Estudo

Associação Europeia da Tiroide distingue projeto do i3S que incide sobre cancro da tiroide

O Projeto do i3S distinguido pela Associação Europeia da Tiroide, vai estudar a influência de uma proteína na gravidade do cancro da tiroide. Os resultados podem levar desenvolvimento de novos tratamentos.

Segundo avança a Universidade do Porto, a equipa portuguesa, constituída por investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), foi premiada pela Associação Europeia de Tiroide (ETA) com uma «Project Research Grant» na categoria de investigação básica, no valor de 20 mil euros. Este projeto centra-se no estudo de uma proteína chamada telomerase, na sua influência na gravidade do cancro da tiroide, na resistência às terapias existentes e como esta proteína pode ajudar a encontrar novos tratamentos.

Marcelo Correia e Catarina Tavares, os investigadores que integram o projeto, explicam que já foi possível identificar "a presença de mutações no gene da telomerase em diversos tumores humanos. Verificámos também que essas alterações estão associadas a uma maior agressividade dos tumores, pior prognóstico e resistência à terapêutica”. Além disso, adiantam: “sabe-se que a reativação da telomerase ocorre em quase 90% dos cancros e que promove a imortalização das células tumorais”.

De acordo com a investigadora principal deste estudo, Catarina Tavares, “dados preliminares apontam para a importância da telomerase em cancro da tiroide através de funções menos estudadas até agora, nomeadamente através da mitocôndria. Sabe-se que, em resposta ao stress oxidativo, a proteína telomerase migra para este organelo celular e é capaz de impedir a morte e aumentar a resistência das células de cancro à terapêutica”.

O investigador Marcelo Correia acrescenta, por outro lado, que “os tratamentos com iodo radioativo levam a um aumento do stress oxidativo e, por isso, pensámos que a telomerase pode estar envolvida na resistência a este tratamento”.

Uma esperança para o tratamento de outros cancros

Uma vez que os inibidores da telomerase propostos até ao momento não mostraram resultados convincentes, os investigadores vão, nos próximos dois anos, identificar as funções desta proteína na mitocôndria. Catarina Tavares sublinha que “a inibição das funções da telomerase na mitocôndria surge como uma nova oportunidade de tratar alguns cancros humanos”.

A equipa pretende ainda “esclarecer se a localização da telomerase na mitocôndria interfere com a resposta à terapia com iodo radioativo, utilizada contra o cancro da tiroide. Isso permitirá identificar novos alvos e estratégias terapêuticas”, esclarece Marcelo Correia.

Paula Soares, coordenadora do grupo, refere que o reconhecimento da Associação Europeia de Tiroide tem “muito significado, pois é atribuído por uma associação que é a referência europeia em estudos da tiroide e é um reconhecimento do trabalho do grupo”.

Fonte: 
Universidade do Porto
Nota: 
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