Células do sangue do cordão umbilical ajudam no tratamento de lesões cerebrais em prematuros

Os resultados de um recente estudo em modelo animal sublinham o potencial das células estaminais mesenquimais (MSC) do sangue do cordão umbilical como protetoras das lesões na substância branca cerebral, por diminuírem lesões secundárias e promoverem a reparação e regeneração de algumas áreas afetadas.
O défice de fornecimento de oxigénio e sangue (hipóxia-isquémia) provocado pela lesão cerebral induz a inflamação do tecido cerebral e a invasão do mesmo por células do sistema imunitário. O grupo de investigadores que conduziu o referido estudo verificou que, após o tratamento com MSC do sangue do cordão umbilical, ocorreu uma diminuição do estado inflamatório da substância branca cerebral e da quantidade de células do sistema imunitário no cérebro, estabilizando a resposta imunológica. Além disso, observou-se ainda um aumento das células responsáveis pela reparação do tecido nervoso e da produção de mielina.
Segundo Cátia Dourado, Bioquímica no Departamento de I&D da Crioestaminal, “As células estaminais mesenquimais poderão vir a ser uma nova estratégia para o tratamento deste tipo de lesões, uma vez que apresentam propriedades anti‑inflamatórias, imunoreguladoras e de reparação neuronal. Apesar da potencialidade desta nova estratégia terapêutica, mais estudos serão necessários para melhor entender os mecanismos de interação entre as MSC do sangue do cordão umbilical e as células do sistema imunitário, interação esta responsável pelo efeito favorável deste potencial tratamento”.
No cérebro e na espinal medula existe uma “massa” denominada substância branca que é composta por células com função de suporte e nutrição dos neurónios, e por prolongamentos de neurónios revestidos com uma substância isolante (mielina) que aumenta a velocidade de transmissão dos impulsos nervosos. Esta “massa” é responsável pela transmissão de mensagens entre diferentes regiões cerebrais e, geralmente, entre a 26ª e a 34ª semana de gestação encontra-se mais sensível. Por esta razão, os prematuros apresentam um elevado risco de lesão cerebral, particularmente da substância branca, que pode ocorrer durante a gravidez, no parto ou depois do nascimento.
Entre os principais fatores associados a estas lesões encontram-se a prematuridade, a inflamação, a hipóxia-isquémia, e as consequências que daí podem advir incluem problemas neurológicos, défices de desenvolvimento cognitivo, físico e comportamental ou, em casos mais graves, paralisia cerebral. A complexidade desta patologia, aliada à fragilidade extrema dos prematuros, torna difícil a prevenção e o tratamento das lesões da substância branca.