Em 2013

Incidência de tuberculose em Portugal é das mais baixas de sempre

Especialistas e sociedade civil juntam-se para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose. No mesmo dia a Direcção-Geral da Saúde divulga os dados de 2013 relativos à tuberculose em Portugal.

No dia em que se assinalou a descoberta do bacilo que causa a doença (24 de Março), a Direcção-Geral da Saúde (DGS) revelou os dados de 2013 relativos à tuberculose em Portugal. Assim, segundo a coordenadora do Centro de Tuberculose, Raquel Duarte, Portugal registou 2.142 novos casos de tuberculose em 2013, menos 257 do que no ano anterior, o que coloca Portugal “à beira de um momento histórico” da doença.

Ainda segundo os dados da DGS, foram no ano passado, em Portugal, notificados 2.292 casos de tuberculose, dos quais 2.142 foram novos casos. Isto significa que apresentamos uma taxa de incidência de 20,4 por 100 mil habitantes. Dos casos notificados, 1.602 (70%) eram pulmonares, ou seja, a forma contagiosa e que transmite a doença na comunidade.

Uma outra novidade nos dados apresentados é que a população dos 25 aos 40 anos deixou de ser a mais afectada, para se registar nos adultos acima dessa idade. Lembrar que em 2000 Portugal registou mais de 4 mil novos casos de tuberculose, sendo na sua maioria doentes com idade entre os 25 e 40anos.

Contudo, Conceição Gomes, presidente da Associação Nacional da Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR) deixou o alerta: “temos diminuído a incidência dos casos, a taxa de cura é de 85% mas temos que melhorar e não podemos baixar os braços”. A especialista falava num encontro que assinalou o Dia Mundial da Tuberculose, onde se debateu O Papel da Sociedade Civil na Luta contra a Tuberculose.

Teles de Araújo, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, apresentou uma retrospectiva do que tem sido ao longo dos séculos a luta contra a tuberculose e o envolvimento da sociedade civil através de diferentes iniciativas. O especialista lembrou que em 1930, 10% dos óbitos que ocorreram em Portugal deveram-se à tuberculose, situação que viria a diminuir ao longo dos anos com a melhoria das medidas de saúde pública e com a obrigatoriedade de declaração dos casos de tuberculose. Porém, Teles de Araújo lembra que “mesmo com a chegada da antibioterapia a Portugal (em 1946) e apesar dos avanços científicos e sociais a incidência da tuberculose em Portugal continuava a ser das mais altas na Europa”, e acrescenta que, “ainda no século XXI a doença continuava a ser um problema de saúde pública e permanecia uma ameaça global”.

 

Relação da tuberculose e a diabetes

“Não sabemos qual a percentagem de risco dos doentes com diabetes terem tuberculose latente, mas sabemos que a probabilidade é particularmente maior nos doentes insulino-dependentes”, afirmou Ana Filipa Lopes, endocrinologista da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) durante o mesmo encontro, onde se fez o paralelismo entre a diabetes e a tuberculose. A especialista chamou a atenção para a importância de se rastrear a diabetes em doentes com tuberculose e vice-versa, como aliás já é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ana Filipa Lopes realçou a elevada incidência das duas doenças a nível mundial, e ambas com tendências crescentes.

Sabendo-se que o sistema imunitário deficitário pode potenciar o desenvolvimento de tuberculose, foi também apresentada a importância da alimentação, e de alguns alimentos em particular, na manutenção de uma imunidade elevada. Ana Raimundo, dietista da APDP assinalou que “é possível aumentar as defesas do organizamos através de uma nutrição adequada”, sublinhando que “são vários os factores que podem influenciar a diminuição dessa imunidade, como o stress, a poluição, alguns medicamentos, mas também um deficit de nutrientes”.

 

Célia Figueiredo
Nota: 
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