Estudo

Descoberto um novo coronavírus transmitido por cães na Malásia

Uma investigação da American Duke University, publicada esta quinta-feira, levou à descoberta de um novo coronavírus num grupo de pessoas, incluindo crianças, que deram entrada com pneumonia num hospital da Malásia entre 2017 e 2018, transmitido pelo cão.

No entanto, ainda não foi possível determinar se este vírus canino foi responsável pelos casos de pneumonia, ou se já estava presente nestes doentes por outras razões.  

Por outro lado, a equipa revela que é improvável, dadas as suas características genéticas, que este vírus esteja atualmente a circular de humano para humano. "O que estamos a empurrar (...) é mais diagnóstico para monitorizar cinco famílias virais diferentes, que pensamos serem as mais problemáticas e suscetíveis a desencadear epidemias", explica Gregory Gray à AFP.

Os coronavírus não são estudados há muitos anos porque estavam principalmente associados a constipações comuns. Isto mudou após o aparecimento de SARS (síndrome respiratória aguda grave) e MERS (síndrome respiratória do Médio Oriente) em 2002 e 2012, cuja transmissão foi feita através de animais, como o camelo.

A maioria dos investigadores também acredita que o SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença de Covid-19, tem origem animal.

Neste sentido, Lishan Xiu, um estudante chinês da Universidade de Duke, desenvolveu um teste universal para a deteção do coronavírus, procurando terreno comum entre os diferentes membros desta família de vírus.

O teste foi usado em 301 amostras de pacientes na Malásia, oito dos quais tinham vírus canino. Para confirmar este resultado surpreendente, a virologista Anastasia Vlasova da Universidade Estadual de Ohio apreendeu o seu genoma.

Foi confirmada a origem canina do vírus, denominado CCoV-HuPn-2018, que também possui componentes característicos da sua passagem por gatos e porcos.

Algumas mutações também são consistentes com uma possível adaptação que permitiria a transmissão humano-humano, mas é impossível dizer quanto tempo esta evolução levará, talvez décadas, talvez nunca, de acordo com Gregory Gray.

Todos os pacientes voltaram para casa completamente curados. "Mas uma admissão com pneumonia geralmente significa que está doente o suficiente, que os médicos estão preocupados consigo", diz o professor.

O facto de a sua equipa ter conseguido detetar este vírus em humanos graças a um pequeno estudo piloto mostra, segundo ele, que há um problema: "Estamos a perder o comboio", acredita.

"Se aumentarmos a vigilância das pessoas que trabalham com porcos, aves, gado, ficaremos impressionados com o que o seu sistema imunitário enfrenta todos os dias", prevê. "Isto não significa que a próxima pandemia ocorra neles, mas seria interessante estudá-la."

Fonte: 
El Mundo
Nota: 
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Foto: 
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