Reforço dos cuidados primários

Portugal precisa de uma rede de suporte ao doente fora dos hospitais

Portugal precisa de criar uma rede de suporte ao doente que já não está hospitalizado, para evitar deterioração do estado de saúde, reinternamentos desnecessários e excesso de idas às urgências, defende um relatório que é hoje divulgado.

“O sucesso do tratamento do doente fora das instalações físicas” dos hospitais “apenas é possível quando é assegurada uma continuidade da prestação através de uma rede de suporte ao doente e à sua família no seu regresso à comunidade”, considera o relatório final do projeto 3 F – Financiamento, Fórmula para o Futuro, que vai ser hoje apresentado em Lisboa e a que a agência Lusa teve acesso.

Esta rede de suporte ao doente na comunidade deve ser iniciada no momento do internamento hospitalar e contemplar uma intervenção clínica e outra não clínica, “fundamental para garantir a adequada gestão da doença”.

O grupo de peritos do projeto 3 F considera que o “regresso do doente à comunidade é, por norma, realizado sem supervisão”, cabendo apenas à rede de cuidados continuados acompanhar alguns doentes crónicos ou em situações de dependência.

A falta de acompanhamento na comunidade, indica o relatório, suscita uma deterioração do estado de saúde, reinternamentos desnecessários e excessivo recurso às urgências, traduzindo-se num desperdício de profissionais e de meios materiais.

A rede de suporte ao doente na comunidade deve assegurar a participação de profissionais de saúde, famílias, cuidadores informais, associações de doentes, autarquias, farmácias e instituições de solidariedade social.

Esta rede de suporte é uma das 10 recomendações do relatório final do projeto 3 F, que defende ainda que o cidadão tem de ser o elemento central da prestação de cuidados de saúde.

Contudo, os peritos consideram que nesta matéria há ainda “um longo caminho a percorrer”. Por isso sublinham que é importante capacitar o doente para gerir a sua própria patologia.

“É fundamental que o cidadão conheça as medidas de prevenção da doença, de promoção da saúde e de gestão da doença. É igualmente importante que o cidadão conheça o sistema de saúde e a forma como aceder à prestação de cuidados”, indica o documento que hoje será apresentado em Lisboa.

O projeto 3 F defende ainda um reforço do papel dos cuidados de saúde primários e uma maior interligação entre os vários níveis de cuidados (centros de saúde, hospitais e cuidados continuados).

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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