29 Setembro: Dia Mundial do Coração

Um Mundo, Um Lar, um Coração

Atualizado: 
07/10/2013 - 12:10
Apesar dos enormes progressos diagnósticos e terapêuticos que têm ocorrido nas últimas décadas, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de doença, morte e custos em saúde da população portuguesa.

A prevenção das doenças cardiovasculares deve assentar num estilo de vida que inclua uma alimentação saudável, actividade física regular e uma vida sem tabaco, o que por si só pode evitar a grande maioria de eventos cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

Em Portugal, de um total de 110.000 mortes anuais, ocorrem cerca de 40.000 óbitos por doenças cardiovasculares, dos quais 26.000 por acidente vascular cerebral e 10.000 por enfarte do miocárdio.

As doenças cardiovasculares só na mulher são responsáveis por mais de 22.000 óbitos por ano, devidos essencialmente ao acidente vascular cerebral e à cardiopatia isquémica. Na realidade, morrem mais 4000 mulheres que homens por ano, em Portugal, por doenças cardiovasculares, constituindo estas, ao contrário do que se pensa, a principal causa de morte das mulheres portuguesas. A título de exemplo, saliente-se que morrem, todos os anos, nove vezes mais mulheres por doenças cardiovasculares que por cancro da mama.

Por isso, existe necessidade de sensibilizar a mulher para a importância das doenças cardiovasculares, notadamente para a relação que existe entre os factores de risco, como o tabagismo, a hipertensão, o colesterol elevado, a diabetes e a patologia cardiovascular, bem como para a importância vital de um estilo de vida saudável e protector.

Nos últimos anos tem-se desenvolvido uma nova ameaça para a população portuguesa, em particular para os jovens, em resultado do abandono progressivo da nossa tradicional dieta mediterrânica, que está a ser substituída pela denominada “fast food”, alimentação rica em calorias, gorduras saturadas, sal e açúcares, e em contrapartida, pobre em fibra vegetal e micronutrientes essenciais.

O que está a acontecer, hoje em dia, é que a dieta mediterrânica é celebrada e consumida cada vez com maior entusiasmo nos países do Norte da Europa e nos Estados Unidos, enquanto entrou em declínio nos países do Mediterrâneo, o que não podemos deixar de lamentar vivamente. Daí os apelos da Fundação Portuguesa de Cardiologia para que a alimentação mediterrânica seja novamente adoptada em Portugal, não só como um acto de respeito pela nosso património cultural, mas também por ser uma opção inteligente e saudável.

Por outro lado, estudos recentes mostram que as crianças portuguesas são as segundas da Europa com mais excesso de peso e obesidade, o que leva a prever futuros problemas de saúde. Este drama da obesidade infantil é também explicado por outros estudos que mostram que a população portuguesa é a mais sedentária da Europa.

Esta epidemia de obesidade infantil, em desenvolvimento, arrisca desencadear uma constelação de factores de risco como a hipertensão arterial, o colesterol elevado e diabetes, que irão provocar complicações cardiovasculares, responsáveis por uma potencial futura redução de esperança de vida das novas gerações.

Não podemos continuar a ser os campeões da Europa, nomeadamente em inactividade física, hipertensão arterial, obesidade infantil e acidentes vasculares cerebrais. Os portugueses merecem o benefício do melhor que a ciência médica tem para oferecer neste novo século.

Fundação Portuguesa de Cardiologia, 29 de Setembro de 2012

Autor: 
Prof. Doutor Manuel Oliveira Carrageta
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde de A-Z não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.