19 de Março - Dia Nacional dos Alcoólicos Anónimos

Falta prevenção e técnicos para tratar alcoolismo

O presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia mostra-se preocupado com a resposta dada aos doentes alcoólicos, alertando que falta intervir na área da prevenção e na preparação de técnicos para trabalhar nesta área.

“As nossas preocupações em termos de Sociedade Portuguesa de Alcoologia, para além do aspecto do tratamento e do reconhecimento do doente, que para nós é fundamental, é a expectativa de que aumente a resposta a estes doentes, estamos preocupados com isso”, disse Augusto Pinto, presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia (SPA).

Na véspera do Dia Nacional dos Alcoólicos Anónimos, Augusto Pinto explicou que inicialmente os doentes alcoólicos eram tratados em centros regionais de alcoologia, locais onde também eram formados técnicos de saúde e educação, “com um papel importante não só no diagnóstico cada vez mais precoce, mas também no apoio e suporte destes doentes ao longo da vida, já que se trata de uma doença crónica”.

No entanto, segundo Augusto Pinto, quando estes centros passaram a integrar o Instituto da Droga, os serviços passaram a ser “basicamente tratamentos de recuperação, perdendo-se a capacidade de intervenção fora dos serviços”. Augusto Pinto alerta que as mudanças nos últimos anos levaram a que não estejam a ser preparados técnicos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos vocacionados nesta área “muito específica”.

 

Crise agrava consumos

“Aquilo que verificámos em estudos e padrões de consumo é que tem havido um aumento progressivo do consumo de bebidas destiladas. Mesmo no caso dos jovens, são as bebidas mais consumidas”, explica o médico.

De acordo com o presidente da Sociedade, a crise que se vive actualmente no país “pode efectivamente agravar os consumos” e ao mesmo tempo levar “a consumos mais perigosos”, acrescentando que a capacidade de desenvolver doenças “é mais grave nas bebidas destiladas”, comparando com a ingestão de vinho.

“Sendo ambas portadoras de álcool, a quantidade é maior nas destiladas, o que faz prever uma redução do tempo necessário para chegar à doença”, alerta Augusto Pinto, avançando que são necessários dez anos de consumo “elevado, habitual, regular e excessivo” para chegar à dependência, mas, caso as bebidas destiladas sejam consumidas regularmente, a dependência surge mais cedo.

“Eu diria que a crise pode efectivamente agravar os consumos e pode levar a consumos mais perigosos. As consequências orgânicas e a capacidade de desenvolver doenças é mais grave nas bebidas destiladas do que em alguém que consume vinho ou aguardente. Sendo ambas portadoras de álcool a quantidade é maior nas destiladas”, frisa o especialista.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Sapo Saúde
Nota: 
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