Açores
O médico Eduardo Henrique Coutinho da Cunha Vaz é o novo delegado de saúde do concelho de Ponta Delgada, nos Açores,...

Numa nota de imprensa divulgada na semana passada, o secretário regional da Saúde, Rui Luís, nomeou o médico de saúde pública Eduardo Henrique Coutinho da Cunha Vaz para o cargo de Delegado de Saúde do Concelho de Ponta Delgada.

O médico Paulo Margato foi exonerado do cargo no dia 13 de outubro, depois de ter sido indiciado por "um crime de tráfico de influência" e "um crime de associação criminosa", na sequência de uma investigação de alegada corrupção em organismos do Serviço Regional de Saúde, que tem ainda mais três arguidos.

A nota do executivo açoriano adianta que o secretário regional da Saúde, Rui Luís, nomeou ainda o médico de saúde pública Eduardo Henrique Coutinho da Cunha Vaz para o cargo de Delegado de Saúde do Concelho de Ponta Delgada.

Para o cargo de Delegado de Saúde do Concelho da Ribeira Grande, funções até agora desempenhadas por Eduardo Cunha Vaz, o secretário regional nomeou o assistente graduado sénior de Medicina Geral e Familiar José Carvalho de Oliveira Santos, acrescenta a nota.

Ordem dos Médicos
A Ordem dos Médicos vai criar um gabinete para apoiar os doentes no acesso à inovação terapêutica e tecnológica, anunciou o...

O anúncio foi feito durante a sessão de abertura do 14.º Congresso Nacional de Oncologia, promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), que terminou no dia 29, em Aveiro.

Em declarações, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM) afirmou que continua a haver doentes em Portugal que não têm acesso, em tempo útil, aos medicamentos que precisam, dando como exemplo a medicação para tratar a hepatite C.

"Não há semana em que não receba uma queixa, um apelo de um médico, de um doente, ou de uma associação de doentes, porque o doente A, B ou C está a ter dificuldade em ter acesso a um tratamento que tem indicação e que é importante para o doente", disse Miguel Guimarães.

Para "agilizar este processo internamente e centralizar esta questão", o bastonário anunciou a criação de um gabinete na própria estrutura da OM, que vai funcionar como "provedor direto dos doentes".

Segundo Miguel Guimarães, o gabinete, que vai ser criado formalmente no plenário do conselho nacional da Ordem dos Médicos, deverá ser implementado até ao final deste ano.

O bastonário referiu ainda que já apelou ao ministro da Saúde para que seja criado um "Simplex" para facilitar o acesso dos doentes à inovação terapêutica e tecnológica, considerando que existem "várias falhas" que têm a ver com "burocracia e barreiras que não fazem sentido".

"Temos em Portugal um exagero muito grande naquilo que são as estruturas primárias, intermédias e superiores no acesso às terapêuticas", disse Miguel Guimarães, adiantando que esta situação tem levado, em muitos casos, a tratar os doentes "mais tarde do que aquilo que deviam ser tratados".

"Em alguns doentes, isso pode significar perder a oportunidade daquela janela terapêutica e resultar em prejuízo sério para os doentes", afirmou o bastonário.

Na mesma ocasião, a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), Gabriela Sousa, congratulou-se com o anúncio da criação deste gabinete, como garante de que "o tratamento seja dado ao doente, no tempo e na altura em que precisa dele".

"Com o programa de ajustamento financeiro a que Portugal foi sujeito, temos assistido a uma dificuldade crescente no acesso dos doentes à inovação terapêutica", disse Gabriela Sousa.

O 14.º Congresso Nacional de Oncologia, que teve como tema "A Oncologia na Era da Medicina de Precisão", reuniu os diversos grupos de estudos, entidades e profissionais dedicados às diferentes patologias e matérias oncológicas.

Doença inflamatória
A psoríase é uma doença que, apesar de não ser maligna nem contagiosa, pode ter um profundo impacto

A psoríase é uma doença inflamatória crónica que ocorre em cerca de 2% da população. Pode surgir em qualquer idade e afeta de igual forma homens e mulheres.

A apresentação clínica, extensão, gravidade e evolução da psoríase são muito variáveis. A forma mais frequente (psoríase em placas ou vulgar) caracteriza-se pelo aparecimento de lesões avermelhadas na pele, com relevo, cobertas por escamas de cor branco-prateado, habitualmente assintomáticas ou com prurido (comichão) associado. As lesões localizam-se preferencialmente nos cotovelos, joelhos, região lombo-sagrada e couro cabeludo, embora possam surgir em qualquer área do corpo. As unhas são frequentemente afetadas, podendo observar-se picotado, alterações da coloração, espessamento ou descolamento de uma ou mais unhas.

Para além da forma mais frequente (psoríase em placas), outros tipos de psoríase incluem:

- Psoríase inversa: caracteriza-se por lesões avermelhadas, brilhantes, com pouca descamação, localizadas nas pregas (axilas, virilhas, região infra-mamária).

- Psoríase gutata: afeta sobretudo crianças e jovens, sendo frequentemente precedida por uma infeção respiratória superior. Aparece geralmente de forma súbita, com lesões de menores dimensões, em forma de gota.

- Psoríase pustulosa: caracteriza-se pelo aparecimento de pústulas (pequenas acumulações de pus).

- Psoríase eritrodérmica: forma generalizada na qual mais de 90% da superfície corporal adquire um aspeto avermelhado e descamativo. É uma forma muito grave devido ao risco de complicações.

- Artrite psoriática: ocorre em 5-30% dos doentes com psoríase, caracterizando-se por dor e deformidade das articulações afetadas. Numa minoria dos casos (10-15%), os sintomas articulares precedem o aparecimento das lesões cutâneas.

Qual o prognóstico?

A psoríase é uma doença que, apesar de não ser maligna nem contagiosa, pode ter um profundo impacto na autoestima e diminuir significativamente a qualidade de vida.

Adicionalmente, a psoríase é atualmente considerada uma doença sistémica, afetando múltiplos sistemas para além da pele. As comorbilidades associadas à psoríase incluem: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doença cardiovascular, depressão e ansiedade.

Qual a causa da psoríase?

Na psoríase ocorre uma desregulação do sistema imunitário, provocando um estado inflamatório e aumento da velocidade de renovação das células da epiderme (camada mais superficial da pele).

A causa da psoríase não está totalmente esclarecida, embora se saiba que resulta da interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Não é uma doença contagiosa, não sendo possível a sua transmissão de uma pessoa para a outra.

A psoríase apresenta uma forte propensão hereditária (um terço dos doentes tem familiares afetados pela doença). No entanto, pode surgir em pessoas sem quaisquer casos na família.

Em pessoas geneticamente predispostas, a exposição a certos fatores ambientais (ex: bactérias, certos medicamentos, stress, entre outros) promove o desenvolvimento de psoríase.

Como é feito o diagnóstico da psoríase?

O diagnóstico de psoríase deve ser sempre efetuado pela observação clínica por um dermatologista, uma vez que existem diversas doenças da pele com características semelhantes, mas terapêuticas muito diferentes.

Em alguns casos, poderá ser necessária a confirmação com exame da pele (biópsia).

Como se trata a psoríase?

Apesar de não existir uma cura para a psoríase, é possível tratá-la de forma eficaz, conseguindo-se controlar os sinais e sintomas e melhorar a qualidade de vida na grande maioria dos doentes.

Os tratamentos mais frequentemente utilizados incluem:

- Terapêuticas tópicas (aplicadas na pele): cremes hidratantes, medicamentos tópicos (incluindo corticosteróides, análogos da vitamina D).

- Exposição à luz solar: deverá ser feita com moderação, uma vez que as queimaduras solares agravam a psoríase.

- Fototerapia (fontes artificiais de radiação ultravioleta): não deve ser confundida nem substituída por solários. São tratamentos realizados sob controlo médico, com doses de radiação adequadas a cada doente e durante períodos predeterminados.

- Medicamentos sistémicos (via oral ou injetável): usados nos casos mais graves ou resistentes ao tratamento.

O tratamento da psoríase só deve ser interrompido por indicação médica. A interrupção abrupta da medicação pode provocar a mudança para uma forma mais grave de psoríase e ter consequências graves.

Devido às comorbilidades frequentemente associadas, a abordagem do doente com psoríase deve ser global, tratando não só a pele mas também as doenças associadas (muitas vezes com o apoio de outras especialidades médicas, como a cardiologia, endocrinologia e reumatologia).

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Oncologia
A Assembleia da República aprovou hoje recomendações ao Governo do CDS, PSD, BE, PCP e PAN para um maior apoio e proteção dos...

Além da aprovação das diversas recomendações, baixou à comissão de Trabalho e Segurança Social sem votação um projeto de lei do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) para reforçar a "proteção social e laboral dos pais num quadro de assistência do filho com doença oncológica".

O PAN propõe que a concessão de subsídio para assistência ao filho com doença crónica possa também ser prorrogada para além dos quatro anos, desde que a mesma persista ou apresente reincidência que justifique a prorrogação.

O projeto de resolução do CDS, que agendou o debate que decorreu na quinta-feira, continha mais de 30 recomendações ao Governo, como acompanhamento psicológico regular aos menores e seus familiares e assegurar a existência em todos os Institutos Portugueses de Oncologia de consultas de acompanhamento clínico destinada às crianças e jovens sobreviventes de doença oncológica.

A prestação de cuidados paliativos pediátricos no hospital ou casa deve ser assegurada pelo Serviço Nacional de Saúde a todos os menores que se encontrem em fim de vida, recomenda também o CDS, que defende que a Direção-Geral da Saúde divulgue normas de orientação clínica relativas à terapia da dor, destinadas particularmente a crianças e jovens.

A inclusão dos centros de referência em oncologia pediátrica nos ensaios clínicos multicêntricos promovidos pela Sociedade Europeia de Oncologia Pediátrica é outra das recomendações, bem um "maior apoio às atividades de investigação clínica e à divulgação científica" daqueles centros.

Sobre prevenção
A mamografia mantém-se a técnica de eleição na deteção precoce do cancro da mama na população em ger

Na Europa, a maioria dos programas de rastreio de base populacional são dirigidos aos grupos etários dos 50 aos 70 anos, nos quais a incidência é mais alta, consistindo na realização de mamografia de 2 em 2 anos e demonstraram benefício na redução da mortalidade pela doença. Estes programas de rastreio de base populacional, como o que a Liga Portuguesa Contra o Cancro leva a cabo em Portugal, obedecem a um rigoroso programa de controlo de qualidade e um dos aspetos mais importantes é que todos os exames são vistos por 2 médicos com treino em mamografia e de forma independente de modo a obter uma elevada taxa de deteção de cancro da mama.

Quanto mais precoce for a sua deteção, mais conservadores são os tratamentos, proporcionando maior qualidade de vida e maiores probabilidades de cura.

Na população em geral, as recomendações vão no sentido de se iniciar a realização de mamografia a partir dos 40 anos, idade a partir da qual aumenta significativamente a incidência da doença. A periodicidade recomendada para a realização de mamografia entre os 40 e os 50 anos é anual, podendo ajustar-se a cada caso em função de determinados fatores de risco que resultam da história familiar e pessoal, do padrão de densidade mamária e da presença ou não, de alterações nos respetivos exames.

Perante uma alteração duvidosa ou suspeita identificada na mamografia, o primeiro exame para confirmar a presença dessa alteração e que pode fornecer informação adicional é a ecografia. A ecografia é uma técnica complementar da mamografia e a primeira escolha em jovens e em mulheres sintomáticas, que permite confirmar ou excluir a presença de uma alteração suspeita em mamografia e orientar a realização de um procedimento de intervenção, como uma biopsia para diagnóstico histológico.

A qualidade da mamografia e sua reprodutibilidade são essenciais, sendo por isso que é fundamental que a mamografia seja realizada em equipamento totalmente digital e não com mamografia digitalizada, de modo a contribuir com maior deteção e com menor dose de radiação.

A dose de radiação de uma mamografia é mínima e claramente superada pelo benefício potencial na sua realização. A mamografia deve ser realizada e interpretada por médicos radiologistas com dedicação à patologia mamária e os relatórios estruturados de acordo com o Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS) do American College of Radiology e universalmente aceite.  
A introdução de novas tecnologias como a tomossíntese [Digital Breast Tomosynthesis (DBT)], é um avanço importante da mamografia, contribuindo para identificar lesões ainda mais pequenas, sendo cada vez mais introduzida na prática clínica e em programas de deteção precoce. O aumento na deteção de cancro da mama e a redução de situações duvidosas, que se consegue com a tomossíntese, fazem desta técnica a mamografia do futuro.

Quando houver uma história familiar carregada, com vários casos de cancro da mama, especialmente se em familiares de 1º grau, devem ser referenciadas pelo médico assistente a uma consulta específica de risco familiar. Existem critérios concretos para referenciação a este tipo de consulta, na qual além de se determinar se existe ou não indicação para estudo genético, pode recomendar-se um programa de rastreio individualizado. Nestes grupos de mulheres de alto risco, como as portadoras de mutação genética ou com risco familiar muito alto embora sem mutação comprovada, por se tratarem de mulheres que pertencem a grupos etários ainda mais jovens e com padrões mamários densos, o exame de eleição para o rastreio e deteção precoce é a ressonância magnética (RM), uma vez que não utiliza radiação e é independente da densidade mamária. As recomendações atuais para este grupo específico incluem a realização anual de RM e mamografia entre os 30 e os 75 anos, de acordo com as guidelines da National Comprehensive Cancer Network.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Especialista
O professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Victor Freitas defendeu que para haver sustentabilidade numa...

Embora note que a proximidade entre as universidades e a indústria tenha aumentado ao longo do tempo, o docente admitiu que "o investimento financeiro do tecido empresarial no desenvolvimento científico está muito aquém daquilo que se pode desejar".

Victor Freitas falava a propósito do posicionamento da Universidade do Porto (UP) no ranking de Shangai, que ficou em 4.º lugar a nível europeu e em 11.º a nível mundial, na área da ‘Food Sciences and Technology' (Ciência Alimentar e Tecnológica).

Estes resultados, divulgados em outubro, são o "reflexo do trabalho desenvolvido pela UP nesta área nos últimos anos em que, apesar do parco financiamento por parte dos organismos públicos, devido às fortes restrições orçamentais e das indústrias, ficou classificada ao nível dos centros internacionais de referência neste domínio, como é o caso das universidades de Wageningen [Holanda], de Ghent [Bélgica] e de Copenhaga [Dinamarca]", indicou.

"É um resultado extraordinário e em que poucos acreditariam", revelou o professor.

Segundo Victor Freitas, que lidera e colabora em projetos nesta área, a colocação neste ranking resulta do trabalho desenvolvido pelos vários grupos de investigação da UP em projetos relacionados sobretudo com a valorização de produtos e subprodutos alimentares, dentro de setores como a vinha e o vinho, a oliveira e a azeitona, as frutas, os legumes.

Essas investigações e as suas conclusões "estimulam um melhoramento da cadeia de valores destes produtos, tendo em vista uma produção mais sustentável, e contribuem para o desenvolvimento económico regional e nacional", afirmou.

Muitos desses projetos, continuou, levaram igualmente a um maior conhecimento dos componentes dos alimentos e a um melhoramento das suas propriedades nutricionais, de forma a tornar os alimentos saudáveis mais apetecíveis para o consumo humano.

Para além disso, a transferência do conhecimento para outras áreas tem permitido a utilização de subprodutos alimentares no desenvolvimento de novos produtos na área cosmética e farmacêutica, acrescentou.

De acordo com o professor, a investigação nesta área tem também um impacto direto na vida das pessoas, atuando ao nível da segurança alimentar e da nutrição, bem como nas questões laborais.

"Vivemos numa zona do país [Norte] em que existem muitas explorações agrícolas e empresas de transformação de pequenas dimensões - familiares - e esta aposta na investigação e no desenvolvimento tecnológico em setores que podem ser estratégicos, ajudam na sustentabilidade de algumas destas empresas, apoiando na inovação, e propiciam a criação de outras, por jovens qualificados", referiu.

Para Victor Freitas, a visibilidade decorrente deste ranking pode ajudar a UP a atrair estudantes e investimento nacional e estrangeiro e promover as colaborações internacionais com instituições de excelência que reconhecem na UP competências para participar em projetos europeus conjuntos.

"Apesar do elevado crescimento da produção científica em Portugal verificado nos últimos dez anos, o crescimento tecnológico não acompanha essa produção, apresentando ainda um elevado potencial de crescimento", indicou.

Os critérios para o ranking de Shangai, que o professor considera como o "mais conceituados e credíveis", passam pelo número de publicações científicas criadas pelas universidades, pela qualidade dos artigos científicos publicados nas revistas de impacto e pelas colaborações internacionais.

"Já sabíamos que a UP tem muitas competências nesta área e que desempenha um papel importante mas ainda não tínhamos ainda dados objetivos", disse ainda.

No ranking de Shangai, também na área da Ciência Alimentar e Tecnologia, ficou colocado o Instituto Politécnico de Bragança, no 50.º lugar.

A UP distingue-se ainda na área da Engenharia Química, ficando em 29.º lugar.

Já a Universidade de Lisboa ficou em 3.º lugar na área da Engenharia Oceânica e Marítima, em 8.º na área dos Sensores Remotos, em 18.º na área dos Recursos da Água e em 43.º na área da Engenharia Civil.

IPO/Porto
O IPO/Porto considerou hoje que o estudo genético (teste genómico) do cancro da mama iniciado em julho naquele instituto já deu...

Segundo o coordenador da Clínica de Mama do IPO-Porto, Joaquim Abreu de Sousa, “dos 23 casos de risco intermédio que efetuaram o referido teste até agora, num terço (39%) foi possível evitar a necessidade de efetuar quimioterapia adjuvante”.

“Estes casos ficaram apenas propostos para hormonoterapia adjuvante”, sublinhou o oncologista.

O Instituto Português de Oncologia do Porto realiza desde julho testes aos genes dos tumores extraídos da mama, para verificar a agressividade, a probabilidade de desenvolver metástases e a necessidade de quimioterapia, permitindo um tratamento personalizado.

O teste genómico estuda 50 genes associados ao cancro da mama, determinando, para além do grau de agressividade do tumor, a forma como este se vai comportar.

Para Joaquim Abreu de Sousa, a mais-valia da assinatura genética é enorme, visto que representa um ponto de viragem no entendimento da doença, permitindo tratar os doentes de forma altamente especializada e individualizada, sendo os diagnósticos e as terapêuticas desenhadas em função das características individuais de cada um.

Joaquim Abreu falava a propósito do Dia Nacional Prevenção Cancro da Mama, 30 de outubro, data em que o IPO-Porto celebra também o 10º aniversário da Clínica da Mama.

Segundo o IPO, “a Clínica da Mama foi a primeira clínica com modelo de cuidados centrados no doente a ser construída, recebendo cerca de 1.200 novos doentes por ano e realizando mais de 30 mil consultas anuais”.

De acordo com os dados disponibilizados à Lusa, “de 2007 até agora tem registado um aumento anual de cerca de 20% de novos doentes”.

Ao longo destes 10 anos, a Clínica de Mama do IPO-Porto tratou “mais de 10 mil novos doentes com cancro da mama, tendo atualmente em seguimento cerca de 50 mil doentes”.

“A investigação levada a cabo na Clínica de Mama, que ao participar de forma contínua em inúmeros ensaios clínicos internacionais, permite que os seus doentes tenham acesso a tratamentos inovadores, muito antes de estes estarem disponíveis para uso na prática clínica diária”, salienta o IPO.

Os resultados alcançados nos últimos anos ditam “um aumento progressivo das taxas de sobrevivência, que hoje se aproximam dos 90% aos 5 anos”, acrescenta.

O Dia Nacional Prevenção Cancro da Mama e o 10º aniversário da Clínica da Mama são assinalados hoje pelo IPO-Porto com um concerto de sensibilização da comunidade para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, a realizar na Casa da Música.

Feira do Cuidador lembra
Portugal tem a maior taxa da Europa de cuidados domiciliários informais prestados por familiares, segundo dados oficiais...

A Rede Social de Lisboa, que integra mais de 400 instituições e empresas, lembra esta realidade, numa altura em que organiza a Feira do Cuidador, que decorre sábado em Lisboa.

Segundo Pedro Almeida, diretor técnico da instituição Entre Idades, a Feira do Cuidador tem como objetivo reconhecer, dignificar e apoiar o papel do cuidador.

"Este evento surgiu da necessidade que temos sentido de dar apoio aos cuidadores informais, que têm uma elevada sobrecarga e têm muitas vezes dúvidas sobre como fazer determinada coisa ou sobre se estão a fazê-lo bem", explicou Pedro Almeida.

Na Feira do Cuidador haverá ‘workshops’ sobre atividades básicas do quotidiano, como banhos, e sobre alimentação ou questões de saúde, como a diabetes, as demências ou a doença renal crónica.

Haverá também espaços mais dedicados ao bem-estar, com atividades como yoga ou tai chi.

A assistente social e terapeuta familiar Marta Olim, que trabalha sobretudo no contexto da doença renal crónica, lembra que a doença "acontece também na vida dos cuidadores".

"Também eles foram completamente atropelados pela doença e por um tratamento que condicionam de forma severa o seu próprio projeto de vida individual", referiu à agência Lusa.

Os cuidadores manifestam "necessidades e preocupações muitas vezes diferentes das pessoas de que cuidam" e sentem-se "impotentes face às exigências da doença e do tratamento", bem como "esgotados com a multiplicidade de cuidados", sublinha a terapeuta familiar e assistente social.

Para Marta Olim, os cuidadores vivem "bastante isolados" e têm "pouco reconhecimento pessoal e social".

Segundo dados de um estudo da Entidade Reguladora da Saúde, citada pela Rede Social de Lisboa, Portugal tem a maior taxa da Europa de cuidados domiciliários informais e a menor taxa de prestação de cuidados não domiciliários.

O estatuto do cuidador informal deve ser discutido no parlamento ainda este ano, segundo uma proposta do Bloco de Esquerda que foi aprovada na comissão de Trabalho e Segurança Social.

Os cuidadores têm reclamado a criação deste estatuto para conseguirem apoios concretos para quem cuida dos seus familiares doentes.

Pedro Almeida, um dos organizadores da Feira do Cuidador, referiu que começa novamente a regressar a tendência de haver mais familiares a cuidar em casa dos seus doentes e idosos, depois de um período em que muitas pessoas optavam por colocar os familiares em instituições residenciais, como lares.

"O objetivo da Feira do Cuidador é apoiar os cuidadores. Mas, naturalmente, é sempre bom sensibilizarmos todos para uma mudança política de forma a haver um apoio mais formal ao cuidador", considerou.

A organização da Feira é da responsabilidade de um grupo de organizações, membros do Grupo de Trabalho Intervenção em Públicos-Alvo – Pessoas Idosas, que integra a Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Vida, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Associação Alzheimer Portugal, Associação Vencer, Câmara Municipal de Lisboa, Diaverum, Entre Idades, Fundação Aga Khan, Junta de Freguesia de Alcântara, Projecto Alkantara e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Introdução em Portugal está a ser preparada
Composição inovadora destinada a apoiar programas de take-home naloxona (programa terapêutico que consiste na toma de naloxona...

A Mundipharma recebeu parecer positivo por parte do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia do Medicamento (EMA) para o spray nasal de dose única de naloxona no tratamento de crises por overdose de opiáceos. Quando aprovada, será a primeira opção terapêutica nasal de naloxona a receber uma aprovação pan-Europeia e, portanto, a primeira no mercado Português. A Comissão Europeia está a rever o parecer do CHMP e aguarda-se decisão final durante as próximas semanas.

A morte induzida por opioides representa um grave problema de Saúde Pública responsável por 82% das mortes por overdose na União Europeia, cuja maioria está associada á heroína.1 A naloxona tem sido utilizada na prática clínica há mais de 40 anos para reverter os efeitos da overdose por opiáceos, fazendo parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS)2 e, em Portugal, a naloxona injetada está disponível em meio hospitalar. A Mundipharma traz uma formulação nasal inovadora, de fácil utilização, de dose única, sem recurso a seringas, para fornecer a possibilidade de “primeira intervenção” em casos de overdose, que é adequada para utilização num contexto não hospitalar. A introdução no mercado do spray nasal de dose única de naloxona ajudará a implementação prática dos programas de take-home naloxona recomendados pela União Europeia no Plano de ação da UE de luta contra a droga (2017-2020), que tem o potencial de reduzir o número de mortes por overdose relacionadas com opioides na Europa.

1Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), Relatório 2017 http://www.emcdda.europa.eu/system/files/publications/4541/TDAT17001ENN.pdf
2lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde

Região Norte
Uma nova unidade de queimados pediátricos vai ser criada na região Norte, tendo em conta que a única existente em Portugal, no...

A medida consta de um despacho assinado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, a publicar hoje em Diário da República, e levou em conta o “impacto nos serviços de saúde” dos incêndios “com consequências trágicas”, ocorridos a 17 de junho e 15 de outubro.

O diploma recorda que existem cinco centros nacionais para referenciação de doentes queimados graves, após avaliação e estabilização: Centro Hospitalar de São João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Centro Hospitalar Lisboa Central e o Hospital da Prelada.

Nestas cinco unidades de queimados existem 35 camas, ou seja, uma cama por 285.390 habitantes, “ligeiramente inferior à média dos países europeus em que existe uma cama por 225.700 habitantes”.

Para o tratamento das crianças queimadas existe atualmente uma única Unidade de Queimados Pediátricos, situada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, o que “é insuficiente, pelo que se considera necessário um aumento da capacidade de resposta, a nível nacional, com a criação de uma unidade no Norte do país”.

O despacho determina ainda a instalação de “um sistema de informação de gestão de vagas nas unidades de queimados e nas unidades de cuidados intensivos”, no qual deverão participar os sistemas de informação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), em articulação com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e a Comissão Nacional de Trauma.

O INEM deverá “proceder à análise das melhores condições para o transporte do doente queimado em estado grave, conforme o estado da arte, por via terrestre e aérea, sistematizando os investimentos necessários num plano de implementação específico, seja em meios materiais, seja na formação profissional das suas equipas, muito especialmente as equipas médicas”, lê-se no despacho.

Os planos de implementação destas medidas têm agora até quatro meses para serem elaborados.

Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais
A Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais celebra hoje os 100 anos da profissão, mas relembra que em Portugal ainda há...

No mesmo dia em que se assinala o dia mundial da terapia ocupacional, a presidente da associação, Elisabete Roldão, elogia a evolução de uma área que, apesar de tudo, ainda é muitas vezes “mal interpretada e mal utilizada”.

A profissão que completa agora 100 anos só chegou a Portugal na década de 1960, altura em que foi criada a Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO), conta a terapeuta, lembrando que no início não existia sequer um curso superior de terapia ocupacional.

“Mudou muita coisa num século, seja a nível do ensino, dos equipamentos ou da integração”, explica Elisabete Roldão, que elogia também o facto de estes profissionais estarem hoje presentes em quase todas as instituições de saúde.

A presidente da associação ressalva, porém, que os terapeutas, que trabalham para ultrapassar as dificuldades dos pacientes, têm algumas eles próprios, nomeadamente no que diz respeito à revisão da carreira e à regulamentação da profissão.

Para Elisabete Roldão, não existir uma ordem profissional representa um obstáculo importante à representação dos terapeutas junto do executivo, que os impede de contribuir para a evolução da profissão e para a criação de melhores condições de trabalho que, em última análise, se traduzem na “melhoria da qualidade de vida dos portugueses”.

A criação de uma ordem de terapeutas ocupacionais é, segundo a presidente da associação, o próximo grande objetivo, que ganhou ímpeto com a aprovação em Assembleia da República da Ordem dos Fisioterapeutas.

Os terapeutas ocupacionais são profissionais de saúde que atuam ao nível do desempenho ocupacional, ajudando as pessoas a ultrapassar quaisquer dificuldades na realização das atividades do dia-a-dia.

Para celebrar os 100 anos e o dia mundial da terapia ocupacional, a APTO organiza hoje, em Lisboa, uma gala que pretende relembrar a evolução da profissão e sensibilizar para a importância desta área da saúde.

Após experiências positivas
Os ministros da Saúde e representantes dos Governos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa decidiram ontem, numa reunião...

"Considerando que os avanços alcançados nos países que implementaram Bancos de Leite Humano conferem legitimidade para propor a Rede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no âmbito dos compromissos dispostos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável do setor da Saúde", informaram os membros da CPLP, numa resolução divulgada após o encontro.

Os ministros e representantes de Governo da CPLP destacaram "as experiências positivas da iniciativa de Bancos de Leite Humano nos países da CPLP, como Brasil, Cabo Verde e Portugal".

O plano prevê que todos os países da CPLP possam atuar de forma integrada na criação de um Banco de Leite que atenda às necessidades da população local.

O projeto é uma das ações promovidas no grupo para atingir as metas da agenda 2030, que defende o desenvolvimento sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Numa outra declaração assinada no mesmo evento, os representantes da CPLP informaram que também decidiram "estabelecer o Grupo de Trabalho sobre Saúde, no Contexto da Agenda 2030, composto por representantes dos Estados-membros e especialistas na matéria".

O texto frisa que o grupo irá, num prazo de 120 dias, apresentar à consideração dos ministros uma proposta de cooperação técnica visando à implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável e a contribuição intersetorial da Saúde.

Outra decisão tomada no encontro diz respeito ao plano estratégico de cooperação em Saúde dentro da própria CPLP, que será revisto pela fundação Oswaldo Cruz e pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical, que, em colaboração com o Secretariado Executido da CPLP, será apresentado ao Grupo Técnico em Saúde no prazo de 90 dias.

Estiveram no encontro os ministros da Saúde do BRasil, Ricardo Barros, de Cabo Verde, Arlindo Nascimento do Rosário, de São Tomé e Princípe, Maria de Jesus Trovoada dos Santos, e o vice-ministro da Saúde de Angola, Valentim Altino Chantal Matias.

Portugal foi representando por Fernando José Ramos Lopes de Almeida, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

O diplomata Jorge Luis Mendes representou a Guiné-Bissau e os embaixadores Manoel Tomás Lubisse, de Moçambique, e Gregório de Sousa, do Timor-Leste, também participaram do encontro.

O Brasil ocupa a presidência rotativa da CPLP desde a XI cimeira, realizada em Brasília nos dias 31 de outubro e 01 de novembro de 2016, sob o tema "A CPLP e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável".

O Brasil passará em 2018 a presidência da organização para Cabo Verde.

27 de outubro: Dia Mundial da Terapia Ocupacional
A terapia ocupacional é uma profissão da área da saúde que tem como principal objetivo promover o be
Terapia ocupacional

Para isso, tem em conta o desempenho e o envolvimento ocupacional de cada pessoa, nas ocupações que considere mais significativas, avaliando e intervindo ao nível de três dimensões: a pessoa, a ocupação e o ambiente. Estas ocupações poderão estar relacionadas com os autocuidados (tomar banho, vestir/despir, alimentação, entre outros), com o lazer (atividades de entretenimento) ou com a produtividade (emprego, voluntariado, atividades que contribuam para a comunidade/sociedade).

Este profissional atua com utentes desde recém-nascidos até idosos, em áreas tão diversas como a saúde mental, a reabilitação física, a neurologia, entre outras. Esta diversidade deve-se ao foco primordial da intervenção ser a ocupação, um aspeto transversal a todas as faixas etárias, uma vez que nos envolvemos constantemente em diferentes ocupações ao longo da vida.

No NeuroSer, a neurologia é área de intervenção da terapia ocupacional, com uma abordagem em patologias como a demência, a doença de parkinson e os parkinsonismos atípicos e o acidente vascular cerebral. As intervenções são realizadas tanto individualmente, como em grupo, dependendo de cada caso.

No que diz respeito às demências, o terapeuta ocupacional priveligia a intervenção em pequenos grupos, com o objetivo de promover o envolvimento em atividades prazerosas que se relacionem com a identidade ocupacional individual de cada um dos utentes e que respeitem as suas competências remanescentes, diminuindo a sua frustração sentida no dia-a-dia e promovendo a sua socialização e o bem-estar.

Ao nível da doença de parkinson e parkinsonismos atípicos, a intervenção pode ser individual, focando o desempenho nas atividades de vida diária, a manutenção de um envolvimento satisfatório das atividades lúdicas, a análise de possíveis adaptações ocupacionais e ambientais, entre outros. Ou poderá ser uma intervenção realizada em grupo, promovendo um momento de estimulação motora e cognitiva, enquanto é facilitada a identificação com os pares.

Por fim, no acidente vascular cerebral, no NeuroSer o terapeuta ocupacional atua apenas em regime individual, sendo que são estabelecidos objetivos pessoais com o utente e/ou cuidador/familiar, no sentido de promover a autonomia nas atividades de vida diária, no lazer e na produtividade, capacitando a pessoa para um desempenho satisfatório nas ocupações que a própria identifica como significativas.

É importante realçar que, embora a terapia ocupacional seja uma área de grande importância na intervenção com as patologias acima mencionadas, será essencial que exista a articulação com uma equipa multidisciplinar, como por exemplo médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas da fala, entre outros.

No dia 27 de Outubro é celebrado o Dia Mundial da Terapia Ocupacional, com o intuito de promover esta profissão e os seus profissionais a atuar nas mais variadas áreas e permitir informar a população acerca desta área de atuação. O dia foi celebrado pela primeira vez em 2010, sendo que desde esse ano são dinamizados eventos quer pela Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO), quer pela World Federation of Occupational Therapy (WFTO).

Artigos relacionados

“A demência não é uma parte normal do envelhecimento”

Depois do AVC, o que fica?

AVC: como regressar ao dia-a-dia passo a passo

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Lisbon Addictions”
A chegada à Europa do problema dos opióides sintéticos e os desafios colocados pela progressiva legalização da canábis foram...

No encerramento do segundo encontro “Lisbon Addictions”, o diretor científico do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, sedeado em Lisboa, destacou como uma "chamada de alerta" a conclusão de que chegou à Europa o problema dos opióides sintéticos de alta potência, que nos Estados Unidos é "uma enorme crise de saúde pública".

Paul Griffiths destacou ainda o interesse de vários países pela legalização da canábis, uma realidade que os leva a olhar para Portugal e para a sua “política sobre o uso de substâncias equilibrada e orientada para a saúde pública”.

O subdiretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências, Manuel Cardoso, declarou à agência Lusa que os delegados de mais de 70 países juntaram no debate global dependências de drogas, álcool, tabaco e comportamentais, como a do jogo.

O responsável afirmou que o “’boom’ da legalização [da canábis] tem sempre por trás a descriminalização dos consumos”, área em que Portugal tem sido “visto como modelo de sucesso”.

Mas a legalização total traz “problemas que começam a surgir”, como por exemplo, modelos de consumo que podem constituir “riscos para terceiros”.

“Por exemplo, ouvimos falar de pizzas ou bolos de canábis. E se ficam numa mesa e uma criança os consome? Há coisas para as quais ainda não estamos suficientemente preparados”, alertou.

Falta ainda estudar melhor “o que é isso de as pessoas poderem consumir [canábis] de qualquer modo, de uma forma mais fácil”, num cenário de legalização.

Manuel Cardoso defendeu que, seja qual for a dependência, o foco científico e político deve estar “na pessoa” e “não na substância”.

“São pessoas que precisam de ajuda, é preciso encontrar uma forma de ajudar aquela pessoa que precisa, ou por ser dependente ou por a dependência lhe criar problemas de inserção, sociais ou de outro tipo”, afirmou.

Afirmou ainda que é “importante descriminalizar” os consumos. “Para resolver os problemas, tem que se ir muitíssimo mais longe, numa intervenção integrada”.

“Não é porque é heroinómano ou um jogador compulsivo que uma pessoa vai ser abandonada, até porque todos os comportamentos aditivos têm uma raiz comum, em termos biopsicológicos”, indicou.

A riqueza do encontro que decorreu desde segunda-feira foi juntar cientistas, representantes de instituições governamentais e técnicos que estudam e atuam em todas as áreas das dependências.

Manuel Cardoso anunciou ainda que o terceiro “Lisbon Addictions” decorrerá de 23 a 25 de outubro de 2019.

Lisboa
O presidente eleito da Câmara de Lisboa anunciou ontem, no seu discurso de posse, a aquisição de novos elétricos, a construção...

Falando em "medidas emblemáticas" num discurso onde deixou cinco compromissos para a governação da cidade, Fernando Medina (eleito pelo PS) anunciou que irá apresentar ao executivo "no primeiro trimestre de 2018" um concurso para a "aquisição de 30 novos elétricos".

Esta medida tem como objetivo "a extensão do 15 a Santa Apolónia, a recuperação do 24 entre o Cais do Sodré e Campolide e o início de uma nova fase de expansão da rede na cidade", explicou.

No discurso, Fernando Medina apontou também para "o primeiro semestre de 2018" o concurso para a "construção dos primeiros seis centros de saúde de nova geração", que deverão ser "modernos, com meios de diagnóstico e terapia, capazes de assegurar cuidados de qualidade a todos".

Para o primeiro trimestre do próximo ano, a Câmara de Lisboa deverá aprovar "a unidade de projeto para a rápida ampliação das zonas de escritórios, bem como as principais zonas de desenvolvimento" da cidade.

Para o mesmo período está prevista também uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no sentido de criar "unidades de creches e para idosos", acrescentou.

Escola Superior Agrária de Santarém
A Escola Superior Agrária de Santarém reuniu hoje especialistas em proteção das plantas contra pragas e doenças empenhados em...

Maria do Céu Godinho, docente de Proteção das Plantas na Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) e da comissão organizadora do encontro que hoje reuniu duas sociedades científicas - a de Ciências Agrárias de Portugal e a de Fitopatologia, e também a organização do Encontro Nacional de Proteção Integrada -, disse à Lusa que atualmente “já é muita a informação e o conhecimento científico que dá conta de que é urgente alterar as práticas” ainda muito associadas ao uso de pesticidas, com impactos na saúde mas também no ambiente.

Com a participação de 270 pessoas, o encontro começou por abordar a questão das alterações climáticas, que têm impactos na agricultura mas que também têm na sua origem, entre uma multiplicidade de outros fatores, as más práticas agrícolas, em particular o uso de fatores de produção de origem sintética.

“Quando usamos muitos pesticidas estamos a usar muitos produtos que obrigaram a uma produção de síntese e que têm a montante um conjunto de energia gasta”, disse a investigadora à Lusa.

Maria do Céu Godinho afirmou que os estudos hoje apresentados apontam para a necessidade de se “mudar o paradigma da abordagem destas problemáticas, que tem de ser cada vez mais ao nível do ecossistema”, através da agroecologia.

“Falta-nos agora passar para a prática, para os terrenos”, declarou, afirmando que a realização do encontro em Santarém visou precisamente conseguir chegar junto dos produtores do Vale do Tejo, do Ribatejo e Oeste, e da zona Sul do país.

O objetivo é “ter cada vez mais produtos de qualidade, mas também cada vez mais garantia de que as águas estão preservadas, que o ambiente é preservado, que as abelhas são preservadas”, disse, salientando que o desaparecimento dos polinizadores é hoje uma realidade.

Céu Godinho afirmou que os estudos científicos apontam para alternativas, biológicas e mecânicas, com recuperação de técnicas usadas por gerações anteriores, mas apuradas, com recurso à agricultura de precisão.

“Não significa que vamos passar todos a fazer agricultura no quintal como faziam os nossos avós, mas recuperar muitas das técnicas que davam bons resultados, que foram abandonadas pela nova panaceia dos pesticidas e que agora se percebe que por si só não são suficientes e que temos que integrar outros meios de luta”, frisou.

Céu Godinho sublinhou que as práticas alternativas não permitem abdicar totalmente do recurso a pesticidas, área que tem sido amplamente legislada a nível comunitário, sendo objetivo dos cientistas levar a que as fitofarmacêuticas “ofereçam produtos eficazes, cada vez mais inofensivos para o ambiente”.

Afirmando que o encontro teve financiamento de algumas destas empresas, a docente apontou o interesse destas também no papel das escolas superiores agrárias na preparação dos utilizadores para o “bom uso” dos pesticidas, reduzindo as quantidades e usando-os apenas nos momentos mais adequados.

Um dos casos hoje abordados foi o do míldio da videira, salientando Céu Godinho que se o agricultor souber “exatamente quando tem que o tratar” irá “diminuir o número de intervenções, o que poupa dinheiro e impacto ecológico”.

Instituto Português de Oncologia
O investigador e declamador Carlos Carranca apresenta na sexta-feira, na Lousã, um livro de poesia cujas vendas revertem a...

“O dinheiro que se fizer será integralmente para esses meninos”, afirmou hoje o autor à agência Lusa, indicando que a iniciativa de escrever a obra, intitulada “Para além do mar vermelho”, lhe foi sugerida por um jovem que conheceu quando ele próprio esteve hospitalizado no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa.

Para Carlos Carranca, com raízes familiares na Lousã, este livro “tem uma carga simbólica absolutamente fora do comum”, pois responde à proposta desse jovem, admirador da sua obra, que veio a falecer.

Com uma primeira edição de 400 exemplares, “Para além do mar vermelho” nasceu da experiência do poeta nos vários meses que passou “no isolamento do IPO”.

Editado pela Talentilicious, de Miguel Babo, na Figueira da Foz, o livro é vendido em conjunto com um DVD, da autoria do filho mais novo de Carlos Carranca, o cineasta Miguel Afonso Carranca, intitulado “Do mar da Gala à Serra da Lousã”.

“Trata-se de um filme sobre a minha relação poética com os lugares, respetivamente, a Figueira da Foz, onde nasci por acaso, Coimbra e Lousã, a vila serrana onde residia quase toda a sua família, afirmou o poeta.

“Nós, para darmos a volta ao mundo, não precisamos de sair da nossa terra. Acredito que só a poesia poderá unir e pacificar a sociedade de hoje”, disse, dando ênfase a uma opinião também defendida pelo escritor Miguel Torga, sobre o qual Carranca tem vários trabalhos publicados.

A sua poesia “tem cada vez mais uma carga espiritual”, referiu, ao confessar ter adotado esse género como a sua religião.

“Não sou católico, mas respeito quem tem fé. Este meu livro expressa essa minha relação com o povo”, acrescentou Carlos Carranca.

A sessão de lançamento vai decorrer no hotel Palácio da Lousã, na sexta-feira, às 21:30.

A apresentação da obra cabe a Isabel Ponce de Leão, professora da Universidade Fernando Pessoa, no Porto.

O programa inclui ainda uma intervenção de Carlos Dias, “em representação dos salatinas”, o povo da Alta de Coimbra, e um concerto de guitarra de Coimbra com José Reis (viola), Francisco Viana (guitarra), Paulo Alexandre (guitarra) e Arnaldo Tomás (viola).

A obra tem apoio do Centro de Estudos da Lusofonia Agostinho da Silva, Câmara Municipal da Lousã, Junta de Freguesia de Serpins, jornal Trevim e duas empresas locais.

Neuropatia Óptica Hereditária de Lebe
Chama-se Neuropatia Óptica Hereditária de Leber, é uma doença rara, hereditária, incapacitante e que provoca uma perda de visão...

É para este problema que alerta um grupo de especialistas mundiais que não tem dúvidas: apesar de ser a doença mitocondrial mais frequente e de ser a primeira com tratamento aprovado pela Agência Europeia do Medicamento, o atraso no diagnóstico é ainda uma realidade, levando vários meses até que este seja confirmado.

15 dos maiores especialistas mundiais da área e com base na evidência atualmente disponível, decidiram criar um documento de consenso, publicado na revista científica Journal of Neuro-Ophthalmology, onde se definiram as guidelines e critérios para a gestão clínica e terapêutica da Neuropatia Óptica Hereditária de Leber (LHON). A patologia e o documento foram discutidos ontem durante a Reunião dos Grupos Portugueses da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.

De acordo com o Prof. Valerio Carelli, especialista do Departamento de Ciências Biomédicas e Neuromotoras da Universidade de Bolonha e um dos responsáveis pelo consenso que esteve em Portugal, “importa aumentar o reconhecimento clínico da doença porque ainda temos muitos casos de diagnóstico tardio. É importante ter em termos nacionais um bom laboratório de referência no sentido de providenciar rapidamente um diagnóstico acertado através de testes genéticos.”

Sobre o documento de consenso, o mesmo especialista defende que se trata de um conjunto de guidelines que pode ser adaptado para vários países, nomeadamente Portugal. “São linhas de orientação desenvolvidas pelos maiores especialistas sobre a doença a nível mundial e úteis para todos os médicos em qualquer parte do mundo. A nossa intenção passa por atualizar o documento de consensos de dois em dois anos, para que seja possível tratar de forma mais uniforme os doentes e recolher informação que permita retirar conclusões que contribuam para o melhor tratamento destes doentes”.

Para a Dr.ª Fátima Campos, Presidente do Grupo Português de Neuroftalmologia da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, “a reunião do Grupo Português de Neuroftalmologia, organizada pela SPO, serviu para discutir novos conhecimentos e melhorar a prática clínica em Portugal.  No caso da LHON, é uma doença rara e muitas vezes difícil de diagnosticar. Existe muita expectativa em relação a terapêuticas inovadoras mas para os especialistas portugueses é uma doença preocupante pois provoca uma disfunção visual grave na população jovem e ativa. Trata-se de uma doença que não tem um quadro clínico típico, mas em Portugal temos bons neuroftalmologistas atentos à mesma. Inclusive neste momento está em curso em Portugal um estudo sobre a LHON e contamos ter resultados, mesmo ao nível da incidência da doença, em 2018”.

A LHON é atualmente entendida como a doença mitocondrial (que afeta a mitocôndria, o centro fornecedor da energia necessária para atividades como andar, falar ou ver) resultante de uma mutação genética, de transmissão materna, que afeta sobretudo jovens adultos do sexo masculino entre os 18 e os 35 anos, apesar de poder também afetar mulheres jovens, crianças e pessoas com mais de 60 anos. Os doentes são normalmente assintomáticos, isto até à perda rápida e progressiva da visão central, com distorção e visão turva num dos olhos, a que se costumam seguir iguais sintomas, algum tempo depois, no outro olho.

UNICEF
O crescimento da população infantil em África vai levar a que o continente necessite de mais de 11 milhões de profissionais de...

No documento, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) refere que, se África mantiver o atual ritmo de crescimento demográfico "sem precedentes", haverá 170 milhões de novas crianças entre 2017 e 2030, aumentando o número de menores no continente africano para 750 milhões.

"Investir na saúde, proteção e educação deve tornar-se uma prioridade absoluta para África até 2030. Estamos num ponto crítico para as crianças africanas. Fazendo as coisas bem, conseguiremos criar as bases para retirar centenas de milhares de pessoas da pobreza extrema e contribuir para elevar a prosperidade, estabilidade e paz", lê-se no relatório.

Segundo Leila Pakkala, uma das relatoras e diretora da UNICEF para a África de Leste e Austral, os menores representam quase metade da população atual em cerca de um terço dos 55 Estados membros da União Africana (UA).

Por seu lado, Marie-Pierra Poirier, também relatora e diretora da UNICEF para a África Ocidental e Central, indicou que, segundo as projeções feitas para 2055, o número de jovens poderá atingir os mil milhões.

A UNICEF estima que, se as políticas para promover o emprego e os investimentos - locais e internacionais - no capital humano de África forem bem coordenadas, as próximas gerações terão melhorado quatro vezes a renda per capita.

Caso contrário, adverte a agência da ONU, esta "oportunidade única" será substituída por um "desastre demográfico", caracterizado pelo desemprego e instabilidade política e social.

Neste sentido, a UNICEF recomenda várias linhas de ação, que passam por melhorar os aspetos relacionados com a saúde, com a adaptação dos sistemas educativos, com o dar acesso aos jovens às novas tecnologias, para que possam aceder ao mercado laboral do século XXI, e com o garantir da segurança face a fenómenos como a violência, exploração, casamento infantil e abuso sexual.

As novas políticas, acrescenta a UNICEF, visam também eliminar as barreiras que impedem as mulheres e crianças de se tornarem membros plenos das respetivas comunidades e igualdade de oportunidades no plano laboral e na vida política.

Segundo a agência das Nações Unidas, o crescimento demográfico exponencial em África explica-se com a menor mortalidade infantil, maior taxa de fertilidade e pelo aumento de mulheres em idade reprodutiva.

O crescimento do total de habitantes do continente africano, segundo as projeções da UNICEF, levará ao aumento dos atuais 1.200 milhões para 2.500 milhões de pessoas em 2050.

29 de outubro - Dia Mundial do AVC
Este sábado, dia 28 de outubro, serão apresentados os resultados preliminares do projeto EVT-PT, desenvolvido pelo grupo de...

Com este estudo, a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral pretende “caracterizar acesso nacional à trombectomia endovascular, especificando e avaliando a sua equidade regional”, explica o Dr. João Sargento Freitas, um dos autores do estudo. Por outras palavras, o objetivo é identificar áreas geográficas com potenciais limitações nesta terapêutica, servindo os resultados desta análise como “base para a discussão da rede nacional de prestação de cuidados ao doente com AVC, especificamente na realização da trombectomia mecânica”, acrescenta o médico.

A trombectomia endovascular ou mecânica é um procedimento que consiste na remoção de um trombo (coágulo), sob orientação de imagem, utilizado em casos de AVC isquémico (oclusão da artéria cerebral), quando não há indicação para o doente realizar trombólise endovenosa (processo pelo qual se dissolve um trombo formado na corrente sanguínea, que só pode ser administrado nas primeiras horas após a ocorrência do AVC). O procedimento passa pela incisão do vaso sanguíneo por cateter para extração do coágulo e é efetuado por profissionais especializados, nomeadamente de Neurorradiologia de Intervenção. A trombectomia mecânica é um tratamento inovador para os doentes com AVC que tem a vantagem de levar à rápida remoção dos trombos, mostrando-se eficaz na recanalização das artérias cerebrais e na redução de sequelas do AVC.

Neste trabalho, foi feito um levantamento do número de procedimentos deste tipo a nível nacional, com a recolha de dados entre junho 2015 e junho 2017. “Já nesta reunião vamos ter disponível uma análise de base epidemiológica, robusta, com as taxas locais de acesso a trombectomia austadas para os principais fatores demográficos”, avança o Dr. João Sargento Freitas.

A 15.ª Reunião Anual da SPAVC irá decorrer ao longo de todo o dia e, para além da apresentação do estudo EVT-PT, abordará temas variados na área da prevenção, diagnóstico e do tratamento do AVC, entre as quais uma sessão inédita sobre o papel da tecnologia para os profissionais desta área. “As novas tecnologias poderão contribuir para uma comunicação mais eficaz entre os cuidados pré-hospitalares e hospitalares, permitindo assim uma referenciação mais rápida e eficaz destes doentes, tal como desempenhar um importante papel na referenciação inter-hospitalar”, afirma o Dr. João Pedro Marto, um dos palestrantes da sessão intitulada “Quais as ferramentas ideais que um ‘strokologista’ deve ter no seu smartphone”, que decorrerá ao início da tarde.

Na área de prevenção, o médico destaca a aplicação ‘Stroke Riskometer’, que “permite um cálculo aproximado do risco individual de AVC no espaço de 5 e 10 anos”, explica. Na área de tratamento “existem aplicações que auxiliam na tomada de decisão terapêutica, com fácil acesso a escalas de avaliação e recomendações”.

Páginas