Trabalhadores denunciam

Linha Saúde 24 contrata enfermeiros com quatro dias de formação

Os trabalhadores da Linha Saúde 24 afirmaram que a empresa que gere este serviço vai substituir os 150 enfermeiros com anos de experiência que foram dispensados por cerca de 60 enfermeiros com uma formação de quatro dias.

Falando na Comissão Parlamentar de Saúde, a Comissão Informal de Trabalhadores da Linha Saúde 24 afirmou que a empresa administradora, a Linha de Cuidados de Saúde (LCS), se prepara para substituir enfermeiros com, em média, mais de quatro anos de experiência numa linha “muito específica e muito diferente de tudo o resto na área da enfermagem” por enfermeiros com uma formação de quatro dias.

“Não é possível garantir a qualidade nestes moldes, afirmou Márcia Silva, uma das enfermeiras.

“A nossa formação inicial é de pelo menos 12 semanas e não quatro dias e é necessário um mínimo de dois anos de experiência, que não é de atendimento telefónico, é de triagem”, acrescentou. As enfermeiras explicaram aos deputados que para um funcionário da linha estar perfeitamente autónomo no atendimento demora no mínimo seis meses e sublinharam a dificuldade que é atender pessoas “dos zero aos 100 anos, com doenças crónicas, com dificuldade na audição ou com dificuldade na percepção do que é perguntado”.

Márcia Silva questionou ainda como é que a empresa garante a qualidade do serviço se perdeu mais de 150 funcionários (cerca de um terço dos 400 em Lisboa e no Porto). “A empresa tinha 150 funcionários a mais só porque queria? Se tinha era porque precisava deles. Agora já não precisa?”, questionou a enfermeira, lembrando que ainda por cima foi anunciada recentemente a criação de uma linha especial para a gripe, à semelhança do que já tinha acontecido em 2009.

Segundo Márcia Silva, a empresa justifica-se com um número muito inferior de chamadas diárias que a linha recebe actualmente (3100) comparada com as que recebia em 2009 (8000).

Para os trabalhadores, esta diminuição para menos de metade do número de chamadas atendidas só se pode justificar precisamente com os despedimentos em curso e o número muito inferior de pessoas actualmente a trabalhar.

A empresa nega que haja chamadas perdidas - afirma Márcia Silva,”mas no dia 18 de Janeiro, o último a que tivemos acesso aos painéis das chamadas, houve mil chamadas perdidas”.

 

Direcção-Geral da Saúde e Ordem dos Enfermeiros analisam situação

A Direcção-Geral da Saúde e a Ordem dos Enfermeiros analisaram hoje, em conjunto, a situação vivida no centro de atendimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), conhecido como Linha de Saúde 24 e emitiram o seguinte comunicado:

1. A Direcção-Geral da Saúde e a Ordem dos Enfermeiros partilham as mesmas preocupações relativamente à qualidade do atendimento e reconhecem, não só a importância da Linha de Saúde 24, como o valor que este serviço representa na melhoria do acesso e na adequação da prestação de cuidados no SNS – patente no elevado grau de satisfação manifestado pelos cidadãos.

2. A Direcção-Geral da Saúde assegurou à Ordem dos Enfermeiros que não se verificam alterações no padrão de atendimento das chamadas, nomeadamente no que refere à conformidade com os critérios de atendimento contratualmente previstos.

3. A Direcção-Geral da Saúde e a Ordem dos Enfermeiros assumem, no âmbito das suas atribuições, que os interesses do Estado e dos cidadãos serão sempre salvaguardados.

4. A Direcção-Geral da Saúde assegura que vai estar especialmente atenta à monitorização da execução e cumprimento do contrato, como garante da manutenção da qualidade da Linha de Saúde 24.

5. A Ordem dos Enfermeiros continuará a acompanhar atentamente esta situação, esperando que as dificuldades sejam rapidamente ultrapassadas.

Fonte: 
Público Online
DGS
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
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