10 de Outubro - Dia Mundial da Saúde Mental

Especialista alerta: Falta de meios compromete tratamento da esquizofrenia

Especialista alerta que a falta de meios e de pessoal no Serviço Nacional de Saúde, a não implementação da Rede de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental e a dificuldade no acesso a informação compromete o tratamento da esquizofrenia.

A falta de meios e de pessoal no Serviço Nacional de Saúde, a não implementação da Rede de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental e a dificuldade no acesso a informação compromete o tratamento da esquizofrenia, alerta Filipa Palha, presidente da ENCONTRAR+SE. O Dia Mundial da Saúde Mental celebra-se no próximo dia 10 de Outubro, este ano com o tema “Viver com a Esquizofrenia”.

Apesar dos hospitais gerais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) contarem com departamentos de Psiquiatria, o acompanhamento a longo prazo é deficitário. Segundo Filipa Palha, presidente da ENCONTRAR+SE – Associação para a Promoção da Saúde Mental, “faltam meios que permitam dar a resposta necessária, os tempos de espera entre consultas são demasiado longos e o número de pessoal não médico – como psicólogos e terapeutas ocupacionais – é reduzido.”

Além disso, e apesar de já aprovada, falta implementar a Rede de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental. Uma situação que “compromete a possibilidade das pessoas ultrapassarem as suas dificuldades e poderem terminar os estudos, trabalhar, e ter uma vida autónoma”.

A esquizofrenia afecta cerca de 100 mil pessoas em Portugal e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo são 24 milhões os que têm esta doença mental. A faixa etária entre os 15 e os 35 anos apresenta a maior prevalência, 50% não recebe tratamento adequado e 90% dos que estão sem tratamento encontram-se em países desenvolvidos.

“A falta de informação dificulta o acesso aos serviços e, no caso de episódios agudos da doença com necessidade de internamento, por vezes compulsivo, o processo é muito burocratizado”, refere Filipa Palha. Por outro lado, “não existem espaços específicos para atendimento de familiares e cuidadores que os ajudem a ultrapassar o processo e a compreender a situação da pessoa com esquizofrenia”.

A falta de recursos que impede respostas adequadas a um processo de recuperação necessariamente individualizado, a carência de soluções comunitárias – como estruturas de trabalho protegido e oferta residencial, entre outras -, e o combate ao estigma e promoção da literacia em saúde mental são outros dos desafios em Portugal. “É necessário ter respostas em locais onde a falta de saúde mental compromete os objectivos individuais e colectivos como é o caso das escolas e dos locais de trabalho”, explica a especialista.

No contexto da actual crise económica e social, “as questões da saúde mental assumem uma importância central, dado o aumento da prevalência das perturbações mentais e o risco associado de suicídio, independentemente da idade e do nível socioeconómico. No entanto, são os grupos socioeconómicos mais vulneráveis os que apresentam um risco mais expressivo”.

Com o tema “Viver com a Esquizofrenia” pretende-se discutir o impacto desta doença não só na própria pessoa, como ao nível dos cuidadores, família, trabalho e sociedade. Para debater a problemática, a ENCONTRAR+SE, em parceria com o Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano da Universidade Católica Portuguesa, organiza, nos dias 24 e 25 de Outubro, no Porto, diversas iniciativas com a participação de alguns dos principais especialistas nacionais e internacionais. Destaque para a presença de Kjell Magne Bondevik, ex-primeiro-ministro da Noruega que, ainda em funções, assumiu publicamente sofrer de uma doença mental.

 

Fonte: 
Speedcom
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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Encontrarse.pt