and Health Sciences, na Irlanda, encontrou uma possível relação entre a presença de um tipo específico de bactérias encontradas nos tumores e a propagação do cancro do intestino.

Publicada na revista Gut, a investigação pode ajudar os médicos a identificar os pacientes em risco de resultados mais pobres e a tomar decisões sobre opções de tratamento para doentes com cancro do intestino cujos tumores estão infetados com a bactéria Fusobacterium nucleatum.

Usando a sequenciação genómica, os investigadores são agora capazes de detetar vestígios de uma infeção com bactérias ou outros micróbios em tumores de pacientes que anteriormente teriam sido indetetáveis. A investigação liderada pelo RCSI propôs-se compreender quais os tumores infetados com bactérias, e o que o papel de uma infeção bacteriana significa em termos de como a doença progride.

A pesquisa descobriu que uma coleção de bactérias que normalmente vive na cavidade oral infeta tumores intestinais, altera a forma como as células tumorais se comportam, e pode desencadear a propagação do tumor a outros órgãos. O estudo sugere que existe uma relação direta entre a presença de uma bactéria chamada Fusobacterium nucleatum e a propagação do cancro do intestino, resultando em resultados mais pobres para um subconjunto de pacientes.

O investigador principal, Jochen Prehn, Professor de Fisiologia e Diretor do Centro de Medicina dos Sistemas do RCSI, afirmou que "É urgente uma ferramenta eficaz para ajudar os oncologistas a personalizar o tratamento do cancro colorretal."

"Este estudo demonstra o papel que as bactérias desempenham na propagação do cancro do intestino. Esperamos que estas descobertas melhorem os diagnósticos para melhorar a eficácia do tratamento atual e ajudar a promover ainda mais o uso de novas terapêuticas para os doentes infetados com esta bactéria", acrescentou o professor.

De acordo com a Irish Cancer Society, quase 3.000 pessoas são diagnosticadas com cancro do intestino na Irlanda todos os anos. Em todo o mundo, o cancro do intestino é atualmente responsável por cerca de 10% dos novos casos de cancro diagnosticados (1,9 milhões de casos, OMS 2020).

Neste estudo colaborativo com a Universidade de Queens, foram analisadas amostras de pacientes da Irlanda do Norte e de mais de 600 doentes do Atlas do Genoma do Cancro. O Atlas do Genoma do Cancro é um programa internacional que analisa as mutações genéticas responsáveis pelos tipos de cancro para ajudar investigadores e clínicos a entender melhor a doença e como tratá-la.

O estudo foi apoiado pelo RCSI e pelo Irish Centre for High-End Computing (ICHEC) e financiado pelo Health Research Board, Science Foundation Ireland e o Northern Ireland Department for the Economy (NI DfE).

Fonte: 
RCSI University of Medicine and Health Sciences
Nota: 
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