Estudo

Células estaminais com potencial para o tratamento de infeção por coronavírus

Um estudo recentemente publicado na revista científica Aging and Disease mostra que as células estaminais mesenquimais (MSCs, do inglês, Mesenchymal Stem Cells) apresentam potencial para tratar a COVID-19.

As MSCs têm sido amplamente testadas em terapia celular para o tratamento de várias doenças e a segurança e eficácia da sua administração foram já documentadas em muitos ensaios clínicos, especialmente em doenças inflamatórias com envolvimento do sistema imunitário. As MSCs podem desempenhar o seu papel principalmente de duas maneiras: através da capacidade de diferenciação e de efeitos imunomoduladores. A capacidade de diferenciação poderá permitir reparar tecidos lesados, enquanto o seu efeito imunomodulador pode levar à regulação da atividade do sistema imunitário.

O tecido do cordão umbilical constitui uma das melhores fontes de MSCs e a sua capacidade imunomoduladora tem sido demonstrada em vários estudos baseados na aplicação destas células em humanos.

No estudo agora publicado, investigou-se a capacidade da administração de MSCs do tecido do cordão umbilical melhorar o estado de saúde de sete doentes com pneumonia por COVID-19. Os resultados clínicos destes doentes, assim como as alterações nos níveis das funções inflamatórias e imunológicas e os efeitos adversos, foram avaliados durante 14 dias após a administração das células.

A função pulmonar e os sintomas destes doentes melhoraram significativamente em dois dias após a administração de MSCs. Entre eles, dois doentes com síndrome COVID-19 comum e um com doença grave recuperaram e receberam alta 10 dias após o tratamento. Após a administração de MSCs, registou-se uma alteração nas populações de células do sistema imunitário destes doentes que sugere a sua recuperação. Para além disso, o perfil de moléculas pró e anti-inflamatórias melhorou nos doentes que receberam MSCs.

De acordo com os autores deste estudo, a administração intravenosa de MSCs do tecido do cordão umbilical revelou-se segura e eficaz para o tratamento de doentes com pneumonia por COVID-19, principalmente nos doentes em estado crítico. Ainda segundo este artigo, a terapia com MSCs inibe a hiperativação do sistema imunitário e promove a reparação celular endógena, melhorando o microambiente pulmonar após a infeção por COVID-19.

O artigo revela que as MSCs do tecido do cordão umbilical conseguiram curar ou melhorar significativamente os resultados funcionais dos doentes. A realização de estudos adicionais que incluam um maior número de doentes é necessária para validar a eficácia desta intervenção terapêutica.

O novo coronavírus, que inicialmente causou um surto da doença em Wuhan, na China, já se espalhou pelo mundo inteiro, constituindo neste momento uma ameaça global. De acordo com o conhecimento atual, em alguns doentes, a gravidade da COVID-19 pode mesmo levar à morte e um dos mecanismos mais importantes subjacentes à deterioração dos doentes é a tempestade de citocinas. Esta reação imunológica exacerbada ocorre após um acentuado aumento de moléculas pró-inflamatórias e pode comprometer seriamente a vida dos doentes. Desta forma, prevenir e reverter esta reação imunológica descontrolada que ocorre nos doentes com pneumonia grave por COVID-19 pode ser a chave para os salvar. Vários estudos têm demonstrado que as MSCs têm uma função imunomoduladora poderosa e abrangente. Por essa razão, estas células podem ter efeitos benéficos na prevenção ou atenuação da tempestade de citocinas.

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