Natal, crianças e doces

Alimentação saudável não passa por proibir

Especialistas defendem que viver tradições alimentares de forma consciente é essencial para moldar hábitos alimentares conscientes.

O Natal é sinónimo de mesas recheadas, doces tradicionais e momentos de partilha em família. Mas é cada vez mais um momento que levanta dúvidas e preocupações para muitos pais, sobretudo em relação ao consumo de açúcar pelas crianças. No entanto, especialistas da Licenciatura em Nutrição da Atlântica – Instituto Universitário alertam que encarar esta época como um período de excessos a controlar pode ter um impacto negativo na forma como os mais novos constroem a sua relação com a alimentação.

“Os alimentos típicos do Natal têm um valor simbólico e cultural que vai muito além do seu conteúdo nutricional. São a representação de memórias, afetos e rituais transmitidos entre gerações, que contribuem para a construção da identidade e do sentimento de pertença das crianças”, avança Susana Ganhão-Arranhado, coordenadora da Licenciatura em Nutrição da Atlântica. Para a especialista, “reduzir estes alimentos a uma lógica exclusivamente “fit” ou classificá-los como proibidos pode desvirtuar o seu significado e criar uma relação mais rígida e culpabilizante com a comida”.

“A infância é um período decisivo na formação da relação com a alimentação. Quando as tradições são vividas com equilíbrio, sem culpa ou proibições rígidas, as crianças aprendem que comer é também cultura, afeto e partilha, e não apenas uma questão de controlo ou restrição”, explica ainda a coordenadora, sublinhando que “experienciar o Natal de forma consciente e positiva contribui para o desenvolvimento de uma relação mais tranquila, flexível e saudável com os alimentos ao longo da vida”.

Para os especialistas, é importante sensibilizar que a promoção da saúde começa nos determinantes sociais e culturais, sendo cada vez mais reconhecida a importância de integrar estas dimensões desde cedo, quer no contexto familiar, quer na formação académica de futuros profissionais da área da saúde. Uma comunicação mais equilibrada pode ajudar a desconstruir a ideia de que o Natal é, inevitavelmente, um período “problemático” do ponto de vista alimentar, reforçando antes o seu papel positivo no bem-estar emocional das famílias.

Num momento em que o discurso público tende a intensificar o controlo alimentar, esta abordagem convida pais e cuidadores a recentrar o foco no exemplo, na rotina e na qualidade da experiência à mesa, promovendo uma relação mais saudável e consciente não só no Natal, mas durante todo o ano.

Fonte: 
Central de Informação
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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