Síndrome da classe económica

O sangue circula mais lentamente nos membros inferiores e pode levar ao desenvolvimento de trombos nas veias, ocorrendo com maior frequência após 4-6 horas de viagem. Este processo é ainda mais frequente nos casos em que se lhe associa a desidratação, que poderá agravar-se com consumo de álcool, chá ou café (pelo seu efeito diurético) e pelo uso de comprimidos para dormir (por aumentaram a imobilidade do passageiro).
O trombo venoso pode, eventualmente, progredir para veias de maior calibre e até migrar da perna para o pulmão, causando uma embolia pulmonar aguda, ou seja, o trombo formado nos membros inferiores migra até à circulação dos pulmões, obstruindo as artérias pulmonares ou ramos destas (que poderá em situações extremas ser fatal).
Outra preocupação é o AVC, pois sabe-se que cerca de 6% dos indivíduos, que sofrem uma embolia pulmonar, também sofrerão um AVC pois, o trombo pode migrar das cavidades cardíacas direitas para as esquerdas através de um foramen oval persistente (orifício entre as aurículas ou ventrículos) e assim alcançar a circulação cerebral. Normalmente, o forâmen oval fica encerrado ao nascimento, no entanto, em cerca de 20% das pessoas isto não acontece.
Viajar aumenta o risco de formação de trombos nas veias dos membros inferiores em 3 vezes, e cada 2 horas de tempo de viagem prolongado aumenta o risco em 18%. Estas condições são duas vezes mais prevalentes em mulheres do que em homens e são mais comuns em indivíduos com mais de 50 anos. O tempo médio de voo para que essas doenças ocorram é de 10 horas.
Quais sintomas que podem indicar trombose venosa?
Alguns sinais de insuficiência venosa podem tornar-se mais evidentes durante a viagem como;
Edema, sensação de formigueiro, peso e dor. Quando se forma um trombo/ trombose, os sinais e sintomas são mais exacerbados e pode mesmo coexistir alguma dificuldade em andar. É importante notar que esses sintomas são mais intensos no destino algumas horas após a viagem.
Fatores de risco:
- Idade avançada;
- Obesidade;
- Indivíduos submetidos recentemente a uma grande cirurgia (últimas duas semanas);
- História pessoal ou familiar de trombose venosa e de trombofilias (doenças que aumentam a suscetibilidade à formação de trombos);
- Varizes dos membros inferiores;
- Tumor nos últimos 2 anos;
- Uso de contracetivos orais e gravidez;
- Condições que prejudicam o movimento.
Como prevenir?
Pode reduzir consideravelmente as hipóteses de trombose venosa tendo em conta as seguintes medidas:
Faça caminhadas ocasionais. Force-se a caminhar tanto no corredor do avião quanto no aeroporto se fizer escalas. Conseguirá que o seu sangue flua melhor, isto é, melhora o retorno venoso, e evitará que se acumule nos seus membros inferiores.
Quando estiver sentado, não dobre ou cruze as pernas por muito tempo de cada vez. É melhor relaxá-los e fazer alguns exercícios de contração e flexão dos pés e das pernas com regularidade.
Não coloque bagagem debaixo do banco da frente. Se o fizer, perderá espaço onde poderia descansar as pernas e fazer alguns exercícios de flexão dos pés.
Mantenha-se hidratado. Beba água constantemente, antes e durante a viagem. Evite alimentos ou bebidas que possam desidratá-lo, como café, chá ou álcool.
Use roupas e sapatos confortáveis e evite comprimidos para dormir (aumentam a imobilização).
Use meias de compressão (“meias de descanso”). Se tiver varizes, é importante usar meias de compressão graduada (meias elásticas). As meias ajudam a reduzir o risco de formação de trombos, reduzindo a estase do sangue nas pernas, isto é, aumenta o retorno venoso ao coração.
Para indivíduos com elevado risco de trombose, pode ser considerado a prescrição de medicamentos anticoagulantes para prevenção antes da sua viagem.
Tem perguntas mais específicas? Não hesite em contactar o seu médico para viajar sem preocupações!
