Congresso de Hipertensão debate

Relação da Hipertensão com a Disfunção Eréctil

A relação entre a hipertensão e a disfunção eréctil vai ser um dos temas em destaque no 8º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global que tem início no próximo dia 20 de Fevereiro.

A hipertensão e a disfunção eréctil têm elevada prevalência em Portugal e, existe, segundo Fernando Pinto, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão “uma relação entre as duas doenças, uma vez que ambas são marcadores de doença arteriosclerótica”.

A hipertensão arterial, que afecta 42% dos portugueses, coexiste frequentemente com outros factores de risco que potenciam o aparecimento de outras doenças em todo o sistema arterial, levando por vezes à morte, pelo que o seu diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para prevenir e/ou minorar estas consequências. “Já a disfunção eréctil é muitas vezes um primeiro sinal de que já existe doença generalizada do sistema arterial”, alerta o especialista, sublinhando a importância de um correcto tratamento, também para evitar o agravamento de outros factores de risco.

O 8º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global vai dedicar especial atenção a esta relação, com uma mesa redonda de especialistas, uma vez que ambas as doenças partilham de vários pontos em comum.

A prevalência da hipertensão mantém-se praticamente ao mesmo nível do último estudo feito em 2003 (42,1%), coordenado pelo Prof. Espiga de Macedo. No entanto, os resultados do estudo PHYSA – Portuguese HYpertension and SAlt Study, realizado pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) em conjunto com a Universidade Fernando Pessoa, indicam que a percentagem de doentes em tratamento passou de 38,9% para 74,9%, e, em 2012, 42,6% dos doentes a serem tratados tinham a doença controlada. Ou seja, uma percentagem quatro vezes mais elevada do que há 10 anos.

“Uma década depois do primeiro estudo sobre a prevalência da hipertensão, verificamos com o PHYSA que existe mais e melhor conhecimento da doença, para além de uma maior preocupação da população”, comenta Fernando Pinto. O especialista considera que estes avanços se devem a três principais factores: “melhores médicos, mais bem formados e informados; melhores doentes, detentores de mais informação resultado das campanhas de sensibilização e, melhores fármacos, com menos efeitos adversos permitindo uma maior adesão ao tratamento”. Eram, aliás, os efeitos secundários dos medicamentos uma das principais razões do abandono do tratamento. Entre os efeitos colaterais mais frequentes estava a disfunção eréctil. “Actualmente, os novos fármacos anti-hipertensores são mais bem tolerados, com uma diminuição significativa dos efeitos secundários, mas também são mais eficazes com clara diminuição da morbilidade e mortalidade por acidente vascular cerebral, ainda a primeira causa de morte em Portugal”, explica o presidente ressalvando que ainda há muito a fazer.

A disfunção eréctil (anteriormente conhecida por impotência) é um problema comum que afecta cerca de 52% dos homens entre os 40 e os 70 anos e define-se pela incapacidade de atingir e/ou manter uma erecção suficiente para um desempenho sexual satisfatório. Por outras palavras, o pénis não fica suficientemente rígido (erecto) para permitir a penetração porque não chega sangue suficiente ao pénis, ou este não se mantém no pénis o tempo necessário para manter uma erecção.

“A disfunção eréctil é muitas vezes o primeiro marcador de que já existe doença vascular. Ou seja, é uma janela de alerta para a existência de artérias afectadas”, comenta Fernando Pinto.

 

Portuguese HYpertension and SAlt Study (PHYSA)

Os resultados do estudo Portuguese HYpertension and SAlt Study (PHYSA), apresentados o ano passado no mesmo evento, foram já aceites para publicação na revista da especialidade.

A hipertensão arterial é uma doença crónica, mas pode ser reversível. A maior parte dos doentes toma medicamentos, mas há casos em que é possível controlar a doença só com alterações de estilo de vida.

O estudo PHYSA conclui que mais de 42% dos portugueses sofrem de hipertensão, mas a proporção de doentes controlados quadruplicou na última década, data do primeiro estudo sobre prevalência da Hipertensão em Portugal.

A pressão arterial média também baixou, de 13/8 para 12/7 – os valores ideais são 120/80 mm Hg (milímetros de mercúrio); acima de 140/90 mm Hg já se considera estar numa situação de hipertensão.

O estudo incluiu a análise do consumo de sal e apesar de ter diminuído (é agora de 10,7 gramas por dia, em média, contra 12 g/dia, em 2005), ainda continua a ser quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (5,5 g/dia).

A amostra deste estudo foi constituída por 3720 pessoas, estratificadas por sexo, grupo etário e região, sendo, assim, representativa da realidade de Portugal continental.

Para além de medições múltiplas da pressão arterial efectuada por investigados treinados para o efeito, foi feito o cálculo do consumo de sal pelo doseamento de sódio na urina de 24 horas em mais de três mil amostras para se perceber a sua correlação com a hipertensão.

Verificou-se que a prevalência de hipertensão arterial não é igual em todo o território. No Alentejo é mais elevada, atingindo metade da população, enquanto no Norte é consideravelmente mais baixa (39,1%).

Este ano no 8º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global são revelados os resultados preliminares do mesmo estudo que analisa as questões genéticas.

Célia Figueiredo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.