Dermatologia

Urticária induzida pelo frio: sintomas e tratamento

Atualizado: 
21/02/2024 - 06:07
Sabia que a alergia ao frio existe, embora seja considerada uma condição rara? Numa altura em que as temperaturas baixas se fazem sentir, a especialista em dermatologia, Leonor Girão, explica o que precisamos saber sobre esta reação cutânea.

Em que consiste a urticária ao frio?

A urticária é uma reação cutânea característica em que aparecem na pele (e por vezes mucosas) manchas e pápulas rosadas, eritematosas, com relevo (edema), de bordo bem definido, irregular, pruriginosas (dão comichão), como resultado de um estímulo da pele; neste caso, em resultado de contacto com o frio ou substâncias frias.

É considerada uma doença rara? Qual a sua incidência?

A reação de urticária em geral é bastante frequente e na maioria das vezes transitória. Os casos específicos de urticária resultante do frio são bastante mais raros.

É uma patologia que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do sexo ou idade?

Sim. É uma reação anómala (por ser exagerada) a um estímulo pelo que não está ligada ao sexo ou idade. Digamos que é mais frequente em idades mais jovens tal como a maior parte das alergias inespecíficas. Há também formas raríssimas de urticária ao frio que são hereditárias.

Quais os principais sintomas? Que riscos apresenta e quais as principais complicações?

O principal sintoma é o prurido (comichão). Como sinais o doente refere o aparecimento de manchas e pápulas com aspeto semelhante a casca de laranja devido ao edema, espalhadas pelo corpo ou em relação com a área exposta ao frio, poucos minutos após a exposição ao frio. Desaparecem após algumas horas (1-2 horas) podendo aparecer noutras áreas do corpo. Esta reação pode ser transitória (demorar semanas) ou tornar-se crónica e persistir durante anos.

Quando existe uma reação mais grave, em que o edema não se limita à superfície da pele, mas também atinge mucosas e outros órgãos (pulmões, laringe, intestinos) pode acompanhar-se de dificuldade respiratória, cólicas, náuseas e mesmo originar colapso circulatório com desmaio, perda de conhecimento e morte.

Tem uma causa conhecida? O que a provoca?

As urticárias são reações anómalas a diferentes estímulos – alimentos, plantas, medicamentos, pressão, exercício, calor, frio – em que o estímulo faz com que um tipo de células que existem no sangue (mastócitos) libertem uma substância (a histamina) em circulação e essa substância provoca as reações observadas.  Por vezes não se identifica o estímulo desencadeante. Neste caso, o estímulo é o frio (objetos frios, gelo, água fria, …).

Como é feito o seu diagnóstico?

A história clínica é muito evidente, mas pode ser comprovado facilmente colocando um cubo de gelo em contacto com a pele aparecem as pápulas edematosas e eritematosas poucos minutos depois.

A urticária ao frio tem cura?

Na maioria dos casos é possível controlar com medicamentos e acabam por se ir tornando menos intensas e desaparecer. São raros os casos de urticária que persistem para além de 3 anos. Mas nos casos graves de reação intensa isso pode acontecer. Terá que se manter medicação e cuidados por mais tempo.

Qual o tratamento?

O tratamento passa por 1º tentar não expor a pele ao frio intenso (uso de luvas, gorros, roupa), não banhar em água fria, não ingerir alimentos/líquido gelados, não estar em contacto direto com superfícies frias (a roupa é um bom ajudante) e 2º pela toma de medicamentos anti-histamínicos receitados pelo médico. Por vezes é necessário fazer mais do que um medicamento e em doses elevadas.

Que cuidados deve ter quem sofre da patologia?

Ser criativo e arranjar estratégias de proteção da pele em relação ao frio.

 

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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