A ferritina, marcador essencial para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro

A ferritina é uma proteína essencial responsável por armazenar o ferro no interior das células e libertá-lo quando o organismo necessita1. A sua função permite manter um equilíbrio adequado deste mineral, indispensável para a produção de glóbulos vermelhos e o transporte de oxigénio no sangue. Quando os níveis de ferritina diminuem, isso significa que as reservas de ferro do organismo estão a esgotar-se, o que pode conduzir a uma anemia por deficiência de ferro. Por isso, medir a ferritina é fundamental para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro no organismo e para prevenir complicações associadas2.
O AWGP, a propósito da comemoração do Dia Nacional da Anemia no dia 26 de Novembro, promove iniciativas de divulgação e de formação sobre anemia e ferropénia, quer sejam as suas reuniões bienais (a próxima será o Anemia 2026), quer sejam outras ações como a publicação de artigos e divulgação nas redes sociais e órgãos de comunicação social. De facto, no Estudo Empire, publicado em 20163 e representativo da população portuguesa, o AWGP identificou uma prevalência de anemia na população adulta portuguesa de 19,9% e de ferropénia (deficiência de ferro) na ordem dos 31,9%, sendo as mulheres as mais afetadas e particularmente as grávidas com valores de anemia na ordem dos 38 a 54% e de ferropénia na ordem dos 63 a 95%.
“O alerta para a determinação da ferritina é, pois, fundamental para a podermos corrigir os seus sintomas, para evitarmos as situações de anemia e para cumprir a estratégia clínica denominada Patient Blood Management (PBM) que permite reduzir significativamente a necessidade de transfusões sanguíneas, de tempos de internamento hospitalar (incluindo nas Unidades de Cuidados Intensivos), de infeções associadas aos cuidados de saúde, de mortalidade, etc. E tudo isto pode começar na determinação da ferritina”, explica o Dr. João Mairos, presidente do AWGP.
A campanha “A Minha Vizinha Ferritina” incentiva a população a prestar mais atenção à sua saúde, personificando a ferritina — a proteína que armazena o ferro no organismo — numa vizinha atenta que repara quando algo muda e avisa antes que seja tarde. Com esta abordagem humana e quotidiana, a iniciativa procura sensibilizar para o papel da ferritina como um sinal de alerta precoce perante um desequilíbrio de ferro, inspirando as pessoas a agir de forma preventiva através de exames regulares e de uma deteção precoce, para proteger a sua saúde e a sua qualidade de vida a longo prazo.
“A CSL está profundamente empenhada em melhorar a vida das pessoas afetadas pela deficiência de ferro, tanto através da educação como do desenvolvimento de soluções que contribuam para melhorar a sua qualidade de vida”, afirmou António Charrua, diretor-geral da CSL Vifor Ibéria. “Por isso, é fundamental apoiar campanhas como A Minha Vizinha Ferritina, que promovem a consciencialização e capacitam as pessoas para tomarem medidas proativas em prol da sua saúde.”.
Sobre a deficiência de ferro e a ferritina
O ferro desempenha um papel fundamental em diversos processos do organismo, nomeadamente na produção de glóbulos vermelhos, no correto funcionamento do coração e do cérebro, e na prevenção de infeções e doenças. Sem uma quantidade suficiente de ferro, o corpo não consegue funcionar adequadamente. Entre os sintomas mais comuns incluem-se o cansaço, a tontura e a falta de ar. Estima-se que a deficiência de ferro e a anemia por deficiência de ferro afetem uma em cada três pessoas em todo o mundo4, e, apesar das suas graves consequências e elevada prevalência5, continua a ser uma condição pouco reconhecida.
Os efeitos da deficiência de ferro variam de pessoa para pessoa, mas podem estar associados a um deterioramento geral da saúde e do bem-estar6. Mesmo sem anemia, a deficiência de ferro pode ser debilitante, agravar doenças crónicas pré-existentes e provocar um aumento da morbilidade e da mortalidade6. Entre os sintomas mais frequentes encontram-se a fadiga6,7 a palidez cutânea7, as unhas frágeis7,8, o desejo de consumir substâncias não alimentares, como terra, argila ou gelo9, e a dificuldade de concentração6,10. Nas crianças, a deficiência de ferro pode afetar de forma significativa o desenvolvimento cognitivo e motor11.
Em condições normais, os valores de ferritina no sangue situam-se entre 24 e 336 microgramas por litro nos homens e entre 11 e 307 microgramas por litro nas mulheres12. Manter estes níveis dentro do intervalo adequado é essencial para garantir um metabolismo saudável e evitar distúrbios relacionados com o ferro.
Realizar uma análise de ferritina no sangue é uma ferramenta essencial para avaliar o estado do ferro e detetar atempadamente qualquer desequilíbrio. Consultar o médico perante sintomas de fraqueza persistente, tonturas, dificuldade em respirar ou alterações no ritmo cardíaco pode ser decisivo para prevenir complicações e manter uma boa saúde geral13.
Se não for tratada, a deficiência de ferro pode evoluir até se tornar uma anemia por deficiência de ferro. Diversas organizações, entre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS), a UNICEF e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), apelaram à criação de um quadro abrangente de monitorização da anemia. Pode encontrar mais informações sobre a carga mundial da anemia no relatório publicado na revista The Lancet em julho de 2023: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37536353/
1Kotla, N. K., Dutta, P., Parimi, S., & Das, N. K. (2022). The Role of Ferritin in Health and Disease: Recent Advances and Understandings. Metabolites.
2MedlinePlus. (2025). Ferritin blood test.
3Fonseca C, Marques F, Robalo Nunes A, Belo A, Brilhante D, Cortez J. Prevalence of anaemia and iron deficiency in Portugal: The EMPIRE Study. Intern Med J. 2016;46:470-8.2.
4Peyrin-Biroulet L, et al. Guidelines on the diagnosis and treatment of iron deficiency across indications: a systematic review. Am J Clin Nutr. 2015;102(6):1585-94
5World Health Organization. Worldwide prevalence of anaemia 1993-2005. 2008. Available at URL: https://www.who.int/publications/i/item/9789241596657. Last accessed: October 2025.
6Fernando B, et al. A guide to diagnosis of iron deficiency and iron deficiency anemia in digestive diseases. World J Gastroenterol. 2009 Oct 7; 15(37): 4638-4643
7Auerbach M, Adamson JW. How we diagnose and treat iron deficiency anemia. Am J Hematol. 2016;91(1):31-38.
8Cashman MW, Sloan SB. Nutrition and nail disease. Clin Dermatol. 2010;28(4):420-5.
9Barton JC, et al. Pica associated with iron deficiency or depletion: clinical and laboratory correlates in 262 non-pregnant adult outpatients. BMC Blood Disord. 2010;10:9. doi:10.1186/1471-2326-10-9.
10Patterson A et al. Iron deficiency, general health and fatigue: Results from the Australian Longitudinal Study on Women's Health. Qual Life Res. 2000;9:491-497.
11World Health Organization. Nutritional anaemias: tools for effective prevention and control. 2017. Available at URL: http://www.who.int/nutrition/publications/micronutrients/anaemias-tools-.... Last accessed: October 2025.
12Mayo Clinic. (2023). Ferritin test.
