Opinião

ASCO traz novidades sobre o cancro de mama metastático

Atualizado: 
10/07/2019 - 11:28
Um dos encontros internacionais mais importantes de oncologia do mundo, o congresso da Associação Americana de Oncologia Clínica (ASCO - sigla em inglês) acaba de fechar as suas portas em Chicago (EUA). E entre o que vimos, lemos e ouvimos ao longo de cinco dias chamaram-nos a atenção as novidades relacionadas com o cancro de mama metastático.

Uma doença problemática para a qual estão a surgir tratamentos cada vez mais eficazes e cuja solução vai passar (cada vez parece mais clara) pela oncologia de precisão e pelo uso da análise genómica para o diagnóstico e monitorização.

Entre as publicações que foram apresentadas em Chicago, podemos destacar o estudo Safirtor, do grupo francês Unicancer, desenvolvido para validar a utilidade clínica dos inibidores de mTORC1, através da análise da expressão da proteína p4EBP1, que está relacionada com um maior grau de malignidade em tumores de mama e de ovário. O estudo forneceu dados interessantes sobre a ativação deste biomarcador numa amostra metastática para prever o resultado em doentes (com ER +, HER2 negativo e MBC resistente a IA) tratados com uma combinação de everolimus e exemestane.

Esta técnica tem sido usada há algum tempo na Europa, embora agora tenha mais evidências clínicas. Por exemplo, a OncoDNA vem a realizar testes deste tipo desde 2016, usando técnicas de sequenciamento de última geração (NGS) e de imuno-histoquímica (IHQ). Os seus resultados forneceram informações extra para os oncologistas que os solicitaram, e isso ajudou-os a tomar melhores decisões sobre o tratamento que deveriam prescrever aos seus doentes com cancro de mama metastático.

Esta iniciativa envolve 60 hospitais de 12 países europeus, e entre eles estão alguns centros espanhóis, como o Instituto de Oncologia Vall d'Hebrón (Barcelona). O trabalho conjunto de todos eles já deu os seus primeiros frutos: dos primeiros 381 doentes, de um total planeado de 1.000, foram identificadas alterações moleculares presentes em excesso nas metástases, que podem estar correlacionadas com a disseminação do cancto e o aumento da resistência em tratamentos standard.

A equipa de investigação liderada pelo Dr. Philippe Aftimos, investigador principal e líder no desenvolvimento de ensaios clínicos no Instituto Jules Bordet, em Bruxelas (Bélgica), também estima que em quase 50% dos casos as alterações genómicas identificadas fornecem aos oncologistas informações adicionais úteis para os doentes. Como, por exemplo, que os seus casos sejam levados em conta ao selecionarem doentes para ensaios clínicos.

Todos eles são ótimos exemplos dos avanços que estão a acontecer na luta contra o cancro de mama metastático. São estes passos constantes, sempre para a frente, que servirão para controlar e estabilizar esta doença oncológica a médio prazo.

Dr. Jesús García-Foncillas - membro do Comité Científico da OncoDNA, e diretor do Instituto Oncológico do Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz

Nota: 
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