Investigação

Criada a primeira bactéria sintética resistente aos vírus

Uma equipa de investigação britânica conseguiu criar, há cerca de dois anos, uma bactéria sintética de E.colli. Agora, os investigadores conseguiram modificar o seu código genético para se tornar resistente às infeções virais e para que as suas células tenham a capacidade de fabricar polímeros sintéticos, um composto químico pode vir a ter aplicações em biologia, medicina e medicamentos.

Segundo o líder do grupo de investigação, Jason Chin, estas bactérias podem bem tornar-se em pequenas "fábricas renováveis e programáveis que produzem uma vasta gama de novas moléculas com novas propriedades, com benefícios para a biotecnologia e a medicina, incluindo o fabrico de novos fármacos, como antibióticos".

Além disso, um dos objetivos desta equipa é investigar as aplicações desta tecnologia no desenvolvimento novos polímeros, por exemplo plásticos biodegradáveis, que "poderiam contribuir para uma bioeconomia circular".  

Daniel de la Torre, um dos autores do estudo publicado na revista a Science, explicou que a equipa mudou a estrutura que a célula utiliza para produzir proteínas (que também são um tipo de polímeros) de modo a poder ser usada para montar polímeros que não são compostos por aminoácidos naturais, mas que podem ser sintetizados no laboratório de química.

Um dos "grandes objetivos" do estudo, sublinhou, foi o uso de bactérias para produzir polímeros feitos exclusivamente de monómeros sintéticos.

A equipa conseguiu reunir diferentes polímeros, incluindo macrociclos, uma classe de moléculas que formam a base de certos antibióticos e medicamentos para tratar o cancro. Além disso, reescreveram todo o genoma das bactérias sintéticas para remover alguns códigos e a maquinaria que as lê, a transferência de ARN (TRNA) das células (uma pequena molécula envolvida na síntese proteica), com o resultado de que a bactéria se torna resistente à maioria dos vírus.

De la Torre explicou que o ADN está inscrito com a informação genética que as células usam para produzir proteínas e que leem em grupos de três letras, chamadas códão ou codons.

Os vírus reproduzem-se injetando o seu genoma numa célula e sequestrando máquinas celulares, mas as células modificadas não conseguem ler certos codons do genoma do vírus, impedindo-os de se replicarem.

Segundo De la Torre, "os mesmos codons que removemos das bactérias e que a tornam resistente aos vírus, podemos reutilizá-los para codificar novos polímeros sintéticos".

 

Fonte: 
El Mundo
Nota: 
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