Peritos na área da saúde sugerem novas políticas de saúde pública

Consenso Nacional exige melhor gestão dos recursos nos cuidados para a Esclerose Múltipla

A criação de um Registo Nacional de Esclerose Múltipla, a constituição de Centros de Referência em Esclerose Múltipla, o uso de linhas terapêuticas mais eficazes na fase inicial da doença de acordo com o julgamento clínico, e um reforço no apoio social prestado aos doentes e cuidadores por associações de doentes são essenciais melhorar o sistema de assistência clínica e social a doentes e cuidadores de Esclerose Múltipla, de acordo com um conjunto de peritos.

A Unidade de Saúde Pública da Universidade Católica Portuguesa acaba de divulgar as principais conclusões do Think Tank ‘Consenso Nacional para a Esclerose Múltipla’, um estudo desenvolvido com o apoio da Biogen, empresa de biotecnologia pioneira nas Neurociências, e que tem como propósito identificar novas políticas de saúde pública a implementar na área da Esclerose Múltipla em Portugal.

De acordo com o documento, a principal conclusão apontada por peritos e entidades da área da Esclerose Múltipla está na necessidade de se fazer mais com os mesmos ou pouco mais recursos, nomeadamente ao nível da prestação de cuidados de saúde e sociais a doentes, cuidadores e familiares de Esclerose Múltipla.

“O trabalho de investigação desenvolvido no âmbito do Consenso agora apresentado, veio comprovar que a Esclerose Múltipla, por ser uma doença degenerativa com forte impacto em todas as esferas da saúde e vida do doente, representa uma realidade com elevados custos monetários e não-monetários”, afirma Henrique Lopes, coordenador do Think Tank e Professor da Unidade de Saúde Pública da Universidade Católica Portuguesa

Para responder a este cenário, uma das soluções indicadas no Consenso prende-se com a criação de um Registo Nacional de Esclerose Múltipla, uma ferramenta, segundo os especialistas, capaz de garantir o uso eficiente dos recursos, ao mesmo tempo que permite avaliar com maior precisão os custos associados à gestão da doença e contribui para a melhoria da segurança dos doentes em todo o território nacional.

“Estamos a falar de um sistema agregador de informação-chave dos pacientes que poderá facilitar, de forma significativa, o trabalho dos profissionais de saúde ao nível do acompanhamento e tratamento da doença, mas também no que à gestão do sistema de saúde e investigação científica diz respeito. A implementação deste Registo traria um imperativo contributo para a resposta aos atuais atrasos no diagnóstico e acesso demorado à terapêutica, dois fatores causadores de maiores custos quer para a qualidade de vida do doente, quer para o próprio sistema de saúde e sociedade em geral”, explica o especialista

Este Consenso sugere também a criação de Centros de Referência em Esclerose Múltipla, com o objetivo de alargar a rede nacional de prestação de cuidados de saúde na Esclerose Múltipla, de forma a que se possa cobrir todo o território nacional, garantindo a equidade de assistência.

“Dada a complexidade da doença e experiência internacional, é imprescindível a existência de locais capacitados para a gestão do conhecimento, para lidar com todos os recursos tecnológicos integrantes dos protocolos clínicos, bem como para mitigar o risco inerente ao uso de novas tecnologias empregues no tratamento da doença”, acrescenta Henrique Lopes.

Para além destes, o documento destaca ainda a possibilidade do uso de linhas terapêuticas mais eficazes na fase inicial da doença de acordo com a recomendação clínica – garantindo a contenção da progressão da doença – assim como o reforço do apoio social aos doentes e respetivos cuidadores, área na qual, de acordo com os peritos, as associações de doentes têm um papel crucial, uma vez que acumulam uma maior experiência neste campo.

Sobre o Consenso Nacional para a Esclerose Múltipla:

Resulta de um Think Tank que reuniu mais de duas dezenas de peritos e entidades relevantes na gestão da Esclerose Múltipla, tais como especialistas clínicos, sociedades científicas, ordens profissionais, associações de doentes, e representantes das autoridades reguladoras (INFARMED), da Apifarma e de partidos políticos. A criação deste grupo de trabalho teve como missão promover a reflexão do estado da gestão da Esclerose Múltipla no país, com base nos mais recentes desenvolvimentos científicos e tecnológicos nesta área, permitindo identificar um conjunto de respostas direcionadas para a melhoria de eficiência e eficácia do sistema de assistência clínica e social a doentes e cuidadores desta patologia.

Fonte: 
Lift Consulting
Nota: 
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