Estudo mostra com o coronavírus afeta a memória

Astrócitos têm um papel essencial em muitas funções no cérebro inclusive na memória, revela neurocientista

As células gliais são muito importantes para o sistema nervoso, sendo responsáveis por várias funções do dia-a-dia. De acordo com o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, é necessário compreender a relevância destas células: "Quando se fala do sistema nervoso, é muito comum as pessoas lembrarem-se apenas dos neurónios, que estão diretamente relacionados com impulsos nervosos. No entanto, as chamadas 'células gliais' ou 'neuróglia', desempenham funções primordiais para a manutenção do nosso corpo".

Os astrócitos fazem parte destas células especiais. "Têm uma forma estrelada, característica alcançada graças às suas extensões. Têm também uma maior diversidade de funções como o apoio, o controlo da composição iónica e molecular do ambiente onde estão localizados os neurónios, a transferência de substâncias para os neurónios, a resposta a sinais químicos, entre outras atividades", detalha o neurocientista.

A pandemia Covid-19 mudou a dinâmica do mundo. A doença é nova e os sintomas e consequências dela são sempre atualizados. A dificuldade de memorização é uma das sequelas mais relatadas pelos pacientes do novo vírus. Fabiano de Abreu argumenta que os astrócitos são profundamente afetados pelas proteínas da doença. "No meu estudo, consegui apurar como o coronavírus afeta os astrócitos. O reflexo disto é um dano à memória da pessoa após a contaminação pela doença", diz.

Relação dos astrócitos com a memória

Utilizando técnicas avançadas de imagem e análise, os investigadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST) registaram com detalhe e a uma velocidade nunca antes vista os sinais dentro de astrócitos no cérebro de ratos acordados. Sinais ultrarrápidos semelhantes aos observados nos neurónios e padrões de atividade de sinalização que correspondem a diferentes comportamentos. O que sugere o papel crucial dos astrócitos em muitas funções do nosso cérebro, incluindo como pensamos, movemos e aprendemos.

"Este estudo revelou que os astrócitos geram sinais in vivo tão rápidos como os neurónios, com uma duração inferior a 300 milissegundos. Foi usado um vetor viral adeno-associado que continha um gene que leva as células infetadas a fluorescer na presença aumentada de cálcio, um indicador da atividade do sinal. As áreas eram percebidas em astrócitos, hotspots, com níveis de atividade mais elevados. Estes hotspots sugerem a representação dos engramas de memória, que é um padrão para memorização."

 

Fonte: 
MF Press Global
Nota: 
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