Campanha em defesa da segurança alimentar

“A segurança, a qualidade e a quantidade da alimentação devem andar a par”, declarou Margaret Chan, directora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), numa visita ao mercado de Rungis, na periferia parisiense, onde assinalou o Dia Mundial da Saúde 2015, dedicado à segurança sanitária dos alimentos.
A campanha promovida pela OMS visa sensibilizar os consumidores para os perigos da sua alimentação, com recomendações sobre o equilíbrio nutricional e sobre a forma de preparar pratos de forma higiénica.
Segundo a agência especializada das Nações Unidas, cerca de dois milhões de pessoas morrem anualmente no mundo devido a doenças relacionadas com a comida ou a água.
A alimentação pode ser contaminada por vírus, bactérias, parasitas, produtos químicos ou poluição da água, que podem estar na origem de cerca de 200 doenças, desde a diarreia ao cancro.
Vinte e duas patologias ligadas à alimentação fizeram 580 milhões de doentes em 2010, dos quais 350 mil acabaram por morrer, de acordo com dados preliminares fornecidos pela OMS.
Mais de 40% das pessoas afectadas eram crianças com menos de cinco anos, sobretudo habitantes em países pobres.
Mas também podem surgir crises sanitárias relacionadas com a alimentação em países desenvolvidos: em 2011, uma contaminação pela bactéria Escherichia coli (E.coli) em sementes germinadas na Alemanha fez mais de 40 mortos na Europa e custou 1,2 mil milhões de euros aos agricultores e à indústria agroalimentar dos países europeus.
Apesar das crises, mais de uma centena de países em todo o mundo não dispõe ainda de uma legislação que estabeleça padrões em matéria de segurança alimentar, segundo o director-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, também presente em Rungis.
Margaret Chan indicou, por seu lado, que a carência de alimentos pode incitar algumas populações a deslocar-se à selva para caçar animais potencialmente contaminados por bactérias ou vírus como o Ébola.
Este vírus que provoca febre hemorrágica originou uma epidemia que já custou a vida a mais de 10.000 pessoas desde que surgiu, no ano passado, na África Ocidental.
Para a responsável da OMS, “comer maus alimentos, ou alimentos contendo demasiadas calorias ou gordura” pode também provocar “doenças cardiovasculares, diabetes e, claro, obesidade”.