Mayo Clinic

Doença celíaca versus intolerância ao glúten: especialista explica a diferença

Atualizado: 
02/10/2023 - 14:50
Embora as opções de alimentos sem glúten estejam a aumentar, pode ser difícil tomar a decisão de incluir ou não o glúten na sua dieta. Para a maioria das pessoas, não há necessidade de eliminar completamente os alimentos que contêm glúten e não há benefícios comprovados na adoção desta prática, explica Sarmed Sami, gastroenterologista da Mayo Clinic Healthcare em Londres. Neste artigo o especialista, explica os pormenores e a diferença entre duas condições médicas relacionadas com o glúten: a doença celíaca e a intolerância ao glúten.

O glúten é uma proteína encontrada em grãos como o trigo, a cevada e o centeio. Na doença celíaca, a ingestão de glúten desencadeia uma reação autoimune que provoca danos nas células do intestino delgado. Esta reação pode causar diarreia, fadiga, perda de peso, inchaço, anemia e outros problemas que conduzem a complicações mais graves.

A intolerância ao glúten é mais comum, explica o especialista em gastrenterologia. Pode ser comparada à intolerância aos produtos lácteos, à cebola ou ao alho, acrescenta.

"Na intolerância ao glúten, não há danos celulares ou inflamação. É mais uma questão de sensibilidade: 'O glúten não é bom para mim'", explica Sarmed Sami. "Se uma pessoa come glúten e tem uma reação imediata, como diarreia, é mais provável que seja um caso de intolerância ao glúten do que de doença celíaca. A doença celíaca é um processo lento que, normalmente, não é sentido de imediato pela pessoa."

Um sinal de que uma pessoa tem intolerância ao glúten ou doença celíaca é indicado pela presença de um ou mais sintomas gastrointestinais, como diarreia, inchaço ou azia, que diminuem ou desaparecem se o glúten for removido da dieta, mas reaparecem se a pessoa começar a comer alimentos contendo glúten novamente, explica o médico. Se isto acontecer, é importante fazer um teste para confirmar se a pessoa tem uma doença celíaca mais grave, explica.

O tratamento da intolerância ao glúten pode ser tão simples como reduzir o consumo de alimentos que contêm glúten, em vez de os eliminar completamente, diz.

"Tudo depende do nível de intolerância. Algumas pessoas podem sentir-se bem se reduzirem a sua ingestão para metade, outras podem necessitar de uma maior redução", explica o especialista. "Isto é diferente da doença celíaca, em que a pessoa precisa de evitar completamente o glúten."

O diagnóstico da doença celíaca começa normalmente com uma análise ao sangue para determinar se o organismo trata o glúten como um invasor e se está a gerar níveis elevados de anticorpos para se proteger. Se a análise ao sangue for positiva, será efetuado um exame imagiológico chamado endoscopia para recolher amostras para uma biópsia e verificar se existem danos no intestino delgado.

"Normalmente, recomendamos que as pessoas não sigam uma dieta sem glúten se estiverem a ser testadas para a doença celíaca, uma vez que isso pode criar resultados falsos negativos nas análises ao sangue", explica.

Para a maioria dos doentes diagnosticados com doença celíaca, a eliminação do glúten mantém a doença sob controlo, garante. No entanto, sem um diagnóstico de doença celíaca, não há razão para eliminar o glúten.

"Não há provas que sugiram que uma dieta sem glúten seja mais saudável", diz. "Não se trata do glúten. Comer um biscoito, por exemplo, tem mais a ver com a gordura e o açúcar do biscoito do que com o glúten em si."

Fonte: 
Mayo Clinic
Nota: 
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