Automedicação com antibióticos é 4 vezes superior à média europeia e a dor de dentes é um dos motivos

O ECDC calcula que a resistência antibiótica esteja já a causar a morte a aproximadamente 25 mil pessoas por ano na Europa. Este comportamento assenta numa perigosa falácia: a de que o antibiótico pode "curar" uma infeção dentária. Na realidade, um antibiótico não trata a causa de um problema oral, como uma cárie ou um dente fraturado. Na melhor das hipóteses, mascara temporariamente os sintomas, permitindo que a infeção progrida de forma silenciosa e cause danos mais severos no futuro.
“Estes dados são um sério alerta. Estamos a criar uma ‘tempestade perfeita’ em Portugal, onde o medo do dentista e as barreiras no acesso se juntam a uma cultura de automedicação”, afirma Dr. Nuno Cintra, Diretor Clínico do grupo OralMED Medicina Dentária. “As pessoas precisam de compreender que um antibiótico não é um analgésico e não trata uma cárie. Adiar a visita ao dentista e tomar um antibiótico sem o devido diagnóstico não só alimenta a crise global de resistência antimicrobiana, como é uma falsa solução para um problema que, inevitavelmente, se irá agravar.”
Os especialistas alertam que, mesmo quando prescritos por um profissional, os antibióticos são eficazes apenas contra as infeções bacterianas. O uso desnecessário destes medicamentos contribui para que as bactérias se tornem mais fortes, tornando os antibióticos ineficazes quando são verdadeiramente precisos. Além disso, a interrupção do tratamento antibiótico, que ocorre frequentemente por aparente melhoria dos sintomas, ou a automedicação, com base em episódios anteriores agrava ainda mais o problema.
Ao primeiro sinal de sintomatologia dolorosa ou desconforto dentário, a solução passa por procurar um médico dentista. Apenas um diagnóstico clínico pode identificar a causa do problema e definir o tratamento e a terapêutica adequados, garantindo a saúde do paciente e contribuindo para a segurança de toda a comunidade.
