Novo estudo revela evidências sobre propriedades cardioprotectoras e anti-inflamatórias

O selénio protege-nos, mas não obtemos o suficiente

Atualizado: 
08/06/2022 - 12:41
Um novo estudo holandês revela evidências sobre as propriedades cardioprotetoras e anti-inflamatórias do selénio. Ainda assim, os europeus estão a obter níveis inferiores aos ideais deste micronutriente fundamental. A questão é: podemos obter ainda mais benefícios para a saúde ao aumentarmos a nossa ingestão diária?

O número de estudos científicos que sustentam os benefícios do selénio na saúde está constantemente a aumentar, e um novo estudo holandês1 acaba de fornecer mais documentação. Neste estudo, os investigadores da Universidade de Groningen, na Holanda, demonstraram que os participantes com níveis mais elevados de selénio no sangue, tinham um risco menor de desenvolver e morrer de insuficiência cardíaca. Além disso, tinham níveis mais baixos de proteína C-reactiva, um marcador biológico muito utilizado para detetar inflamação no organismo.

Os benefícios eram claros apenas entre os não fumadores. O estudo, chamado PREVEND, publicado no European Journal of Heart Failure, apoia investigações anteriores, salientando a função-chave do selénio na proteção do coração e do sistema cardiovascular.

Os fumadores têm níveis de selénio mais baixos

O estudo PREVEND foi realizado com cerca de 6.000 participantes, homens e mulheres saudáveis, cuja a média de idade rondava os 53 anos. Foram feitas várias observações interessantes, entre elas que os níveis de selénio nos participantes não fumadores tendiam a ser mais elevados comparativamente com os fumadores.

Os cientistas acreditam que poderia estar relacionado com o facto de o fumo dos cigarros conter metais pesados tóxicos, como o arsénico, que interagem quimicamente com o selénio. O arsénico afeta a síntese e expressão das selenoproteínas e aumenta a eliminação do selénio através do trato gastrointestinal.

Necessidades aumentadas nos europeus

Os cientistas holandeses descobriram que os níveis médios de selénio no sangue dos participantes eram de 84,6 microgramas por litro, o que está próximo dos níveis médios de selénio encontrados em toda a Europa. Contudo, de acordo com um estudo2 publicado no American Journal of Clinical Nutrition em 2010, é necessário um status médio de selénio de cerca de 120 mcg/L para se atingir a saturação total da selenoproteína P.

Esta selenoproteína específica é a principal portadora de selénio para os diferentes tecidos do corpo e é, portanto, utilizada como indicador de uma ingestão adequada de selénio.

100 microgramas por dia

Onde ficamos? Bem, se olharmos para o estudo holandês, revela que as pessoas com níveis mais elevados de selénio no sangue têm menor mortalidade, menor risco de doenças cardíacas, e menos inflamação no organismo. No entanto, é possível melhorar.
O estudo de 2010 destacou que para se atingir um status de selénio ideal, aproximadamente os 120 mcg/L, é necessário associar a ingestão diária de selénio a partir de alimentos a um suplemento com 100 microgramas de levedura enriquecida com selénio.

Taxa de mortalidade cardiovascular 54% inferior

Outro bom exemplo é o estudo sueco KiSel-10 que envolveu idosos saudáveis, aos quais foi atribuído aleatoriamente um suplemento diário com 200 microgramas de levedura de selénio (SelenoPrecise) combinado com 200 mg de coenzima Q10, ou placebo (comprimidos e cápsulas sem ingrediente ativo).

Após cinco anos, a taxa de mortalidade cardiovascular no grupo de tratamento ativo tinha diminuído 54% em comparação com o grupo de placebo, e a função do músculo cardíaco dos participantes tinha melhorado significativamente.

Fontes:
1) “High selenium levels associate with reduced risk of mortality and new onset heart failure: data from PREVEND”, European Journal of Heart Failure (2022), doi:10.1002/ejhf.2405
2) “Establishing optimal selenium status: results of a randomized, double-blind, placebo-controlled trial.”, Am J Clin Nutr, 2010 Apr;91(4):923-31.
3) ”Cardiovascular mortality and N-terminal-proBNP reduced after combined selenium and coenzyme Q10 supplementation: a 5-year prospective randomized double-blind placebo-controlled trial among elderly Swedish citizens.”, Int J Cardiol. 2013 Sep 1;167(5):1860-6
 

Fonte: 
PharmaNord
Nota: 
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