Estudo demonstra que política agressiva de testes e isolamento é essencial para conter pandemia

O objetivo do estudo foi de facultar uma visão abrangente acerca da forma como o vírus de dissemina na população – no caso, uma população de 360.000 habitantes e a implementação de uma política de testes e rastreio precoce e agressiva, seguimento e medidas de isolamento para conter a epidemia. Os resultados demonstraram que aproximadamente 0,8% da população estava infetada e suportam a preocupação relativamente à transmissão pelos portadores assintomáticos. Isto sugere que, embora os esforços do sistema de saúde pública tenham sido eficazes na mitigação da disseminação até à data, um rastreio maciço à população será crucial para informar os esforços de contenção do vírus na Islândia no longo prazo.
O estudo baseia-se nos resultados de mais de 60.000 testes/milhão até 4 de abril (período de término de recolha de dados no estudo), de rastreio direcionado quer a doentes quer à população. As autoridades de saúde da Islândia começaram a testar os indivíduos que regressavam de zonas de elevado risco (principalmente estâncias de esqui nos Alpes) e com sintomas sugestivos de doença no início de fevereiro, um mês antes da primeira infeção registada no país por SARS-CoV-2 a 28 de fevereiro. A 4 de abril, estes testes direcionados permitiram a identificação de 1212 casos nos cerca de 9199 indivíduos sintomáticos e/ou contactos próximos. Todos os casos confirmados foram colocados em isolamento e os seus contactos rastreados e colocados em quarentena domiciliária durante 14 dias. Em 13 de março, de modo a complementar estes resultados e facultar uma visão acerca da disseminação do vírus na população geral, a deCODE começou a testar gratuitamente voluntários. A 1 de abril, cerca de 10797 indivíduos foram testados, com 87 (0,8%) indivíduos a testar positivo. Entre 1 e 4 de abril, foram selecionados aleatoriamente e testados mais 2283 indivíduos, dos quais 13 (0,6%) eram positivos.
“Na tentativa de mapear a epidemiologia molecular do COVID-19 na Islândia, esperamos facultar a todo o mundo dados ajudar no esforço global para conter a propagação da doença", afirmou Kari Stefansson, CEO da deCODE genetics e o autor principal do estudo.
A deCODE sequenciou o vírus de 643 indivíduos o que permitiu a construção de uma árvore genealógica das diferentes variantes do vírus. As análises de sequenciação permitiram identificar que a maioria dos casos iniciais identificados por testes direcionados provinham de indivíduos que tinham estado em Itália ou na Áustria, ao passo que os casos mais recentes são compatíveis com variantes do vírus mais prevalentes no Reino Unido, o que sugere que o vírus entrou na Islândia a partir de vários países. Atualmente foram encontradas cerca de 291 mutações, algumas das quais ainda não identificadas em mais nenhum país.
“Para achatar a curva desta pandemia o mais rapidamente possível, as informações cientificamente precisas sobre como o COVID-19 e o modo como se espalha nas comunidades são fundamentais,” disse Robert A. Bradway, presidente e CEO da Amgen. "Acredito que a resposta rápida da deCODE nesta emergência e o conhecimento gerado irão facultar ao mundo uma base científica mais sólida para as decisões em saúde pública.”