APJF desafia partidos a irem mais longe na integração dos farmacêuticos no ecossistema de saúde
O encontro levou a APJF, que representa os farmacêuticos com menos de 35 anos, a refletir sobre o envolvimento dos jovens nas políticas de saúde. Tendo em conta que quase metade da classe profissional é composta por profissionais com menos de 35 anos, a associação desafiou os partidos a reestruturarem a sua dinâmica interna, garantindo que os profissionais de saúde e os jovens se possam rever na vida pública e contribuir para a política do país.
Do lado dos partidos, os representantes focaram-se no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e no papel do farmacêutico. À direita, a Aliança Democrática defendeu a referenciação das pessoas para a farmácia comunitária a partir dos centros de saúde, o Chega afirmou que as farmácias e os farmacêuticos devem reforçar a sua intervenção em situações clínicas ligeiras e a Iniciativa Liberal debateu sobre a monitorização das pessoas com doenças crónicas nas farmácias, o alargamento dos serviços farmacêuticos e sua remuneração adequada.
À esquerda, o PS defendeu a figura do farmacêutico como produtor de informação em saúde e a necessidade de reforçar o acompanhamento dos doentes crónicos e a prestação de serviços a estes utentes, como é exemplo o serviço de renovação da prescrição médica. O Bloco de Esquerda considerou que é necessário aumentar a capacidade de resposta e a comparticipação dos medicamentos, já a CDU reafirmou a sua luta pela contratação de mais profissionais e valorização das carreiras do SNS. O Livre focou-se no reforço da investigação clínica dentro do SNS.
No encerramento da iniciativa, o Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, destacou a sustentabilidade do sistema de saúde como o grande desafio da política do medicamento e de saúde. "Os gastos com medicamentos representam mais de um quarto dos gastos totais dos hospitais", afirmou, sublinhando a importância de um maior envolvimento e intervenção do farmacêutico na tomada de decisão e na prestação de cuidados.
Em linha com o Presidente da APJF, Helder Mota Filipe manifestou a total disponibilidade da profissão farmacêutica em participar ativamente na discussão e construção de novas soluções, “sempre fundamentadas na melhor evidência disponível”, que beneficiem os cidadãos e o sistema de saúde.
Com a presença de mais de 100 espectadores e de sete partidos com assento parlamentar, a associação fez ainda um balanço da aplicação do Livro Branco "A Visão dos Jovens Farmacêuticos Portugueses para a Década", que resultou da reflexão e discussão que envolveu mais de 100 jovens farmacêuticos.
“Os jovens farmacêuticos estão conscientes de que o caminho é desafiador, mas não pretendemos ficar de fora da discussão: pretendemos ser ativos, colaborar e possibilitar sinergias na formação destas políticas. Foi com estes ideais que construímos este Livro Branco, cujas ações são um farol orientador para um futuro mais saudável e sustentável para a sociedade”, afirmou o presidente da APJF.
A iniciativa contou ainda com a participação da Federação Internacional Farmacêutica e de representantes de Associações de Pessoas que Vivem com Doença.