Instituto de Higiene e Medicina Tropical

“Precisamos que os decisores políticos levem a sério a componente de implementação e gestão da mudança”

Arrancou o Primeiro Seminário “Partilhar Saúde” que reúne representantes de oito países lusófonos para lançarem em Portugal aquela que será a primeira Rede Lusófona de Cuidados Primários.

Perspectivada para funcionar através das ligações estabelecidas pelos investigadores e responsáveis dos diferentes países da rede de cooperação, a Rede Lusófona de Cuidados de Saúde Primários (CSP) visa a investigação e intervenção em áreas estratégicas como Organização e Recursos Humanos da Saúde, Sistemas de Informação, Telemedicina e Governação e Qualidade. São quatro os eixos estratégicos de desenvolvimento que são apresentados como parte deste projecto de cooperação que têm como base os Sistemas de Informação (SI).

Para Luis Lapão, Presidente da AGO, “o fraco conhecimento dos SI para a saúde e a ineficaz gestão de projectos continua a ser uma das principais razões para que estes falhem, sobretudo na fase de implementação onde o envolvimento dos profissionais de saúde é muitas vezes esquecido.”

Avaliando as questões de Governação e Qualidade nos CSP, a AGO considera que Portugal no final dos anos 1980 teve visionários para o desenvolvimento de um sistema de informação nacional, contudo ficou refém do isolamento e cometeu o erro de não envolver as Universidades no processo de desenvolvimento. «Precisamos que os decisores políticos levem a sério a componente de implementação e gestão da mudança, que são áreas do conhecimento sérias e que não podem ficar na mão de amadores» acrescenta o dirigente.

Sobre a complexidade dos serviços de CSP, a gestão da informação é apontada como algo que possui um elevado impacto na criação de valor, na medida em que não é possível desenvolver o trabalho de médico de família ou desenvolver, de forma sustentada, a reforma dos CSP sem que exista um sistema de informação de apoio aos serviços de saúde. Contudo Luis Lapão considera que «o uso de SI na saúde deviam ser devidamente validados por critérios técnicos de qualidade de software, de flexibilidade, de segurança, mas sobretudo de interoperabilidade e de uso fácil e efectivo pelos profissionais de saúde. As práticas de desenvolvimento e implementação dos SI são anacrónicas e pouco profissionais».

Os desafios da Cooperação em Saúde para o Futuro dos Povos, a capacitação de competências e Redes de Partilha, a Governação e Qualidade nos CSP e o potencial dos Sistemas de Informação foram alguns dos temas que estiveram em debate neste primeiro dia que antecede a apresentação deste projecto de Cooperação, que é lançado pela Associação para o Desenvolvimento e Cooperação Garcia de Orta (AGO), com o apoio do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as Políticas e Planeamento da Força de Trabalho em Saúde, envolvendo 8 países Lusófonos (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste).

Programa disponível em http://www.ago.com.pt/AGO_programa%20seminario.pdf

 

Fonte: 
Multicom
Nota: 
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