Redução da mortalidade e morbilidade

Vacinas: uma história de sucesso

Atualizado: 
28/09/2020 - 12:25
As vacinas são responsáveis pela redução da mortalidade e pelo aumento da esperança de vida. A história das vacinas é uma história de sucesso.

O tema vacinas começa a dar os seus primeiros passos no sec. XVIII.

Em 1798, Edward Jenner foi reconhecido pela comunidade científica como tendo descoberto a vacina para a varíola. Já em 1885 é descoberta a vacina para a raiva por Louis Pasteur. E começa a caminhada de descoberta de várias vacinas.

As vacinas têm por objetivo dar proteção contra determinada doença através da estimulação de uma resposta imunológica desencadeada pelo corpo que a recebe, criando uma memória imunológica. As vacinas são preparadas de vírus ou bactérias, em fragmentos ou inteiros, mortos, atenuados ou inativados. Após a vacina estar a conferir imunidade, mesmo que o nosso corpo entre em contacto com a doença, não desenvolve a doença e está protegido. Podemos dizer que as vacinas são um conjunto de antigénios que confere prevenção individual e em grupo sobre determinada doença.

A história das vacinas é, de facto, uma história de sucesso.

A introdução de um esquema vacinal na idade pediátrica fez reduzir a mortalidade infantil, visto que muitas crianças morriam com doenças infeciosas.

Quando se consegue vacinar em massa assiste-se a uma redução da mortalidade e morbilidade sobre determinada doença. E nos focos não vacinados não assistimos a uma gravidade tão intensa da doença.

Um excelente exemplo da eficácia da vacinação foi a varíola, em que a sua erradicação foi confirmada pela OMS a 8 de maio de 1980.

Outro excelente exemplo foi a notificação do último caso de poliomielite na Europa em 1998.

Mas se olharmos para o nosso país, quando atingimos uma taxa de cobertura vacinal superior a 90% temos a capacidade de eliminar algumas doenças como a difteria, o sarampo, a poliomielite, o tétano neonatal e ainda reduzir a incidência de rubéola congénita, a parotidite endêmica, tosse convulsa,

O Plano Nacional de Vacinação foi implementado em 1965

O Plano Nacional de Vacinação (PNV) é gratuito, acessível a todas as pessoas e é composto por um conjunto de vacinas que são eficazes e seguras, com benefícios evidentes para a população global, para o próprio e para a saúde publica. Pretende-se que a vacinação seja assim o mais abrangente possível, porque só conseguimos modificar o curso de uma doença quando adquirimos uma imunidade de grupo, logo quase toda a população tem que estar vacinada. Os esquemas de vacinação estão também adequados à faixa etária.

Existe uma Comissão Técnica de Vacinação (CTV) que está atenta à evolução das doenças e suas modificações, a sua distribuição no nosso país, as características da população, a disponibilidade das vacinas existentes, a descoberta de novas vacinas para outras doenças, a identificação de esquemas em que as vacinas se possam conjugar numa inoculação conjunta. Essa CTV propõe mudanças adequadas do PNV, para que o mesmo seja atualizado, com maior eficácia e maior aplicabilidade.

A atualização do PNV é da responsabilidade da DGS.

SARS –CoV-2: travar o vírus com vacina eficaz

Atualmente vivemos uma pandemia a nível mundial onde percebemos a incapacidade que temos em travar o vírus SARS –CoV-2.

Diariamente assistimos a um número crescente de pessoas infetadas e também um elevado número de mortalidade. A acrescer a este problema sabemos que existe um grande número de infetados que são assintomáticos, o que significa que estão a transmitir o vírus de forma silenciosa, mas que podem causar doença grave noutras pessoas.

Assim, todos esperamos uma vacina como única solução de resposta a esta pandemia.

A aceitação de uma vacina é potenciada pela informação obtida pelo público e fornecida pelos profissionais de saúde e pelas campanhas implementadas. Diariamente os meios de informação ajudam a aumentarmos expectativas nesta procura incessante pela vacina para a doença Covid.

Normalmente uma vacina para ser produzida passa por um longo percurso de avaliação, que se inicia primariamente no laboratório e posteriormente em animais. Ao passar esta primeira etapa começam os ensaios em humanos, que se dividem em 3 etapas: I, II e III. Estas 3 fases decorrem durante vários anos e distinguem-se pelo número de pessoas abrangidas, que vai aumentado sucessivamente e pressupõem que temos sempre validada a fase anterior o que permite avançar para a fase seguinte. Num último estádio, a vacina é aplicada na comunidade e ainda assim os testes de segurança e vigilância continuam.

De uma forma global podemos generalizar que as vacinas que se encontram comercializadas e no PNV têm segurança comprovada bem como eficácia garantidas.

Neste momento assistimos a um acelerar temporal de ensaios clínicos referentes à vacina Covid, visto a intenção ser parar esta pandemia. No entanto, não podemos esquecer a segurança! Existem esforços gigantescos e uma comunidade científica a trabalhar num esforço comum.

Autor: 
Dra. Patrícia Maia - médica de medicina geral e familiar
coordenadora da Unidade de Medicina geral e Familiar do Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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