Investigação

Aquecimento global pode vir a matar tanto quanto as doenças infeciosas, diz estudo

De acordo com um estudo publicado pelo National Bureau of Economic Research, o aumento da temperatura pode vir a provocar mais mortes do que as doenças infecciosas. Segundo esta análise, a taxa de mortalidade por cada 100 mil habitantes na sequência das alterações climáticas e do aquecimento global poderá subir para 73 mortes até ao final do século.

Diz o The Guardian, que este estudo indica que esta é a taxa estimada para um cenário em que pouco ou nada é feito para combater os problemas climáticos que o planeta enfrenta. As 73 mortes por cada 100 mil pessoas quase igualam, mas não superam, o número de vítimas mortais provocadas pela totalidade das doenças infeciosas, incluindo HIV/Sida, malária, dengue e febre amarela.

O problema será particularmente grave nas regiões mais pobres e quentes do Mundo, que terão mais dificuldades em adaptar-se ao calor que está a caminho. Ainda assim, as perdas económicas decorrentes da crise climática vão ser sentidas em todos os continentes, incluindo os países mais ricos.

Amir Jina, economista ambiental da Universidade de Chicago e coautor do estudo, explica que as pessoas mais velhas morrem devido a efeitos indiretos do calor. É que, tal como acontece com a COVID-19, são os mais vulneráveis e com condições pré-existentes, pelo que terão mais probabilidade de ser afetados.

O mesmo especialista adianta ainda como os trópicos serão particularmente afetados. Países como o Gana, Bangladesh, Paquistão e Sudão deverão ter mais 200 mortes por cada 100 mil pessoas, ao passo que geografias mais frias, como a Noruega ou Canadá, registarão descidas nos óbitos.

Entre os países mais ricos, aqueles já habituados a lidar com o calor, terão uma espécie de avanço: «Um dia muito quente em Seattle provoca mais danos do que um dia muito quente em Houston porque ar condicionado e outras medidas do género estão menos espalhadas por lá», acrescenta Bob Kopp, também coautor e cientista especializado no clima da Rutgers University.

No pior cenário possível, dizem os especialistas, podemos vir a assistir a uma migração em massa, em direção de países com temperaturas mais baixas, na tentativa de escapar das regiões mais quentes. “Tal como quando a COVID sobrecarrega um sistema de saúde, é difícil dizer o que acontecerá quando as alterações climáticas colocarem os sistemas sob pressão. Temos de compreender os riscos e investir para mitigar esse risco, antes de começarmos mesmo a notar os impactos”, conclui Amir Jina.

 

Fonte: 
Executive Digest
Nota: 
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Foto: 
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