“Não se deve analisar dados isoladamente, principalmente, quando se trata de cérebro”

Videojogos: afinal, fazem bem ou mal ao cérebro?

Atualizado: 
22/01/2024 - 10:17
Os videojogos são uma das formas mais populares de entretenimento entre os jovens, mas com a facilidade de acesso a aparelhos eletrónicos e internet, aos poucos, eles passaram de ser uma diversão periódica para se tornar uma rotina, o que gerou diversas dúvidas sobre o impacto do seu uso no cérebro.

De acordo com neurocientista, especialista em genómica e membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, Fabiano de Abreu Agrela, jogar videojogos não deve ser visto totalmente como negativo, nem totalmente como positivo.

“Os videojogos podem sim gerar inúmeros malefícios para o desenvolvimento cerebral, inclusive quando é usado em idades precoces, mas também pode fazer o caminho contrário e ajudar no desenvolvimento cognitivo. Isso depende de diversas variáveis, como o tempo de uso, a idade do jogador, o tipo de jogo, entre outros”.

O impacto dos videojogos no cérebro

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Szeged, na Hungria, e publicado na revista científica “neuroscience”, o uso de videojogos 3D aumenta o volume da parte direita do hipocampo, o que poderia ajudar em habilidades de aprendizagem e memória. 

No entanto, outros estudos também demonstram problemas de déficit de atenção, inteligência emocional, vícios, prejuízos de sono e desenvolvimento cerebral, efeitos que poderiam se manifestar de forma mais intensa em crianças e adolescentes.

O que está por trás do uso de videojogos?

Antes de entender os reais impactos dos videojogos no cérebro é preciso ir mais a fundo e entender o porquê de eles serem tão atrativos, algo que se pode dever tanto à forma como são pensados, como à genética, explica Fabiano de Abreu.

“Uma grande parcela do que torna os videojogos tão viciantes é a sua formulação ser pensada para isso, para cativar o jogador de forma lúdica, o que afeta mais fortemente crianças. Mas, também há raízes genéticas, como reforça um estudo publicado na revista científica ACAMH, que analisou gémeos e o uso de videojogos e chegou à conclusão de que fatores genéticos estão por trás do jogo em excesso”, afirma.

Hérois ou vilões?

"Quando se trata de ciência nada é tão simples quanto um sim ou não, ou um bom ou mau. Nunca se deve analisar dados isoladamente, principalmente quando se trata do cérebro. Neste caso, existem indicativos tanto de benefícios, quanto de malefícios dos videojogos e ambos estão corretos, mas o que define se o impacto do uso dessa tecnologia será bom ou mau são vários fatores”.

“O tipo de jogo e sua compatibilidade com a idade do jogador, o tempo e a frequência com que se joga, se essa atividade é feita sozinho ou em grupo, e etc., o videojogo pode tanto estimular o desenvolvimento de memória, cognição e raciocínio, quanto reduzir essas habilidades. Tudo depende da forma como ele é utilizado”, ressalta Fabiano de Abreu.

 
Fonte: 
MF Press Global
Nota: 
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Foto: 
Pixabay