Novas recomendações para a gestão, classificação e controlo da pressão arterial

Como tal, entendeu a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), que chegou o momento de rever as recomendações que orientam a abordagem desta doença pelos profissionais de saúde. Esta revisão tem como principal objetivo melhorar a prática clínica, de acordo com a mais recente evidência científica e assim reduzir o possível impacto da HTA na mortalidade por doenças cardiovasculares.
Das recomendações divulgadas salienta-se:
Mantém-se inalterada a definição de HTA, isto é um valor de pressão arterial sistólica ≥140mmHg e/ou de pressão arterial diastólica ≥90mmHg.
A HTA é habitualmente assintomática e como tal "silenciosa", pelo que os adultos devem medir com alguma regularidade a pressão arterial, de forma a despistar esta doença. Os indivíduos com uma pressão arterial normal/alta, isto é sistólica entre 130-139mmHg e diastólcia entre 85-89mmHg devem vigiar mais regularmente os seus valores e devem consultar o seu médico para avaliar o seu risco e despistar doenças cardiovasculares.
A prevenção da HTA deve ser feita com um estilo de vida adequado e que incluem moderação do consumo de álcool, redução do consumo de sal, alimentção saudável e equilibrada, exercício regular, controle de peso e cessação tabágica
As medições da pressão arterial em casa e com um aparelho semi-automático e devidamente certificado podem ser utilizadas para confirmar o diagnóstico de HTA. Para o efeito devem ser feitas pelo menos duas medições, uma de manhã e outra à noite, num ambiente calmo e numa posição sentada e relaxada. Em cada medição devem ser feitas duas avaliações, com intervalo de 1-2 minutos. As medições devem ser realizadas durante pelo menos 3 dias consecutivos, preferencialmente durante 7 dias.
O objectivo do tratamento deve ser reduzir a pressão arterial abaixo de 140/90mmHg, sendo que a maioria dos doentes beneficia de ter valores inferiores a 130/80. Em doentes mais jovens, com menos de 65 anos de idade, o controle deve ainda ser mais exigente, com objectivo de ter valores de pressão arterial sistólica entre 120-129mmHg.
A terapêutica inicial baseada em combinações terapêuticas passa a ser preferencial na maioria dos doentes com HTA, em detrimento da tradicional monoterapia recomendada até à presente data. A excepção serão os doentes muito idosos e frágeis ou doentes com valores de pressao arterial sistólica 140-150mmHg, onde a monoterapia ainda pode ser equacionada. Assim, passa a ser recomendado que se inicie o tratamento da HTA, na maioria dos doentes, com dois medicamentos, preferencialmente combinados em um só comprimido; com esta medida, espera-se melhorar o controle da HTA em 80% dos doentes
A HTA não tem cura, mas pode e deve ser controlada para a vida, de forma a prevenir a mortalidade por doença cardiovascular, por isso, na opinião da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, este é um tema que merece especial destaque e envolvimento de todos, uma vez que a HTA é um dos principais fatores de risco para a doença cardiovascular.