Cancro de pele

Incidência do Melanoma não para de aumentar

Atualizado: 
26/08/2020 - 10:40
O melanoma é um tumor maligno que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, o pigmento que dá cor à pele). É o tipo de cancro de pele mais agressivo, sendo responsável por mais de 75% das mortes por cancro de pele. A incidência do melanoma tem vindo a aumentar nas últimas décadas, na ordem dos 3-7% ao ano. Em Portugal, são diagnosticados anualmente cerca de 1000 novos casos de melanoma.

Fatores de risco para o melanoma

  1. Exposição excessiva a radiação ultravioleta (proveniente do sol, solários): é a principal causa do melanoma. Cerca de 95% dos casos de melanoma são atribuídos à exposição ultravioleta, tanto a cumulativa ao longo da vida como a intensa e intermitente. A ocorrência de 5 ou mais queimaduras solares prévias ("escaldões") entre os 15 e 20 anos aumenta o risco de melanoma em 80%.
  2. Características individuais: pele clara, com sardas; cabelo e olhos claros; pele que bronzeia pouco e queima facilmente.
  3. Presença de mais de 50 nevos ("sinais"), ou de nevos grandes ou atípicos.
  4. Imunossupressão (ex: doentes transplantados).
  5. História prévia de melanoma ou outro tipo de cancro de pele.
  6. História prévia de outros cancros (ex: cancro da mama, tiróide).
  7. Genética: algumas pessoas herdam genes que aumentam o risco de melanoma.
  8. História familiar de melanoma: 5 a 10%  dos doentes com melanoma têm familiares afetados pela doença; a existência de pelo menos um familiar afetado aumenta o risco em 2,2 vezes.

Apresentação clínica do melanoma

O melanoma surge mais frequentemente como uma lesão nova na pele (70% dos casos), embora também possa desenvolver-se a partir da transformação de um sinal pré-existente (30% dos casos).

O melanoma apresenta habitualmente crescimento muito rápido, e se não for tratado, pode espalhar-se rapidamente para outras partes do corpo, podendo provocar a morte.

O acrónimo "ABCDE" pode ser usado para lembrar as características clínicas do melanoma:

Assimetria: uma metade é diferente da outra metade

Bordo: bordo irregular

Cor: presença de múltiplas cores (diferentes tonalidades de castanho, preto e por vezes de vermelho, azul e branco).

Diâmetro: diâmetro superior a 6 mm

Evolução: alteração do tamanho, forma ou cor.

É importante salientar que nem todos os melanomas seguem as regras do ABCDE, e que existem sinais benignos que apresentam uma ou mais destas características.

Embora o melanoma seja muitas vezes assintomático, pode causar comichão ou dor.

Autoexame da pele

O autoexame da pele é uma das principais medidas que podem levar a uma deteção atempada do melanoma.

Durante a realização do autoexame, devem ser procurados os seguintes sinais de alarme:

Regra ABCDE (acima descrita)

Sinal com aparência diferente dos restantes (regra do "patinho feio")

Sinal que provoque ardor, comichão ou hemorragia

Se for encontrada na pele uma lesão suspeita, deve ser consultado de imediato o médico dermatologista.

Diagnóstico do melanoma

O diagnóstico começa pela observação clínica da totalidade da pele, complementada muitas vezes com a utilização do dermatoscópio (aparelho que fornece luz e amplia as lesões).

Perante uma lesão suspeita, o médico procede à remoção da mesma (ou parte dela), para ser analisada ao microscópio (exame histológico).

O exame histológico é indispensável para o diagnóstico definitivo de melanoma e determinação da sua gravidade (que depende da profundidade da lesão).

Tratamento do melanoma

O tratamento do melanoma depende principalmente do estadio da doença e do estado geral de saúde da pessoa. Em todos os casos, é realizada a remoção cirúrgica total da lesão com margens de segurança.

Nos melanomas que já tenham disseminado para outras partes do corpo, além da cirurgia, podem ser necessárias outras terapêuticas como a quimioterapia, imunoterapia e radioterapia.

Prevenção do melanoma

Uma vez que a radiação ultravioleta é o principal fator de risco no melanoma, a medida mais importante na sua prevenção é a proteção rigorosa da exposição excessiva (evitar as horas de maior exposição solar; utilizar chapéu, roupa protetora e protetor solar; não frequentar solários).

Prognóstico

O prognóstico do melanoma depende largamente do estadio em que é diagnosticado. Quando diagnosticado e tratado na fase inicial, está associado a uma taxa de sobrevida de 97% aos 5 anos, mas esta baixa para 10% no estadio mais avançado.

O diagnóstico precoce é fundamental e pode salvar a vida. A realização regular de autoexames à pele e avaliação periódica em consulta de Dermatologia são medidas importantes, recomendadas a todas as pessoas, que ajudam na deteção precoce do melanoma.

Autor: 
Dra. Helena Toda Brito - Dermatologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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