Doentes renais de Lamego têm de fazer longas deslocações para fazer hemodiálise
“A clínica está pronta e pode começar a funcionar assim que o pedido de convenção, submetido à Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), nos for concedido. Acreditamos que a DaVita Lamego vai trazer muitos benefícios para os doentes, que têm de fazer deslocações semanais para realizar o tratamento; assim como para a Tutela, no que a custos de deslocação diz respeito”, afirma Paulo Dinis, Diretor-Geral da DaVita Portugal.
Francisco Lopes, presidente da Câmara Municipal de Lamego, lamenta a situação. “Espero que a convenção seja aprovada com a maior brevidade possível. Temos feito sentir essa necessidade junto da ARS e estamos convictos de que, brevemente, haverá uma decisão favorável sobre a matéria. Penso que é claro para todos de que a existência de oferta qualificada e alternativa de serviços de hemodiálise contribuirá para elevar o nível de serviço e a qualidade de vida dos doentes”, afirma.
E continua: “A existência de uma clínica de hemodiálise em Lamego será uma enorme mais-valia para a qualidade de vida dos doentes do concelho de Lamego e de toda a região do Douro Sul e norte do distrito de Viseu. Além disso, é uma mais-valia do ponto de vista económico para o Ministério da Saúde, pois reduzirá o custo dos transportes suportados com os doentes da região.”
Para Francisco Lopes esta nova oferta será também uma mais-valia em termos turísticos, pois vai permitir que doentes hemodialisados de qualquer parte do país ou do estrangeiro possam escolher Lamego e a região do Douro para fazer as suas férias.
Também o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, António Pinto Carreira, mostra a sua ansiedade: “A clínica está pronta a funcionar dependendo da convenção com a ARS, há cerca de quatro meses. Nada justifica esta situação de limbo, porque a saúde dos nossos concidadãos não se compadece com estas indecisões da administração central. Entendemos que é tempo de se olhar de forma justa para o interior do país e não ficarmos, apenas, por palavras. Acreditamos, por isso, que em breve teremos uma resposta positiva a este desejo de modo a garantir a todos os cidadãos o direito aos cuidados de saúde.”
Segundo António Pinto Carreira, a abertura de uma clínica de hemodiálise “é uma das maiores necessidades no âmbito da saúde e da resposta que importa dar aos doentes renais, além de poder fixar recursos na cidade”.
As associações de doentes também não percebem e lamentam este tempo de espera. “Tínhamos conhecimento de que as convenções para abertura de novos centros de hemodiálise estavam a ser mais céleres. Estando o centro de hemodialise já “completamente” pronto a funcionar, consideramos que, neste ponto, não entendemos o atraso na convenção, pois é algo que irá continuar a prejudicar os doentes renais que necessitem de tratamento”, afirma José Miguel Correia, presidente da Direção Nacional da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), acrescentando ser “muito importante a abertura de um Centro de Hemodiálise para servir a população de Lamego e zonas limítrofes”.
Fernando Pinto, presidente da Associação de Doentes Renais de Portugal (ADRP), é da mesma opinião e considera “inadmissível” que, havendo uma clínica pronta a funcionar, os doentes renais de Lamego, ainda tenham de fazer deslocações para poderem realizar os seus tratamentos. “Depois de quatro horas de diálise, fazer viagens de carro, mesmo que de 30 minutos e por muito bom que o veículo seja, é muito custoso para os doentes. As pessoas chegam a casa arrasadas. Não há justificação para um atraso destes”, refere.
E termina: “Já escrevemos para a ARS Norte a apelar que deem a convenção quanto antes, é uma necessidade para os doentes do município e, além disso, o funcionamento desta clínica é também uma mais-valia para o Estado, que deixa de pagar os custos das deslocações. São duas viagens por dia, três vezes por semana.”
A doença renal crónica é provocada pela deterioração lenta e irreversível da função renal. Como consequência, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, resultando na acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Nas fases mais avançadas, as pessoas com esta doença necessitam de realizar regularmente um tratamento de substituição da função renal que poderá ser a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal.