Deco alerta: carne já picada nos talhos “é um caldo de bactérias e de conservantes"

De acordo com os testes promovidos para Deco, a grande maioria das amostras (15 em 20) chumbou nos testes em laboratório. E as razões são as mesmas dos estudos anteriores: foram detetados sulfitos proibidos, temperaturas elevadas e elevado número de bactérias.
A carne picada dos talhos visitados pela associação, em outubro de 2018, “é um cocktail de bactérias e de sulfitos. E há uma combinação perfeita com o descuido no controlo das temperaturas das montras frigoríficas onde se encontra exposta.” A Deco lamenta que, apesar de todos os alertas e avisos, os resultados, seis anos desde o primeiro teste, continuem a ser maus. Em 20 amostras de carne picada de talhos visitados na Grande Lisboa e no Grande Porto, apenas quatro são razoáveis e uma boa.
“Quem vende carne picada tem responsabilidade na situação. E a fiscalização deve ser mais robusta. Os talhos e os organismos de controlo ainda têm muito trabalho a desenvolver”, afirma a Defesa do Consumidor.
Sulfitos proibidos e temperaturas elevadas
“A carne picada só pode conter sal, e em quantidades inferiores a 1 por cento. Os sulfitos não são permitidos”. No entanto, a Deco descobriu amostras com outros ingredientes. “O consumidor está a ser enganado ao comprar um produto que já não é só carne picada. Os resultados são piores do que em 2013 e não muito diferentes dos de 2017. Só não encontrámos sulfitos em cinco amostras”, refere a associação
Lei dispersa
A lei permite manter a carne já picada no expositor de venda. Contudo, nem sempre assim foi. Durante vários anos e até meados da década de 1990, só era permitida quando preparada a pedido e à vista do consumidor. Uma restrição, porém, abandonada nessa mesma década. Embora os requisitos sejam hoje mais rigorosos e os meios técnicos melhores, esse ponto de partida não se reflete nos resultados dos testes.