Descoberta abre caminho para para desenvolvimento de tratamento imunoterapêutico

Cientistas descobrem que células do Sarcoma de Ewing conseguem desenvolver resposta antioxidante que as protege

Investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica e do Cancro descobriram que as células do Sarcoma de Ewing - e provavelmente outros tipos de células cancerígenas - são capazes de desenvolver um escudo que as protege do ambiente severo da corrente sanguínea e de outros locais à medida que procuram um novo local para se instalarem, ou metastizarem. O estudo acaba de ser publicado na Cancer Discovery.

"Pode pensar-se que uma célula tumoral pode facilmente sobreviver na corrente sanguínea, mas na verdade é um ambiente muito duro", disse o autor sénior do estudo, Poul Sorensen, um ilustre cientista do BC Cancer e professor na Universidade da Colúmbia Britânica.

"O que descobrimos foi que as células do Sarcoma de Ewing são capazes de desenvolver uma resposta antioxidante que as protege e permite que sobrevivam à medida que circulam", disse o investigador. "Isto é semelhante a uma pessoa no Ártico ter que vestir um casaco grosso antes de sair. Se não se protegerem, estão expostos a condições perigosamente severas, nas quais podem não sobreviver."

"O que é emocionante neste estudo é que se conseguirmos direcionar as células em circulação, então talvez possamos impedir que a metástase ocorra. Portanto, esse é o grande objetivo desta pesquisa", explicou Sorensen.

Poucas células são capazes de se tornar metastáticas. Embora tenha havido pesquisa sobre as razões genéticas pelas quais tumor sofre mutações e se espalha, o que estes investigadores descobriram é que as células do Sarcoma de Ewing giram sobre a expressão de um gene natural na superfície da célula, conhecido como IL1RAP, para criar um escudo protetor.

"Este estudo é o primeiro a mostrar que a proteína da superfície, IL1RAP, raramente é expressa em tecido normal, mas é regulada em sarcomas infantis", disse Haifeng Zhang, primeiro autor do estudo. "Isto é uma coisa muito boa porque significa que podemos desenvolver tratamentos para direcionar o IL1RAP sem produzir efeitos secundários tóxicos em células não cancerígenas."

Os colegas de Sorensen e Zhang, que são membros da Equipa de Sonho Pediátrico da Fundação St. Baldrick, bem como da Rede Nacional de Imunoterapia Pediátrica do Instituto Nacional de Cancro (PI-DDN), têm vindo a desenvolver anticorpos que podem visar o IL1RAP.

"Estes poderosos anticorpos podem ligar-se ao exterior da célula e mostramos na nossa pesquisa que estes reagentes podem realmente matar as células de sarcoma de Ewing. Portanto, não só descobrimos um caminho interessante, como estamos no bom caminho para desenvolver um tratamento imunoterapêutico de nível clínico para o sarcoma de Ewing", disse Sorensen.

"Estamos otimistas de que podemos trabalhar para os ensaios clínicos no próximo ano ou dois", acrescentou Zhang.

Atualmente, está em curso uma investigação para avaliar se o mesmo comportamento de proteção pode ser encontrado em outros tipos de células cancerígenas, incluindo leucemia mieloide aguda, melanoma, adenocarcinoma pancreático, tumores do sistema nervoso central, e em alguns tipos de cancros do pulmão e mama.

 

Fonte: 
FirstWord Pharma
Nota: 
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