Conheça uma relação perigosa

Tromboembolismo Venoso e doença oncológica

Atualizado: 
22/01/2020 - 17:23
A trombose é a segunda principal causa de morte em doentes com cancro, estimando-se que o risco de sofrer um evento tromboembólico é 4 a 7 vezes superior ao do resto da população.
Doente oncológica com lenço na cabeça

Frequentemente assintomático, o tromboembolismo venoso, caracterizado pela trombose venosa profunda e a sua maior complicação, a embolia pulmonar, é ainda uma entidade clínica “negligenciada”. É que, embora seja fatal, pouco são os que lhe reconhecem os sinais ou compreendem os seus riscos.

Segundo o Grupo de Estudos de Cancro e Trombose, o tromboembolismo venoso resulta da formação de coágulos de sangue nas veias, levando ao seu entupimento e impedindo que o sangue circule normalmente. Se estes coágulos chegarem ao coração, pulmão ou cérebro, o desfecho pode ser fatal. Entre os principais grupos de risco ao desenvolvimento de TEV encontram-se os doentes oncológicos.

De acordo com Sérgio Barroso, médico oncologista e presidente do GESCAT, “a doença oncológica constitui um fator de risco independente e relevante para o tromboembolismo venoso, fundamentalmente porque altera o normal equilíbrio do sistema de coagulação do organismo, desviando-o no sentido «pró-coagulante» ”.

Hoje em dia, o diagnóstico de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar - as entidades clínicas que caracterizam o tromboembolismo venoso -, é realizado em cerca de 20% de todos os doentes com cancro, o que faz desta uma entidade cada vez mais prevalente a ponto de se estimar que “cerca de 1/5 de todos os doentes oncológicos sofram de TEV durante a evolução da sua doença”.

Por outro lado, sabe-se que o risco de recorrência destes eventos nos doentes com cancro é bastante elevado, além de incorrerem ainda em importantes complicações hemorrágicas.

É importante referir que os doentes oncológicos têm, frequentemente, uma variedade de fatores de risco para sofrerem um evento tromboembólico, sendo que estes podem estar relacionados com o próprio doente (a idade, trombofilia ou obesidade); com o tumor (estadio, histologia, local primário ou existência de metástases) e/ou com o tratamento.

As heparinas de baixo peso molecular (HBPM) são consideradas o tratamento de primeira linha para esta população de doentes, devendo ser administradas em monoterapia entre três a seis meses.

A que sinais devemos estar atentos?

Trombose venosa profunda pode ocorrer der uma forma assintomática e manifestar-se unicamente quando o doente sofre um episódio fatal.

Contudo, tal como esclarece o cirurgião vascular, Pereira Albino, “normalmente tudo começa com uma trombose venosa profunda, ou seja, uma perna que subitamente aparece inchada com dor e com dificuldade de marcha”.

A dor pode existir apenas de pé ou ao caminhar, a perna pode endurecer e apresentar uma temperatura fora do normal (estar mais quente). Podem ainda ocorrer mudanças de cor da pele na perna afetada. 

Artigos relacionados

Tromboembolismo Venoso mata mais que o cancro

Internamentos e cirurgias são uma causa prevenível de tromboembolismo venoso

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock