Hospital Amadora-Sintra

Bloco insiste com inquérito a morte de doente

Investigação do próprio hospital concluiu que não houve negligência ou má prática em caso de doente que esperou seis horas e morreu. Mas o Bloco de Esquerda insiste num inquérito independente feito pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

O Bloco de Esquerda (BE) insistiu com o Ministério da Saúde no sentido de a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abrir um inquérito à morte de uma doente nas urgências do Hospital Amadora-Sintra, após mais de seis horas de espera. As averiguações internas daquela instituição concluíram que não houve negligência ou má prática no caso, mas o partido quer uma investigação independente.

O caso remonta a 25 de Novembro de 2013 e foi relatado pela primeira vez em Janeiro, numa comissão parlamentar de Saúde, que contou com a presença do ministro Paulo Macedo. Na altura, o deputado bloquista João Semedo contou que uma mulher, de 67 anos, deu entrada nas urgências do Hospital Fernando da Fonseca (conhecido como Amadora-Sintra) e acabou por morrer seis horas depois com uma paragem cardiorrespiratória, quando começava a ser atendida. Na triagem de Manchester foi-lhe a atribuída uma pulseira de cor amarela, a que deve corresponder um tempo máximo de atendimento de uma hora.

O Bloco de Esquerda endereçou uma pergunta ao Ministério da Saúde sobre o caso. Em resposta, a tutela adiantou que “face ao resultado das averiguações realizadas pelo próprio hospital, no âmbito das quais não terão sido encontradas evidências de dolo, negligência ou má prática profissional atribuível a qualquer dos intervenientes, encontra-se em análise um pedido de inquérito junto da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde”.

O gabinete de Paulo Macedo disse, ainda, que nem a doente nem o marido terão dito durante a triagem que a mulher já tinha tido uma síncope em casa, referindo apenas a dor lombar, “o que naturalmente poderá ter influenciado o percurso” nas urgências. De acordo com as informações do hospital, “ter-se-á verificado um pico de afluência, entre as 8h e as 0h, com 364 doentes ‘em circulação’, o que terá ocasionado um tempo de espera acima do preconizado para a prioridade amarela”.

Porém, para o BE o caso merece uma investigação tutelada pela própria IGAS, justificando o partido que “o Hospital Amadora-Sintra é, evidentemente, parte interessada neste inquérito, estando a agir como juiz em causa própria, pelo que é fundamental garantir a realização de um inquérito por parte de uma entidade independente”.

Por isso, os deputados João Semedo e Helena Pinto endereçaram uma nova pergunta ao Ministério da Saúde, onde também contrapõem os números relacionados com o pico na urgência. “Não é claro o que se pretende dizer com doentes ‘em circulação’ mas é certo que este número não corresponde a qualquer pico, como falsamente o conselho de administração quer fazer crer. De facto, a média de doentes na urgência no Hospital Amadora-Sintra em 2013 foi de 728 utentes por dia”, lê-se na pergunta.

O partido, depois de Paulo Macedo ter dito na comissão parlamentar de Saúde de 30 de Abril que a Entidade Reguladora da Saúde também foi chamada a olhar para este caso, reitera que quer conhecer o sentido da sua pronúncia e insiste em saber se a IGAS vai ou não efectuar um inquérito.

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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